A descida dos juros, o aumento da poupança e o incumprimento “contido” criam condições para que os fundos de investimento entrem em 2025 sem pressões de liquidez. Mas caso haja um choque por via de elevados resgates de capital, os fundos de investimento imobiliário sentiriam um “impacto mais intenso” do que o mercado de ações e a dívida pública, conclui a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Ao contrário do que aconteceu em 2023, os fundos de investimento imobiliário (FII) tiveram “subscrições líquidas positivas no acumulado do ano até outubro, embora em montante pouco expressivo (18 milhões de euros)”, começa por dizer a CMVM no relatório anual que analisa os riscos para o mercado financeiro português. Por seu turno, os fundos de investimento mobiliário (FIM) tiveram uma “relevante entrada de novos fluxos de capital” em 2024, acumulando subscrições líquidas de 692,6 milhões de euros nesse período.
Esta boa performance dos fundos de investimento em Portugal deixam-nos num bom patamar de liquidez para entrar no próximo ano. “A redução das taxas de juro, acrescida de um aumento da taxa de poupança das famílias e de níveis contidos de incumprimento neste setor, parecem, no seu conjunto, criar condições para que os fundos de investimento não sejam sujeitos a pressões de liquidez relevantes em 2025”, conclui o supervisor.
Mas como reagiriam os fundos de investimento a um cenário de elevados regastes de capital? Segundo a CMVM, os fundos imobiliários “teriam impactos mais intensos” que os fundos mobiliários, “na medida em que a quase totalidade dos imóveis em que os FII investem estão localizados em território nacional. Ademais, o ‘liquidity mismatch’ entre ativos e passivos dos FII é manifestamente superior ao dos FIM”, acrescenta.
Portanto, “mesmo perante um eventual cenário de movimentos de resgate nos FIM nacionais em 2025, o choque adverso para o mercado de capitais nacional, por via da alienação de ativos que os FIM possam ser forçados a fazer, continuaria a ser relativamente limitado. Isto porque os instrumentos financeiros nacionais (ações, dívida pública, dívida privada e unidades de participação) representavam, no final de outubro de 2024, 4% (ou 854 milhões de euros) da carteira dos FIM”, explica ainda no documento.
De qualquer forma, o supervisor liderado por Luís Laginha de Sousa diz que há medidas de gestão preventivas nos fundos de investimento imobiliário, como comissões e ‘janelas de resgate’, “que poderão fazer face a uma desmobilização de capital e permitir uma mais adequada gestão dessa liquidez pelas entidades gestoras desses fundos”. Além disso, a taxa de ocupação dos imóveis da carteira dos fundos imobiliários manteve-se “relativamente estável em 2024”, tal como no ano anterior.
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