Projeto visar responder à crise da habitação europeia. Portugal sofre de aumento de preços e falta de oferta de casas.
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Vista aérea do projeto da TDF
TDF
Cátia Colaço
Cátia Colaço (Colaborador do idealista news)

A União Europeia tem atravessado uma grave crise no seu mercado imobiliário ao longo desta última década, registando uma subida exponencial dos preços, com Portugal a evidenciar-se como epicentro da crise.

Só no primeiro trimestre deste ano, de acordo com os dados do Eurostat, os preços da habitação em Portugal subiram 16,3% face a período homólogo, enquanto a subida média da União Europeia (UE) se situou nos 5,7%. Mas a situação portuguesa agravou-se sobretudo nos últimos 15 anos, em que Portugal teve um crescimento no custo da habitação de 130%. Já na UE, os preços aumentaram 53% desde 2015.

Fatores como a escassez de oferta, o encarecimento dos materiais de construção e o forte investimento estrangeiro ajudam a explicar esta crise na habitação por toda a Europa que, segundo Samuel Delesque, cofundador da Traditional Dream Factory (TDF), “não é apenas económica, é social e ecológica”. 

E é para dar resposta a esta situação que a TDF avança com um modelo inovador, baseado em comunidades regenerativas que combinam habitação acessível, sustentabilidade e vida colaborativa.

Habitações de arquitetura bioclimática modular

O projeto, localizado na aldeia de Abela, no concelho de Santiago do Cacém, é a primeira ecovila regenerativa da Europa financiada por ‘tokens’. Trata-se da construção de um bairro de coabitação com 23 habitações, desenvolvido pela TDF em parceria com a Kinterra, especializada em soluções tecnológicas de habitação acessível em contextos rurais e periurbanos. 

Projetada pelo CRU atelier, um atelier de arquitetura português especializado em design sustentável, em colaboração com a promotora de habitação regenerativa Enklava, esta nova fase de desenvolvimento tem conclusão prevista para o final de 2026 e integrará infraestruturas partilhadas, como micro-redes energéticas, sistemas de captação de água e produção comunitária de alimentos e apostará na arquitetura bioclimática com materiais locais e de baixo impacto ambiental, na construção modular e na integração tecnológica através de sensores Smarthoods que monitorizam a água, a energia e a biodiversidade. Tudo isto será gerido através do painel Closer.

“O cohousing oferece mais do que um teto, oferece uma comunidade, resiliência partilhada e uma forma de viver acessível sem abrir mão da qualidade de vida”, sublinha, em comunicado, Samuel Delesque, acrescentando que “a TDF foi pensada como um laboratório vivo de resiliência, um espaço onde são testadas soluções para enfrentar a crise habitacional e climática ao mesmo tempo”.

Já Roy Duer, cofundador da Kinterra, afirma que o objetivo da empresa de soluções tecnológicas de habitação acessível passa por “criar um modelo que possa ser replicado em todo o mundo”.

O modelo que redefine a noção de propriedade

O modelo Web3 da TDF oferece uma abordagem que pretende otimizar recursos, reduzir o impacto ambiental e promover uma comunidade criativa e colaborativa. Nesta nova noção de propriedade, a terra pertence a uma associação do tipo Land Trust e os cidadãos possuem o direito de usufruto e têm a responsabilidade de cuidar do território. O grande objetivo passa por replicar este modelo noutras zonas do mundo, catalisando uma mudança para estilos de vida regenerativos.

A TDF associou-se à Village Portal, um coletivo norueguês especializado na promoção de coabitação e governança comunitária, para lançar um programa pioneiro de coabitação com a duração de seis meses. Este programa tem início já neste mês de outubro e inclui workshops online e presenciais para orientar os futuros residentes sobre modelos financeiros, acordos culturais e práticas de governança. 

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