O ouro valorizou, mais de 50% este ano, devido às compras dos bancos centrais e às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
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Reservas de ouro dos bancos centrais
Financial Times

Em todo o mundo, investidores – novos como experientes – estão a apressar-se para comprar ouro, depois de uma impressionante valorização de três anos impulsionada pelas compras dos bancos centrais, que despertou o interesse dos profissionais do setor financeiro e, também, do público em geral.

O ouro valorizou mais de 50% este ano, atingindo um recorde de 4.000 dólares (3.500 euros) por onça, o que o coloca a caminho de registar a sua melhor valorização desde 1979 – ano em que o metal precioso duplicou mais do que o valor devido ao medo da inflação. As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China esta semana deram ainda mais força à escalada.

O principal motor desta recuperação desde 2022 tem sido as compras recorde dos bancos centrais, sobretudo de países em desenvolvimento, que procuram diversificar as suas reservas e reduzir a dependência do dólar norte-americano.

Os especialistas atribuem este frenesim ao receio de um colapso financeiro global, enquanto crescem as vozes que se questionam sobre quando e como esta tendência poderá parar.

Alguns analistas apelidam este movimento de “comércio da desvalorização”, em que os investidores compram ouro como proteção de longo prazo contra as principais economias que permitem que a inflação aumente, corroendo assim o valor das obrigações do Estado.

Um dos fatores que poderia travar a subida do ouro seria se alguns bancos centrais começassem a vender parte das suas reservas. Como o ouro valorizou tão rapidamente, o seu peso relativo nas reservas internacionais também disparou.

Não é fácil determinar se o preço atual do ouro se encontra em níveis de bolha, já que, ao contrário das ações de uma empresa, o ouro não gera lucros nem fluxos de caixa que possam ser avaliados em relação ao seu custo. E, ao contrário das obrigações, não paga rendimentos que possam ser comparados com os de outros ativos financeiros.

Outro elemento que impulsionou o ouro este ano foi o aumento das expectativas de cortes nas taxas de juro, o que reduz o atrativo da dívida pública, mesmo num contexto de preocupações com a inflação.

De acordo com dados do Conselho Mundial do Ouro, a proporção de ouro nas reservas dos bancos centrais passou de 10% há uma década para cerca de 24% no final de junho.

Os bancos centrais de todo o mundo acumularam ouro de forma constante ao longo da última década e, excluindo a Reserva Federal, possuíam 29.998,4 toneladas no final de junho, segundo dados que incluem compras declaradas e não declaradas.

Aos preços atuais, significa que o valor das reservas oficiais de ouro fora dos Estados Unidos rondam os 3,93 biliões de dólares, ligeiramente acima dos 3,92 biliões de dólares correspondentes às posições estrangeiras em títulos do Tesouro norte-americano, incluindo letras, obrigações e notas.

O argumento mais otimista a favor do ouro reside na perda de credibilidade dos Estados Unidos na luta contra a inflação a longo prazo, o que também fragilizaria o dólar, já que os investidores antecipam taxas de juro demasiado baixas e uma desvalorização dos ativos.

Como a produção de ouro depende do que as empresas mineiras conseguem extrair, a oferta é inflexível a curto prazo e deverá manter-se praticamente estável nos próximos três anos.

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