Bancos centrais do Japão ao Canadá estão preocupados com desaceleração económica gerada pelas novas tarifas impostas por Trump.
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Bancos centrais reagem a guerra comercial com EUA
Donald Trump, presidente dos EUA Getty images | Freepik

Vários bancos centrais do mundo decidiram manter as suas taxas de juro de referência inalteradas nas últimas semanas, desde o Japão ao Canadá , passando também pelo Banco Central Europeu e pela Fed norte-americana. Por detrás desta decisão, há um ponto em comum: a incerteza gerada pela guerra comercial de tarifas iniciada por Donald Trump, presidente dos EUA.

Na semana passada, o BCE liderado por Christine Lagarde decidiu interromper o ciclo de descida dos seus juros diretoras, mantendo-os nos atuais níveis entre 2% e 2,4%. A justificar esta decisão está o controlo da inflação na zona euro em torno de 2%, bem como a fragilidade da economia europeia num enquadramento internacional desafiante, marcado recentemente pelo acordo entre a União Europeia e os EUA que impõe tarifas de 15% sobre os produtos europeus.

Este contexto incerto sobre a guerra comercial com os EUA levou outros bancos centrais do mundo a optar pela mesma estratégia de manutenção dos juros nos atuais níveis, uma medida que vai ao encontro das suas preocupações sobre a desaceleração das respetivas economias. São eles:

  • Reserva Federal dos EUA: apesar das pressões em sentido contrário por parte de Trump (em descer os juros), Jerome Powell, presidente do banco central norte-americano, voltou a deixar as taxas de juro inalteradas esta quarta-feira (dia 30 de julho), numa altura de incerteza sobre os impactos das tarifas norte-americanas na economia dos EUA;
  • Banco do Canadá: revelou também esta quarta-feira que vai manter as taxas de juro em 2,75%, pela terceira vez consecutiva, face ao “elevado grau de incerteza” provocado pela guerra tarifária com os EUA, que pode ter impacto sobre exportações, investimento empresarial, emprego e gastos das famílias. Washington e Otava não chegaram a acordo comercial, pelo que a partir de 1 de agosto as tarifas sobre as importações norte-americanas provenientes do Canadá aumentam de de 25% para 35%;
  • Banco do Japão: mantém juros de referência em 0,5%, prevendo uma desaceleração da economia enquanto se assimila o impacto real da guerra comercial com os EUA. O banco central japonês antecipa que o PIB retome uma trajetória de crescimento moderado à medida que a situação estabiliza, estimando um crescimento de 0,6% para 2025;
  • Banco Central do Brasil: decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano esta quinta-feira, interrompendo uma série de sete aumentos consecutivos, poucas horas após a imposição de uma tarifa de 50% pelos EUA certas importações brasileiras. 

Apesar da conjuntura internacional incerteza, houve bancos centrais que avançaram com cortes dos juros. Foi o caso do banco central russo, que reduziu as taxas de juro em dois pontos percentuais (p.p.) para 18%, na sequência de uma desaceleração da inflação e de críticas vindas de outros intervenientes económicos e do próprio Governo. Também em Moçambique a taxa de juro diretora somou o nono corte consecutivo e caiu para 10,25% (menos 75 pontos percentuais).

*Com Lusa

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