As baixas Euribor têm impacto direto na tua prestação da casa e há bancos que estão a propor aos clientes fixar a taxa do crédito à habitação. Cuidado porque esta não é uma boa solução no médio/largo prazo. Fica a saber tudo sobre este tema no artigo de hoje da Deco Alerta. Destinada a todos os consumidores em Portugal, esta rubrica semanal é assegurada pela Deco - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor para o idealista/news.
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O meu banco propôs-me uma alteração na taxa do crédito à habitação. Pretendem fixá-a e dizem-me que é vantajoso. Que conselhos me podem dar?
Caro leitor sabemos que há uma entidade bancária que está efetivamente a propor a alguns dos seus clientes mais antigos que fixem a taxa do crédito à habitação.
Contudo, fixar a taxa do crédito à habitação em contratos com spreads reduzidos durante cinco ou dez anos, tal como o teu banco está a propor-te, vai tornar os empréstimos mais caros e não é boa opção num momento em que a Euribor está em queda histórica. Consideramos que, nos termos em que é apresentada, a oferta é apenas uma forma de o banco aumentar a rentabilidade de produtos que, neste momento, dão pouco lucro à instituição.
O argumento é a antecipação de uma possível subida das taxas Euribor. Ou seja, passarias a pagar sempre a mesma prestação num prazo de cinco a dez anos. Quando este período terminar, o banco volta a aplicar as condições iniciais do crédito, nomeadamente o spread, mas com um importante senão: o indexante utilizado será sempre a Euribor a 12 meses, independentemente de o contrato inicial estipular uma Euribor a 3 ou a 6 meses.
Num empréstimo com um spread de 0,5%, associado à Euribor a 3 meses, por exemplo, o banco propõe alterar o contrato para uma taxa fixa de 1,1% por cinco anos, ou de 1,45% por dez anos. A taxa final de um crédito destes ronda, atualmente, os 0,198%, considerando as médias de setembro da Euribor.
Continuando a exemplificar - um crédito à habitação de 150 mil euros, a pagar em 30 anos- fixar a taxa representa mais 60,18 euros na prestação mensal. É certo que não se pode prever o futuro, mas, tendo em conta o atual contexto económico na zona euro e a evolução dos mercados de taxas de juro, não é expectável que os juros venham a subir nos próximos anos, de maneira a compensar esta diferença.
Os mercados de contratos futuros (instrumentos financeiros que permitem comprar ou vender, futuramente, determinado ativo a um determinado preço, fixado no presente) sobre taxas de juro apontam para que os valores da Euribor se mantenham negativos até ao final de 2020, pelo menos.
No entanto, se não lidas bem com as atualizações periódicas do valor da sua prestação, podes ver nesta proposta uma oportunidade de estar descansado durante alguns anos. Desde que estejas consciente de que vais acrescentar à sua mensalidade um valor extra significativo e que, no final, a opção poderá não ter compensado.
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