Euribor a 12 meses já está positiva e já se reflete nas prestações da casa. Descobre como nestes exemplos.
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Subida da Euribor
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Tudo mudou no início do ano: as taxas Euribor começaram a crescer, uma trajetória que aumentou de velocidade depois de eclodir a guerra na Ucrânia e disparar a inflação. Em resultado, a Euribor a 12 meses já está positiva e aproxima-se dos 0,5%. E a Euribor a 6 meses está cada vez mais perto de atingir o terreno positivo. Esta subida das taxas Euribor vai afetar as famílias que têm créditos habitação de taxa variável, aumentando os juros a pagar nas prestações da casa e reduzindo o desconto nos spreads. Mas quanto podem subir as prestações da casa? Várias dezenas de euros, de acordo com as simulações apresentadas pelo idealista/news neste artigo.

Este cenário vai afetar a maioria dos empréstimos da casa dos portugueses, já que 93,3% dos 1,45 milhões de contratos de crédito habitação contabilizados em 2020 tinham taxas variáveis e, portanto, estavam indexados à Euribor. E a questão é que poderá agravar-se ainda mais, já que o Banco Central Europeu admitiu que vai subir a taxa de juro diretora em julho, pela primeira vez em 11 anos, o que vai mexer ainda mais com os mercados monetários. Resta saber quanto é que vai ser essa subida – há quem defenda que deverá ser de 50 pontos base, como é o caso do "falcão" austríaco, Robert Holzmann.

Subida de juros no crédito habitação
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Como é que o aumento da Euribor vai influenciar o crédito habitação?

Em concreto, a subida da Euribor pode afetar os créditos habitação de taxa variável de três formas distintas, segundo escreve o Público:

  1. Prestação da casa aumenta: a subida da Euribor vai afetar os juros a pagar ao banco e, por conseguinte, vai aumentar a prestação da casa assim que for atualizada no prazo contratado, a 3,6 ou 12 meses;

  2. Descontos nos spreads perdem-se: com a Euribor negativa, os spreads (a margem comercial do banco) eram ou reduzidos ou até mesmo anulados. Por exemplo, uma Euribor a -0,554% anulava o spread de 0,5% e reduzia para metade um spread de 1%. Agora, com a Euribor 12 meses positiva e a 6 meses a ir pelo mesmo caminho vai começar a pagar-se o spread por inteiro;
  3. Amortização de capital desacelera: ao pagar a prestação da casa estamos a pagar juros e a amortizar capital. E, nos últimos anos, com a redução dos juros aumentou o capital pago todos os meses com vista a amortizar a dívida. Mas, como o cenário se está a inverter, os portugueses vão voltar a pagar mais juros, desacelerando a amortização do capital em dívida.

Todos estes fatores resultam, de resto, da influência que a Euribor tem nos juros do crédito habitação de taxa variável. Se estas taxas subirem, os juros também acabam por subir e a prestação da casa pode mesmo aumentar dezenas de euros. Tudo dependerá da subida das taxas Euribor - a taxa a 12 meses poderá mesmo atingir 1% antes do final do ano - e também do montante em dívida.

Quanto estão a subir as prestações da casa?

Para um empréstimo da casa de 150.000 euros com spread de 1% a pagar no prazo de 30 anos, a prestação da casa pode subir 19 euros no caso da Euribor a 12 meses e 11 euros no caso da Euribor a 6 meses. 

As contas são dos especialistas do idealista/créditohabitação. E nestas simulações percebemos como variam as taxas médias da Euribor a 6 e 12 meses e as prestações da casa nos últimos meses:

Olhando para estes exemplos e tendo em conta que um crédito habitação contratado num mês usa a média da Euribor apurada no mês anterior ( ou seja, um crédito contratado em junho usa a média da Euribor de maio), podemos tirar as seguintes conclusões:

  • Euribor a 12 meses: quem contratar um empréstimo da casa em junho vai pagar mais 19 euros no primeiro ano do que quem assinou o crédito habitação em maio;
  • Euribor a 6 meses: um crédito habitação assinado em junho ficará 11 euros mais caro nos primeiros seis meses do que um contratado em maio.

Comparando um empréstimo da casa contratado em junho com um crédito habitação assinado nos meses anteriores, estas diferenças são ainda mais evidentes. No caso da Euribor a 12 meses, a taxa subiu 0,524 pontos percentuais (p.p) face a abril e 0,622 p.p face a maio. E, reflentindo esta subida, a prestação da casa subiu 36 euros face a abril e 42 euros em relação a março. Já a subida da Euribor a 6 meses não é tão acentuada: esta taxa aumentou 0,274 p.p. entre junho e abril e 0,332 p.p face a março. E a prestação da casa subiu 18 euros face a abril e 22 euros face a março. 

A verdade é que para muitas famílias um aumento de algumas dezenas de euros da prestação mensal da casa pode ser suficiente para esmagar o orçamento familiar, que já está pressionado pela inflação que se faz sentir em Portugal, que subiu mesmo para os 8,0% em maio, de acordo com os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística. E, por isso, é importante tomar medidas para evitar entrar em risco de incumprimento no crédito habitação, analisando a opção de taxa mista ou fixa ou até pedindo ajuda de um profissional, por exemplo.

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