Com as taxas Euribor a subir em julho, os créditos habitação voltam a ficar mais caros. Explicamos com base em simulações.
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Crédito habitação mais caro
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Não há boas notícias para quem tem crédito habitação de taxa variável ou pretende contratar um. As taxas Euribor continuam a subir mês após mês para todos os prazos: a média da Euribor a 12 meses chegou a 0,992% em julho e a Euribor a 6 meses aos 0,466%. Este cenário está a fazer subir as prestações da casa em várias dezenas de euros. Mas quanto? Explicamos tendo por base simulações.

Foi a partir de 4 de fevereiro que as taxas Euribor começaram a dar sinais de subida, reagindo à anunciada subida da taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu (BCE). E começaram a acelerar o seu crescimento com o eclodir da guerra da Ucrânia. Meses depois, a 21 de julho, o supervisor europeu liderado por Christine Lagarde cumpriu o anunciado: subiu as taxas de juro diretoras em 50 pontos base pela primeira vez em 11 anos para travar a inflação que se faz sentir na Zona Euro (atingiu os 8,9% em julho).  E como a variação dos juros do BCE influencia intimamente a evolução das taxas Euribor, antecipa-se que estas aumentem ainda mais nos próximos meses.

Este cenário instável está a afetar a oferta de créditos habitação quer de taxa fixa quer de taxa variável – ambos estão a subir porque os bancos acabam por adequar a oferta ao preço do dinheiro. A principal diferença entre os dois é que no de taxa fixa, as famílias ficam a pagar exatamente a mesma prestação de início ao fim do contrato. Já optando pela taxa de juro variável o mesmo não acontece: a prestação da casa irá subir ou descer consoante as flutuações da Euribor.

Quanto estão a subir as prestações da casa com as flutuações da Euribor?

Para melhor compreender como a Euribor e as prestações da casa estão a aumentar, recorremos a um exemplo: um novo empréstimo habitação de 150.000 euros com spread de 1% a pagar no prazo de 30 anos. De acordo com as simulações preparadas pelos especialistas do idealista/créditohabitação, assim evoluíram as prestações da casa entre março e agosto:

Tendo em conta estes exemplos e sabendo um crédito habitação contratado num mês usa a média da Euribor apurada no mês anterior (ou seja, um crédito contratado em agosto usa a média da Euribor de julho), podemos concluir o seguinte:

  • Euribor a 12 meses: a média desta taxa - a mais utilizada nos novos empréstimos da casa em Portugal - atingiu os 0,992% em julho, mais 0,140 pontos percentuais (p.p) do que a registada no mês anterior (0,852% em junho). Isto quer dizer que quem contratar um empréstimo da casa em agosto vai pagar mais 10 euros no primeiro ano do que quem assinou o crédito habitação em julho;
  • Euribor a 6 meses: a taxa mais utilizada em Portugal nos créditos habitação voltou a subir em julho para 0,466% (ou seja, mais 0,304 p.p do que em junho). Um crédito habitação assinado em agosto (que usa a média da Euribor de julho) ficará 24 euros mais caro nos primeiros seis meses do que um contratado em julho.

Observando os meses anteriores, as diferenças são ainda mais expressivas. Quem contratou um crédito habitação em março com a Euribor a 12 meses de -0,335% (média de fevereiro) paga de prestação no primeiro ano 460 euros, enquanto quem pedir um empréstimo com as mesmas condições em agosto (média de julho de 0,992%) pagará mais 93 euros de prestação mensal. No caso da Euribor a 6 meses, quem pediu um crédito para comprar casa em março paga 450 euros de prestação até agosto (6 meses) e quem solicitar um empréstimo agora irá pagar mais 65 euros.

Prestação da casa mais cara
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Desconto no spread acabou nos primeiros 6 meses do ano

Enquanto as taxas Euribor estavam negativas, as famílias beneficiavam de descontos nos spreads, deixando os bancos quase sem lucros. No caso do prazo a 12 meses, abril foi o último mês em que os titulares de crédito habitação sentiram redução dos spreads, já que a taxa média utilizada ainda foi negativa (-0,237%). Ora, uma vez que o cálculo da TAN (Taxa Anual Nominal) dá-se pela soma do spread (margem de lucro do banco) e da taxa Euribor contratada, neste caso, com o spread a 1%, a TAN a pagar seria de 0,763%. Em agosto, será de quase 2%.

Olhando para a Euribor a 6 meses, junho foi o último mês em que houve descontos nos spreads, considerando a taxa de -0,144%. Contas feitas, os titulares dos empréstimos da casa pagaram uma TAN de 0,856%. Agora, pagam quase 1,5%.

Com a subida das Euribor, os bancos voltaram a ter margens de lucro interessantes com os créditos habitação e este cenário abrirá caminho para que a guerra de spreads ganhe força, tal como explicamos neste artigo.

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