
A história diz-nos que a maioria dos portugueses que contrata um crédito habitação em Portugal opta por taxas de juro variáveis, o que significa que atualmente, com as taxas Euribor a subir em flecha, a prestação da casa está a aumentar. Mas muitas pessoas já estão a procurar outro tipo de soluções, nomeadamente taxas fixas e mistas, que não estão tão dependentes das variações das Euribor. Os bancos, atentos a esta tendência, estão também a ajustar as ofertas. É o caso do espanhol Abanca. Explicamos tudo na rubrica Crédito Habitação do Mês (de fevereiro).
As taxas de juro do crédito habitação estão a disparar à medida que o Banco Central Europeu (BCE) decide aumentar os juros diretores para travar o crescimento da inflação – já subiram 300 pontos base desde julho do ano passado. Uma subida que se reflete, em última instância, na prestação da casa a pagar ao banco pelo empréstimo concedido pelo banco.
De forma a evitar a instabilidade e volatilidade das taxas Euribor variáveis, muitas pessoas estão a renegociar os respetivos créditos habitação. Outras, no caso de se tratar de novos financiamentos, estão a optar desde logo por soluções com taxas fixas e/ou mistas.

No caso concreto do Abanca, os clientes têm ao dispor uma solução com a seguinte taxa mista: o crédito arranca com uma taxa fixa no primeiro ano com juros a 1,40%, seguindo-se depois a modalidade de taxa variável com um spread desde 0,95%, complementado com uma taxa Euribor a 12 meses.
No que diz respeito ao prazo máximo de financiamento, é de 40 anos – ou os limites impostos pelo BdP –, sendo o limite de idade 75 anos.
O Abanca financia até 80% do valor de compra ou da avaliação do imóvel, o menor dos dois (para habitação própria permanente), e a Taxa Anual de Encargos Efetivos Globais (TAEG) começa em 4,70%. A TAEG, recorde-se, é uma das mais importantes taxas a ter em conta aquando da contratação de um crédito habitação, porque reflete, em termos anuais, os custos totais do empréstimo, incluindo, além dos juros, outras despesas associadas como seguros e comissões.
Prestação da casa sempre a subir
A realidade, perante o atual cenário que se vive, é que as famílias que pretendem comprar casa em 2023 com recurso a financiamento bancário vão deparar-se com um mercado hipotecário bem mais caro, com as prestações a subir, em muitos casos, várias centenas de euros, como mostram as simulações do idealista/créditohabitação.
Agora, quem contratar um crédito habitação de taxa variável para comprar casa vai pagar uma prestação ao banco bem mais elevadas. Isto porque as médias da Euribor continuaram a escalar para os seguintes valores:
- Euribor a 12 meses (foi durante vários meses a mais utilizada nos novos contratos de crédito habitação em Portugal, mas a tendência está a mudar): atingiu 3,337% em janeiro de 2023, uma taxa superior à registada em dezembro (3,005%);
- Euribor a 6 meses (a mais utilizada em Portugal no total de créditos habitação): fixou-se em 2,858% em janeiro de 2023, contra 2,560% em dezembro;
- Euribor a 3 meses (começa a ganhar nova expressão com a subida dos juros): fixou-se em 2,345% em janeiro, mais cerca de 0,282 pontos que em dezembro do ano passado (2,063%).

Bancos emprestaram 1.394 milhões em dezembro
Os dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) indicam que, em dezembro, os bancos emprestaram 1.394 milhões de euros para crédito habitação, mais 119 milhões que em novembro, tendo a taxa de juro atingido o máximo de oito anos e meio – a taxa de juro média dos novos empréstimos subiu para 3,24% em dezembro (face a 3,09% em novembro), o valor mais alto desde junho de 2014.
A entidade liderada por Mário Centeno, ex-ministro das Finanças, revelou ainda que no conjunto do ano de 2022, os bancos concederam 23.878 milhões de euros em novos empréstimos a particulares, um valor que representa um aumento de 1.908 milhões de euros face a 2021.
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