
À medida que a Euribor está a descer para todos os prazos, tem-se sentido uma diminuição dos juros cobrados nos créditos habitação existentes em Portugal (até porque a maioria é a taxa variável). Esta tendência voltou a confirmar-se em setembro com a taxa de juro a descer para 4,362%. Já as prestações da casa não assumiram o mesmo trajeto, mantendo-se estáveis no mês passado, o que pode ser explicado pelo aumento do capital em dívida.
“A taxa de juro implícita no crédito habitação desceu para 4,362%, valor inferior em 5,5 pontos base (p.b.) face ao registado no mês anterior, acumulando uma redução de 29,5 p.b. desde o máximo atingido em janeiro de 2024 (4,657%)”, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE) numa nota divulgada esta sexta-feira, dia 18 de outubro.
Também para os créditos que se destinam à compra de casa – o destino de financiamento “mais relevante” no conjunto do crédito habitação –, a taxa de juro implícita para o total dos contratos desceu para 4,322% (-5,5 p.b. face a agosto).
Mas as prestações da casa não estão a descer à medida que são cobrados menos juros. Os dados do gabinete nacional de estatística revelam que a prestação da casa, média, no conjunto de créditos habitação existentes no país fixou-se em 404 euros em setembro, o mesmo valor do mês anterior e 18 euros acima da registada em setembro do ano passado. Isto pode ser explicado pelo aumento do capital médio em dívida para a totalidade dos empréstimos da casa, que subiu 412 euros num mês fixando-se em 67.286 euros em setembro.
Ainda assim, o peso dos juros a pagar na prestação da casa média (de 404 euros) está a diminuir (embora ligeiramente):
- Juros a pagar: representaram 240 euros, ou seja, 59% do total. Este é um peso 3 pontos percentuais inferior face ao máximo atingido em fevereiro de 2024;
- Capital amortizado: corresponde a 164 euros (41% do total).
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Novos créditos habitação: juros já estão abaixo dos 3,6%
No caso dos novos créditos habitação – os celebrados nos últimos três meses –, tem-se sentido um maior alívio dos juros. Isto porque a grande maioria está a ser contratada a taxas mistas mais baratas e as taxas Euribor estão a cair a olhos vistos há vários meses.
A taxa de juro passou de 3,665% em agosto para 3,569% em setembro para os novos empréstimos da casa, apresentando uma diminuição acumulada de 81,1 p.b. desde o máximo atingido em outubro de 2023. Os juros estão ainda mais baixos no caso dos créditos destinados à compra de casa, com as taxas a cair 9,9 p.b. num mês para 3,540% em setembro.
A verdade é que também as prestações da casa (médias) estão a subir nestes novos contratos. “Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu cinco euros face a agosto, para 622 euros em setembro”, diz o INE. Já face ao período homólogo a prestação da casa está 1% mais barata.
Este aumento da prestação nos contratos realizados entre julho e setembro pode igualmente estar relacionada com a subida do montante médio em dívida, que se fixou em 132.339 euros, depois de ter aumentado 3.548 euros face a agosto. Isto acontece porque a descida dos juros pode gerar uma maior folga financeira para pedir mais capital no crédito habitação ou para comprar casas mais caras.
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