
A inflação continua em alta em Portugal, traduzindo-se no aumento do custo de vida dos portugueses. Embora a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) tenha sido revista em baixa passando do valor provisório de 9,0% para 8,9% em agosto, este continua a ser um dos valores mais altos registados nas últimas três décadas. O Instituto Nacional de Estatística (INE), que confirmou os dados esta segunda-feira (dia 12 de setembro), admite que a inflação em Portugal tem refletido os “aumentos significativos” de preços desde início da guerra da Ucrânia.
No nosso país, a inflação tem dado sinais de subida desde o final de 2021. Mas foi depois de eclodir o conflito armado na Ucrânia que começou a acelerar. Foi aumentando mês após mês, atingindo recordes de décadas, até que em agosto se fixou em 8,9%, confirmou o INE. Este foi a primeira vez em 2022 que a inflação caiu ligeiramente face ao mês anterior – em julho foi registada uma inflação de 9,1%, o maior valor observado este ano até ao momento.
“A descida da variação homóloga do IPC em agosto foi a primeira desde junho de 2021, mas o índice mantém-se no nível mais alto desde finais de 1992”, diz o INE.
O gabinete de estatística português admite que “desde o início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro, o IPC tem refletido aumentos significativos de preços em grande parte dos produtos considerados na amostra”. Em concreto, a inflação em agosto registou um valor 6,3% superior ao de fevereiro, impulsionado sobretudo pelo aumento de 14,7% nos preços dos produtos energéticos e de 12,0% nos produtos alimentares.
Em agosto, a variação mensal da inflação em Portugal foi -0,3% (nula no mês precedente e -0,2% em agosto de 2021). Já a variação média dos últimos 12 meses foi 5,3% (4,7% em julho), apontam os dados.
Como variaram os outros indicadores da inflação em agosto?
E quanto subiram os preços dos alimentos e dos produtos energéticos em agosto face ao mesmo período do ano passado? De acordo com os dados do gabinete nacional de estatística, a inflação agregada variou da seguinte forma:
Preços dos produtos energéticos: apresentaram uma taxa de variação de 24,0% em agosto (7,2 p.p. inferior ao valor do mês anterior);
- Produtos alimentares não transformados: subiu 15,4% em agosto de 2022 face a agosto de 2021 (13,2% em julho). Este é o valor “mais elevado desde outubro de 1990”.
- Bens: preços subiram em termos homólogos 11,3% em agosto (11,8% em julho);
- Serviços: inflação está em 5,3% em agosto refletindo um aumento face a julho, quando se fixou em 4,9%.
Contas feitas, o indicador de inflação subjacente (IPC excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) “manteve a tendência de subida dos meses anteriores”, registando uma variação homóloga em agosto de 6,5%, taxa superior em 0,3 pontos percentuais (p.p.) à registada em julho. “Este é o valor mais elevado registado desde março de 1994”, aponta o INE no mesmo documento.
E como variaram em termos homólogos os preços por classes de despesa em agosto? O INE destaca os aumentos das taxas de variação homóloga dos ‘restaurantes e hotéis’ e dos ‘bens alimentares e bebidas não alcoólicas’, com variações de 16,3% e 15,3%, respetivamente (14,8% e 13,9% no mês anterior).
Em sentido oposto, os ‘transportes’ e a ‘habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis’ apresentaram um abrandamento da taxa de variação homóloga para, respetivamente, 10,4% e 14,9% (12,8% e 16,6% no mês anterior).
Em agosto, nas classes com maiores contribuições positivas para a variação homóloga do IPC destacam-se as dos ‘bens alimentares e bebidas não alcoólicas’, dos ‘transportes’ e da ‘habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis’, enquanto nas classes com contribuições negativas sobressai a da ‘saúde’.

Inflação de comparação com países da UE nos 9,3%
Para comprar a inflação entre os diversos países da União Europeia (UE) é utilizado o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), o qual apresentou uma variação homóloga de 9,3% em agosto. Este valor foi inferior em 0,1 p.p. ao registado em julho e superior em 0,2 p.p. ao valor estimado pelo Eurostat para a Zona Euro, de 9,1% (em julho, esta diferença tinha sido de 0,5p.p).
Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 7,3% em agosto (6,9% em julho), superior à taxa correspondente para a área do euro (estimada em 5,5%), "mantendo o perfil ascendente verificado nos últimos meses", aponta o INE.
Em agosto, o IHPC registou uma variação mensal de -0,2% (nula no mês anterior e -0,1% em agosto de 2021) e uma variação média dos últimos 12 meses de 5,4% (4,8% no mês precedente).
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