Mas, ainda assim, a taxa de juros média dos depósitos a prazo em Portugal continua a ser uma das mais baixas da área euro.
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Poupanças nos depósitos a prazo
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Desde setembro de 2019 até setembro deste ano, colocar as poupanças num depósito a prazo rendia menos de 0,1% em Portugal. Mas com a subida das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE), as taxas de juros dos depósitos começaram a subir no nosso país em outubro. De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP), as poupanças colocadas no banco começaram a render, em média, 0,24% em outubro. Esta é a taxa de juro nos depósitos a prazo mais elevada desde novembro de 2017 e representa a maior subida mensal desde fevereiro de 2012. Mas, ainda assim, continua a ser uma das taxas mais baixas da área euro.

A subida a pique dos juros nos depósitos a prazo confirmou-se no nosso país depois de Mário Centeno ter  afirmado que o aumento das taxas de juro diretoras pelo BCE deveria espelhar-se nos depósitos. “O reflexo das subidas das taxas de juro deve fazer-se sentir nos depósitos, para que a poupança passe a ter outro significado”, disse o governador do BdP em meados de novembro.

E com as poupanças a render mais um pouco em outubro, num momento de alta inflação, também se observou um aumento do montante de novos depósitos a prazo, que passou de 3.902 milhões de euros em setembro para 4.726 milhões de euros em outubro. “Do montante de novos depósitos constituídos em outubro, 4.205 milhões de euros foram aplicados em depósitos a prazo até 1 ano, remunerados a uma taxa de juro média de 0,23%”, informa o BdP na nota publicada no dia 2 de dezembro.

Como é que a subida dos juros pelo BCE influencia a rentabilidade dos depósitos a prazo?

O BCE já subiu os juros diretores em 200 pontos base desde julho até outubro – e é esperado um novo aumento na reunião de dezembro. Em resultado, a taxa de juro dos depósitos subiu para 1,5% na Zona Euro. E a verdade é que várias economias europeias começaram a rentabilizar mais as poupanças das famílias nos últimos meses.

“As taxas de juro dos novos depósitos bancários de particulares continuam a subir” na Zona euro, apontou o BCE numa nota publicada no início de outubro. Afinal, em setembro, a taxa de juro anual média dos depósitos a prazo até 1 ano situou‑se em 0,56% na área euro, um valor superior ao registado em agosto, de 0,35%.

Mas em Portugal demorou a sentir-se o aumento dos juros nos depósitos a prazo, que rentabilizam mais as poupanças. Em agosto, a taxa de juro média nos novos depósitos estava nos 0,07%, um valor que desceu para 0,05% em setembro. Só em outubro é que os juros nos depósitos das famílias deram o salto para 0,24% (0,23% até um ano), de acordo com os dados mais recentes do regulador português.

Mesmo dando o maior salto mensal desde fevereiro de 2012, a taxa de juro média nos depósitos a prazo em Portugal continua a ser uma das mais baixas dos países da Zona euro, que registou uma taxa média de 0,83% em outubro. Segundo os dados do BCE recolhidos pelo idealista/news, Portugal tem a terceira taxa de juros mais baixa de todas (0,24%) em outubro, sendo só superado pela Grécia (0,2%) e pelo Chipre (0,21%).

E onde é que rendem mais as poupanças dos europeus? É nos Países Baixos, onde a taxa de juro nos depósitos está nos 1,71%, seguida de França (1,64%), Itália (1,55%), Áustria (1,53%) e Finlândia (1,45%), revelam os dados relativos a outubro do regulador europeu.

Banca portuguesa irá continuar a subir os juros nos depósitos?

A trajetória da subida dos juros nos depósitos a prazo em Portugal poderá ter arrancado em outubro. Mas sendo esperados novos aumentos das taxas diretoras pelo BCE para travar a inflação, poderá antecipar-se uma maior rentabilidade das poupanças? Até agora, os bancos que operam no nosso país não avançaram com novidades sobre esta matéria.

Desde a Caixa Geral de Depósitos afirmam que é “natural, que, a prazo, as taxas praticadas nos produtos de poupança possam ser revistas em alta, procurando acompanhar a evolução dos juros de referência. Será, contudo, um processo gradual, estando a Caixa a avaliar as condições do mercado que permitam essa revalorização generalizada das taxas das poupanças", afirmou a entidade liderada por Paulo Macedo citada pelo Diário de Notícias.

Sem dar garantias de que poderá haver atualizações nos produtos de poupança no início de 2023, o Novo Banco garante que "está a acompanhar muito de perto a política monetária do BCE e, naturalmente, irá refletir nas taxas de juro passivas o impacto das medidas mais restritivas do Banco Central", refere o mesmo jornal.

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