
O Banco Central Europeu (BCE) deixou a porta aberta para novos cortes das suas taxas de juro diretoras, ao apaziguar o seu discurso após a reunião desta quinta-feira, dia 12 de dezembro. O que é esperado é que haja cortes graduais nas taxas de juros nos próximos meses, com um ritmo de 25 pontos base previsto para janeiro e uma possível repetição em março. Esta projeção reflete uma abordagem cautelosa, ajustada ao cenário de inflação estável na meta de 2% e um crescimento económico ainda tímido.
Esta quinta-feira, dia 12 de dezembro, o BCE deu mais um passo no alívio da sua política monetária ao avançar com um novo corte dos juros em 25 pontos base, terminando, assim, o ano com taxas na ordem dos 3%. Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Christine Lagarde, presidente da instituição, revelou que a decisão de reduzir as taxas em 25 pontos base foi unânime, mas existiram “discussões sobre um corte mais agressivo de 50 pontos base”.
Ao que tudo indica, uma redução maior dos juros poderia dar sinais não intencionais de urgência, uma mensagem que o BCE não quer passar, disseram fontes à Bloomberg. Por isso é que manter reduções graduais de um quarto de ponto acaba por satisfazer tanto as pombas, como os falcões. Isto porque quem está preocupado com o risco de haver oscilações na inflação (seja para cima ou para baixo) pode ficar tranquilo, porque o BCE não deverá ir longe, nem rápido demais na redução das taxas. E quem está preocupado com a fraqueza económica podem continuar a contar com uma flexibilização contínua.
O que também ficou bem visível no discurso do BCE foi uma mudança da narrativa, que passou a ser menos agressiva. Por exemplo, no comunicado deu-se conta da ausência da frase "manter as taxas de juro suficientemente restritivas durante o tempo que for necessário". Essa alteração linguística foi vista pelos mercados como uma abertura para futuros cortes nas taxas.
“Ainda não está a missão cumprida, mas a inflação está no caminho para atingir a meta de 2% no médio prazo", Christine Lagarde, presidente do BCE.
Ao que tudo indica, o BCE deverá cortar as taxas de juro em 25 pontos base na reunião de janeiro, avançando com um corte de igual dimensão em março, disseram as mesmas fontes à Bloomberg. Esta indicação vai ao encontro das expectativas dos analistas de mercado que admitem que o BCE vai continuar a descer os juros ao longo de 2025, a um ritmo de 25 pontos base em cada reunião, até que a taxa dos depósitos se situe em 2% no verão - ou até num patamar inferior (1,75%) E tudo se parece encaixar, uma vez que as últimas projeções da equipa de analistas do BCE apontam para uma taxa de juro neutra entre 1,75% e 2,5% (sem dizer quando será atingida).
Tudo indica que este será o caminho de flexibilização da política monetária se a inflação continuar controlada e a economia europeia começar a recuperar pouco a pouco. Mas há sempre outros fatores que podem surgir e mudar o rumo da política monetária do BCE, como é o caso do impacto das políticas de políticas de Donald Trump, que vai assumir a presidência dos EUA em janeiro.
Questionada sobre a possibilidade de Donald Trump avançar com tarifas mais altas, quando tomar posse enquanto Presidente dos Estados Unidos, Lagarde reiterou que "restrições comerciais e medidas protecionistas não levam a crescimento e têm um impacto incerto na inflação".
*Com Lusa
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