O escândalo de corrupção que rebentou à volta dos vistos gold teve efeitos diretos no investimento realizado por chineses no imobiliário em Portugal. O número de pedidos de autorizaçõs de residência da China diminuiu 20% em novembro passado, quando rebentou o caso, mas esta quebra está a ser compensada pelo aumento da procura de outros países, nomeadamente o Brasil e Rússia.
"Ninguém gostou do que se passou, evidentemente, mas estamos todos muito empenhados no sucesso do programa, salvaguardando ao máximo os interesse do país e do investidor", disse José Cesário, em Pequim no domingo, à agência Lusa.
O governante, que tutela os serviços consulares da rede diplomática, realçou que o programa de 'Vistos Gold', lançado pelo Governo português no final de 2012 com o nome de 'Autorização de Residência para Investimento', "tem tido bastante sucesso".
"Houve uma redução de 20% [dos pedidos] na China [nos últimos meses], mas que tem sido compensada por um aumento significativo noutras origens, nomeadamente Brasil", afirmou José Cesário.
Onze pessoas, entre as quais o diretor-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o presidente do Instituto de Registos e Notariados, foram detidos em novembro no âmbito de uma investigação policial sobre corrupção no processo de atribuição dos 'Vistos Gold'.
Estes vistos, concedidos a cidadãos exteriores à União Europeia, dão autorização de residência em Portugal, a quem, por exemplo, investir pelo um mínimo de 500.000 euros na compra de uma casa, criar dez postos de trabalho ou efetuar um depósito bancário de um milhão de euros.
Até ao final de março passado, já tinham sido atribuídos cerca de 3.500, mais de dois terços dos quais a cidadãos chineses, representando no conjunto um investimento de quase 1.400 milhões de euros.Os brasileiros figuravam em segundo lugar, seguidos dos russos e sul-africanos.
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