Com o Brexit, os cidadãos britânicos deixaram de ter liberdade de circulação. Só podem passar 90 dias no espaço europeu.
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Vistos gold: britânicos interessados em casas rurais no interior
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Muitos britânicos com residências secundárias em Portugal estão a avaliar candidaturas a vistos gold porque só agora se aperceberam das consequências do Brexit, afirmou a diretora da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido, Christina Hippisley. Algumas pessoas costumavam passar quatro meses seguidos nas suas casas e de repente perceberam que já não podem. (...) Muitos britânicos que nunca tinham pensado nisso estão a olhar para a opção do visto gold para terem acesso sem restrições a Portugal", disse à agência Lusa.

Desde a entrada em vigor do Brexit, a 1 de janeiro de 2021, os cidadãos britânicos deixaram de ter liberdade de circulação e só podem passar 90 dias no espaço europeu num período de 180 dias.  A Autorização de Residência para Investimento (ARI), conhecido por visto gold, permite aos estrangeiros titulares e familiares a permanência por tempo indeterminado em Portugal e a mobilidade ilimitada nos 26 países da União Europeia membros da zona Schengen. 

Segundo Hippisley, estima-se que 60 mil bens imóveis em Portugal sejam detidos por britânicos, e muitos terão sido afetados por estas novas regras pois não tem planos imediatos para deixar o Reino Unido por razões pessoais ou profissionais. "Aquelas pessoas que não querem mudar-se permanentemente estão numa situação incerta e estão a olhar para a opção de visto gold, seja comprando um bem imóvel ou investindo num fundo de investimento compatível", afirmou. 

Desde 1 de janeiro que o investimento imobiliário para efeitos de visto gold está mais restrito nas zonas nobres, como o litoral e áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde só são permitidas aquisições de propriedades de cariz comercial ou turísticas. O novo regime de vistos gold passa a permitir apenas autorizações de residência em Portugal a quem investir no mínimo 350.000 euros em imóveis para habitação localizados nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou nas regiões do interior.

Britânicos de olho em casas rurais no interior do país

Existem ainda outras opções para obter o ARI, como a criação de negócios ou o investimento em investigação científica ou atividades culturais. Christina Hippisley disse que os britânicos estão atentos a estas oportunidades, em especial a casas rurais no interior do país, porque são mais baratas e enquadram-se no programa dos vistos gold. 

"É muito interessante, os britânicos estão a olhar muito para além do Algarve e de Lisboa agora. Procuram Castelo Branco, Évora, em redor do Rio Zêzere, norte de Coimbra, porque se diz que é muito barato", revela.

casas rurais
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Um fenómeno recente é o aparecimento empresas portuguesas especializadas na reabilitação destes imóveis direcionados para investidores estrangeiros, o que, admite, corre o risco de "distorcer o mercado novamente" e fazer disparar os preços do imobiliário em certas zonas do país, tal como aconteceu no Algarve, Lisboa e Porto nos últimos anos. 

O número de residentes britânicos em Portugal quase duplicou em quatro anos, de 22.431 registados em 2017 para 42.071 em 2021, de acordo com os números do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).  

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