“Hoje, face há um ano, o clima entre os investidores é mais de aguardar para ver”, diz Eric van Leuven, diretor-geral da C&W.
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Portugal continua no radar dos investidores imobiliários
Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal Crédito: Cushman & Wakefield

Portugal “continua no radar” dos investidores institucionais, nomeadamente estrangeiros, apesar do contexto que se vive, marcado por uma elevada taxa de inflação, por uma diminuição do poder de compra e por um aumento da taxa de juro diretora por parte do Banco Central Europeu (BCE), por exemplo. A garantia é dada por Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield (C&W) em Portugal, que considera que se vive atualmente “um otimismo cauteloso” no país. As estimativas da consultora apontam para que tenham sido investidos em 2022 cerca de três mil milhões de euros em imobiliário comercial, o que representa um aumento de 39% face ao ano anterior. Em pipeline e que poderão sair do papel em 2023 estão projetos avaliados em cerca de dois mil milhões de euros. 

“Ainda não se sabe tudo o que aconteceu em 2022”, começa por dizer o responsável aos jornalistas, numa sessão realizada esta terça-feira (3 de janeiro de 2023) nos escritórios da consultora, em Lisboa. Eric van Leuven adianta que algumas transações imobilárias são ainda desconhecidas e que muitas operações podiam não ter sido finalizadas até 31 de dezembro do ano passado, o que acabou por não se verificar. “Portugal continua firmemente no radar dos investidores, há um carinho por Portugal”, prossegue.

"Portugal continua firmemente no radar dos investidores, há um carinho por Portugal"

À margem do evento, Eric van Leuven explica, ao idealista/news, um pouco melhor o que é isto de sentir que há em Portugal “um otimismo cauteloso”, confirmando que este é, de certa forma, um sentimento “um bocadinho novo”. “Se não lê-se jornais estava completamente otimista. Sinto obviamente alguma apreensão, falando com clientes ou com colegas noutros mercados. Não há falta de liquidez, há é falta de confiança em avançar para operações sem saber se se está a fazer uma última operação muito cara do ciclo”, frisa.   

“Em 2012 não se podia falar de Portugal aos investidores”

Certo é que Portugal continua no radar, e muito, confirma o CEO da consultora imobiliária: "Claramente. Lembro-me que em 2012 não se podia falar de Portugal, não era tema, nenhum investidor podia chegar ao seu comité de investimento e propor seja o que for relativamente a Portugal, e isso não tem nada a ver com a realidade atual, até pelo contrário. Acho que Portugal tem proporcionalmente maior apreço ou carinho do que eventualmente a dimensão deixava supor”. 

Diria que hoje, face há um ano, o clima que se vive entre os investidores imobiliários é mais de aguardar para ver”

Quando questionado sobre se há atualmente mais (ou menos) interesse por parte dos investidores institucionais internacionais e/ou dos fundos imobiliários face ao início de janeiro de 2022, antes de eclodir a guerra na Ucrânia, responde de forma clara: “A 3 de janeiro de 2023 diria que há, em número, menos investidores interessados em Portugal, sobretudo os institucionais, como os fundos alemães, que são os grandes investidores a nível nacional. Mas é sempre difícil dar respostas taxativas, porque há várias evidências recentes da atividade deles, como por exemplo a compra do Continente do Colombo por parte da Union Investment. É um investidor internacional alemão que teve todas as oportunidades para desistir e não o fez. Diria que hoje, face há um ano, o clima que se vive é mais de aguardar para ver”.  

Investidos (para já) 2.860 milhões de euros em 2022

Até novembro de 2022 tinham sido investidos em Portugal 2.860 milhões de euros em imobiliário comercial, mais 32% que nos mesmos 11 meses do ano passado, conclui a C&W, sublinhando que o valor já contabiliza a venda do Projeto Crown, o maior negócio imobiliário do ano, por 850 milhões de euros. As previsões da consultora apontam para que até final do ano o valor atinja os 3.000 milhões de euros, o que fará de 2022 o terceiro melhor ano de sempre, apenas atrás de 2018 e 2019.

Investimento em imobiliário comercial em Portugal
Cushman & Wakefield

Em pipeline, ou seja, projetos que podem sair do papel este ano, estão imoveis e/ou carteiras de imóveis avaliados em cerca de 2.000 milhões de euros, um montante semelhante ao previsto há um ano, em janeiro de 2022. Eric Van Leuven considera, no entanto, que o pipeline atual tem “menos robustez” que o existente nos primeiros dias de 2022, deixando em aberto a hipótese da venda de alguns destes projetos não se concretizar, podendo haver outros a surgir entretanto.

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