
O Mais Habitação colocou um ponto final na atribuição de vistos gold por via do investimento imobiliário em outubro passado. Mas nem por isso os investidores estrangeiros deixaram de apostar em Portugal. Agora, fazem-no de forma diferente, estando sobretudo de olhos postos nos fundos de investimento em ações nacionais. Os dados dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) revelam que só através do investimento neste tipo de fundos foram atribuídas 352 autorizações de residência a estrangeiros entre janeiro e setembro, o que corresponde a 30% do total.
As alterações à lei que rege o programa vistos gold, estão a mudar o panorama de investimento estrangeiro em Portugal. Vendo-se impossibilitados de conseguir autorizações de residência em Portugal por via do imobiliário ou pela reabilitação de imóveis, os estrangeiros passaram a olhar para outras modalidades de investimento disponíveis para obter os vistos gold. A que está a fazer furor lá fora é mesmo a transferência de capitais de 500 mil euros para a subscrição de unidades de participação em fundos de investimento com, pelo menos 60%, da carteira investida em empresas sediadas em Portugal, com maturidade de cinco anos (no mínimo).
O crescente interesse dos investidores estrangeiros pelos fundos nacionais para obter os golden visa é bem visível nos dados do SEF. Entre janeiro e setembro de 2023, os fundos de investimento ou fundos de capitais de risco que investem em empresas portuguesas receberam mais de 125 milhões de euros no âmbito deste programa, um valor que é 45,5% superior face ao registado em todo o ano de 2022, escreve o ECO.
Esta capitalização dos fundos de investimento que apostam em empresas portuguesas valeu a atribuição de 352 vistos gold nos primeiros nove meses de 2023. E, segundo as contas feitas pelo mesmo meio, por cada 10 autorizações de residência por investimento (ARI) concedidas, 3 tiveram origem através da aquisição de unidades de participação de fundos de investimento em ações nacionais.
“Os fundos de capital de risco têm-se posicionado, a nível de publicidade e oferta comercial, de forma bastante apelativa e ganhado uma tração significativa no momento da decisão pelo investidor, juntamente com uma tendência de diversificação”, explicou Sara Sousa Rebolo, presidente da Associação Portuguesa de Imigração, Investimento e Realocação (PAIIR), citada na mesma publicação.
“As alterações recentemente introduzidas ao programa ARI criaram perspetivas muito positivas para o potencial crescimento do segmento de fundos mobiliários abertos”, sublinha Mário Freitas, diretor da IMGA Ações Portugal, que acredita ainda que estes fundos deverão continuar a ser uma alternativa para obter vistos gold se o clima de estabilidade e crescimento económico em Portugal continuar.
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