São jovens com idades que rondam os 30 anos e que têm mais que um ofício. Uma polivalência que pode ser útil em tempos de pandemia.
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A “arte” de acumular profissões: geração 'slasher' ganha força em Portugal
Emma Matthews Digital Content Production on Unsplash

Ter mais que uma profissão e conjugá-las com a vida pessoal não será fácil, nem uma habilidade para todos. Por necessidade ou decisão própria, para conciliar o sustento com trabalhos por vocação, há cada vez mais pessoas a fazer muitas coisas ao mesmo tempo. E (muito) diferentes umas das outras. A chamada geração 'slasher' – este termo foi usado, pela primeira vez, no contexto da polivalência profissional nos EUA, em 2007, num artigo escrito pela colunista do The New York Times Marci Alboher – começa agora a ter peso em Portugal.

Em causa estão jovens com idades que rondam os 30 anos e que “têm mais que uma identidade profissional”, escreve o Jornal de Negócios, salientando que “pertencer à chamada geração 'slasher' é pôr as experiências à frente da carreira ou colocar o propósito acima do ‘status’”, o que em tempos de pandemia da Covid-19 pode ser visto como uma alternativa.

A publicação dá exemplos de pessoas que pertencem à geração 'slasher' em Portugal: Mariana Cáceres é ilustradora/tatuadora, Gonçalo Vicente é ‘personal trainer’/osteopata/formador, Soraia Tomás é enfermeira/DJ e Filipa Costa é terapeuta da fala/bailarina. 

“Quase todos nós temos um ‘slash’ (a barra que separa duas profissões). É muito difícil ser ‘só ilustradora’ ou ‘só tatuadora’”, diz Mariana Cáceres, de 28 anos, que em 2020, por causa da pandemia e do confinamento, acabou por se dedicar mais à ilustração.

A chamada geração 'slasher' – descrita no livro homónimo de Susan Kuang, lançado em 2016 – é uma realidade que se mantém atual e um fenómeno de popularidade na China. O periódico JingDaily refere, de resto, que existe até um Slasher Festival. A mesma publicação escreve que para esta geração ter múltiplas identidades é sinónimo de sucesso. Ao todo serão já cerca de 80 milhões os 'slashers' chineses, a grande maioria com estudos superiores, a viver nas grandes cidades. 

“Não é a profissão que os define. Daí o ‘slash’, porque podem ter mais que uma profissão. [São jovens] muito virados para o desenvolvimento pessoal e para as ‘soft skills’, que valorizam mais o seu dinheiro e são muito orientados para a cultura, para as questões ambientais, para o propósito das marcas, interessa-lhes mais isso do que o ‘status”, explica a especialista em marketing Carolina Afonso, também professora no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, em declarações ao Jornal de Negócios.

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