Muitos projetos de construção e reabilitação prosseguem um pouco por todo o país, apesar da pandemia do novo coronavírus.
Comentários: 0
A trabalhar em obras? Recomendações para evitar contágios de Covid-19
idealista/news

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus está a deixar marcas no setor imobiliário, nomeadamente no segmento da construção. Mas as promotoras imobiliárias não atiram a toalha ao chão e estão a combater o Covid-19 com todas as armas que têm ao seu alcance, havendo muitas obras que prosseguem o seu ritmo. Há, no entanto, cuidados a ter em conta durante a realização dos trabalhos. Fica a saber quais são.

Em causa estão medidas de segurança a respeitar durante as obras, tendo a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) elaborado um conjunto de recomendações que podem ser adotadas pelas empresas, em articulação com todas as informações e orientações emanadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), bem como com os Serviços de Segurança e Saúde organizados pela próprias empresas, para a proteção dos trabalhadores e da população em geral.

Procedimentos esses que, em alguns casos, não estarão a ser cumpridos, segundo alertou Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção. Citado pelo Público, o responsável pediu a intervenção da Inspecção do Trabalho e da DGS para travar a Covid-19 nos estaleiros de obras, havendo muitos a operar na informalidade total.

Cuidados de segurança a seguir

Em articulação com os Serviços de Segurança e Saúde e as diretrizes da DGS, as empresas devem definir medidas especiais no âmbito da prevenção; de acompanhamento de pessoal em obra e risco de contágio; e de equipamentos e materiais a disponibilizar. A AICCOPN produziu um documento com recomendações para empresas e trabalhadores do setor, que agora mostramos na íntegra.

Medidas Gerais de Prevenção:

  • Devem ser colocados cartazes informativos da DGS nas obras;
  • Os trabalhadores em estaleiro de obra devem estar sempre a dois metros uns dos outros;
  • Em obras com muita afluência, os horários de início dos trabalhos devem ser escalonados para evitar filas na “entrada” da obra;
  • Os sistemas de ponto por leitura biométrica e outros sistemas que requerem toque manual devem ser desativados;
  • Devem ser adotadas medidas de higiene das mãos, bem como, boas práticas no manuseamento de acessórios no dia-a-dia (material de escritório como canetas, furadores, telefones, rádios intercomunicadores, entre outros, cartões, chaves, puxadores/maçanetas das portas/janelas, corrimões, autoclismos, máquinas/ ferramentas de uso coletivo, equipamentos informáticos, botões de elevador, etc.), assim como, etiqueta respiratória e distanciamento no contacto físico, divulgadas por toda obra;
  • Reforço das limpezas e mecanismos de desinfeção, colocação de desinfetantes das mãos nas obras e/ou aumento de pontos de lavagem das mãos equipados com dispensadores de sabão;
  • Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) reutilizáveis devem ser cuidadosamente limpos após o uso e não devem ser partilhados entre os trabalhadores. Os EPI de uma única utilização devem ser descartados para evitar a reutilização;
  • Recomenda-se a medição de temperatura à entrada e saída de obra;
  • Os contentores devem ter, durante o período de trabalho, caso as condições climatéricas o permitam, as janelas e portas abertas, de forma a haver ventilação natural dos espaços. À noite devem ventilar com as janelas, ligeiramente, abertas;
  • Deve ser definido um ou mais locais de isolamento em obra para onde o trabalhador sintomático será encaminhado e, seguidamente, evacuado;
  • Reduzir as reuniões presenciais, com entidades parceiras na obra ou mesmo nas instalações dos parceiros, ao mínimo necessário;
  • Sempre que possível as reuniões devem ser feitas remotamente;
  • Todos os funcionários das obras devem ser convidados a deslocar-se na sua própria viatura ou andar de bicicleta ou a pé, para o trabalho, evitando os transportes públicos se possível;
  • Os veículos de transporte de pessoal devem ser higienizados frequentemente;
  • Viagens de média e longa distância: Reduzir os lugares disponíveis por viatura para assegurar um maior distanciamento (1/3 da lotação); reduzir ou evitar paragens em estações de serviço; reduzir a frequência de número de viagens de trabalho/casa; verificação de temperatura na entrada para cada viagem, sempre que possível.
  • Evitar contacto com motoristas e estafetas que se dirijam à obra;
  • As entregas de materiais devem passar a ser planeadas e monitorizadas cumprindo protocolos de entrega e rastreio (identificando condutor, empresa e pessoas com quem houve contacto na obra);
  • Devem-se usar preferencialmente as escadas em vez dos elevadores. Em caso de utilização de elevador considerar transportar pessoas sozinhas;
  • Os trabalhadores devem circular por trajetos alternativos de forma a cruzarem-se o menos possível;
  • Os horários de refeição devem ser alternados de forma a criar grupos pequenos (a lotação das cantinas e locais de refeição deve ser reduzida a 1/3 da capacidade), e deve ser ponderada a hipótese de adotar um serviço de catering com entrega em obra ou take-away ou ainda recolher em restaurante doses individuais para os trabalhadores (que excecionalmente poderão alimentar-se dispersos na obra em locais minimamente higienizados);
  • Para mitigar o risco de contágio no contexto de obra torna-se necessário promover métodos de organização e distribuição de tarefas a cada colaborador, assinalando dentro do possível e de preferência o mesmo espaço/zona na obra. Por outro lado, em obra, deve existir uma maior rastreabilidade da distribuição dos colaboradores pelos vários espaços. Em caso de contágio, é mais fácil identificar as situações de contacto próximo e tomar medidas de isolamento mais assertivas;
  • Entrada em obra e Gestão de Subempreiteiros: Empresas externas que trabalhem em obra (Subempreiteiros) têm de implementar um modelo de acompanhamento de casos em observação e cumprir as regras internas de prevenção; privilegiar a manutenção e exclusividade das equipas em obra. Equipas de Subempreiteiros devem manter as mesmas equipas atribuídas às obras para não permitir circulação de pessoas entre obras, em especial entre obras de diferentes empreiteiros; a entrada de novas equipas de subempreiteiros em obra, apenas serão possíveis com o cumprimento das regras sanitárias definidas.

Medidas de acompanhamento do pessoal em obra e de risco de contágio:

  • Instituir um sistema interno de acompanhamento de casos suspeitos;
  • Recomenda-se a “Analise de Risco” (em função do número de trabalhadores e das condições de trabalho) de cada “Site” de Obra, estaleiro, escritório de forma autónoma e isolada, determinando a aplicação de uma resposta e medidas adicionais em função do nível de risco;
  • Recomenda-se utilizar os vários serviços privados de rastreio e deteção de Covid-19 para evitar ansiedade junto das pessoas listadas como suspeitas;
  • Isolamento em espaço(s) providenciado pela empresa: conscientes do papel das empresas na sociedade, recomenda-se às empresas que providenciem espaço(s) de isolamento para que colaboradores em situação suspeita tenham um local onde pernoitar e permanecer pelos dias necessários até confirmação da suspeita e evitar que regressem a casa e contagiem a sua família.

Equipamentos e materiais que as obras/estaleiros deverão providenciar e disponibilizar:

  • Solução antisséptica de base alcoólica (SABA) a ser colocada em locais estratégicos como: zona de refeições, salas de reunião, entrada dos contentores, casas de banho, equipamentos de registo de ponto, fotocopiadoras, zona de isolamento, e locais estratégicos por toda a obra;
  • Máscaras cirúrgicas para utilização do trabalhador com sintomas (para uso nos casos suspeitos);
  • Máscaras (FFP2), óculos com proteção lateral e luvas descartáveis para utilização da(s) pessoa(s) designada(s) para acompanhamento e assistência ao trabalhador com sintomas (para uso nos casos suspeitos).
Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta

Publicidade