Dados do Boletim Económico de outubro do Banco de Portugal (BdP) revelam a resistência do setor, que se tem mostrado "imune" à crise da Covid-19.
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BdP destaca “resiliência” da construção e dinamismo do investimento perante a crise pandémica
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A atividade económica portuguesa na primeira metade do ano foi “severamente” afetada pela pandemia da Covid-19, segundo o Boletim Económico de outubro do Banco de Portugal (BdP), divulgado esta terça-feira (6 de outubro de 2020). Ainda assim, o comportamento da construção contrasta com os demais setores, uma vez que, e ao contrário da última crise em que foi dizimada, se destaca por um desempenho mais positivo. De acordo com o BdP, o setor da construção está a mostrar uma “assinalável resiliência”, conseguindo manter-se “insulado dos fortes impactos negativos da crise pandémica”.

“O setor da construção contribuiu positivamente para o crescimento do VAB (valor acrescentado bruto) no primeiro semestre de 2020. A assinável resiliência da atividade do setor da construção perante a crise pandémica está em linha com o dinamismo do investimento em construção”, lê-se na análise do BdP. Segundo os dados do regulador, a construção registou um aumento do VAB em termos homólogos de 0,6% no primeiro trimestre e uma aceleração no segundo trimestre (3,8%), no pico da pandemia.  

Investimento na construção continuou a crescer

O BdP adianta que, e apesar do quadro de incerteza e de quebra da atividade ter-se refletido de forma negativa no investimento, que caiu 6,4% em termos homólogos, no primeiro semestre, o “comportamento das principais componentes da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) foi diferenciado”, salientando-se mais uma vez a resiliência da construção.

“A FBCF em construção registou um abrandamento no primeiro semestre, mas manteve um dinamismo assinalável (crescimento de 3,5% em termos homólogos, que compara com 5,9% na segunda metade de 2019). Em termos trimestrais, observou-se mesmo uma aceleração de 4,7& do primeiro para o segundo trimestre”, escreve o regulador.

Para o BdP, o desempenho positivo da atividade da construção “contrasta com a observada em vários países da área do euro, onde o setor foi muito afetado pela pandemia”. “Para esta evolução diferenciada contribuiu o facto de as medidas do estado de emergência em Portugal não terem imposto a suspensão de obras”, explica a autoridade monetária. “Apesar de se ter reduzido, a confiança no setor manteve-se em níveis superiores à média dos últimos 10 anos na primeira metade do ano”, conclui a entidade liderada por Mário Centeno.

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