O tema está na ordem do dia. Com o fim do teletrabalho obrigatório, coloca-se agora a questão: trabalhar no escritório ou em casa? Estar em teletrabalho, a 100%, apostar num regime de trabalho híbrido, em que se vai ao escritório apenas alguns dias por semana, ou ir sempre para o emprego fisicamente? Esta será a dúvida do momento para muitos empregadores e trabalhadores. Com o súbito aparecimento da pandemia, que teima em não dar tréguas, tudo parece ter mudado no panorama laboral - das normativas legais às questões logísticas e pessoais.
Do lado das empresas, muitas estão agora a adaptar as suas instalações para dar resposta às necessidades do momento. É o caso da Zurich, que está a transformar/reabilitar o seu edifício-sede em Lisboa, na Rua Barata Salgueiro. Carlos Fonseca, COO da seguradora, conta ao idealista/news o que vai mudar no espaço e lembra que o objetivo está bem definido: torná-lo num escritório do futuro. Sustentabilidade é a palavra de ordem.
“(…) O edifício passará a contar com diversas zonas colaborativas inter e intra-equipas, espaços sociais e de lazer, uma zona com cafetaria com esplanada exterior, uma sala polivalente para atividades desportiva e culturais, sala de amamentação e repouso e balneários”, começa por explicar o responsável, adiantando que o projeto LiZboa, como foi batizado internamente, “tem dois grandes pilares”. “A reabilitação do edifício-sede e a adoção de um modelo de trabalho híbrido, que visam aumentar o bem-estar das nossas pessoas, ao mesmo tempo que possibilitamos um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional”.
Carlos Fonseca, na entrevista concedida por escrito ao idealista/news, revela ainda que a Zurich vai implementar, até ao final do ano, “um programa de construção e renovação sustentável em mais de 50 escritórios a nível global, onde o projeto LiZboa se inclui”.
Sobre o que é isto de ser ou ter um escritório do futuro, é claro: “Os escritórios do futuro passarão a privilegiar os momentos de interação e colaboração entre as equipas, reforçando a dimensão relacional que o teletrabalho não consegue assegurar em pleno. Passarão também a contar com mais espaços de lazer, socialização e brainstorming, que tenham um impacto positivo na experiência dos colaboradores e, consequentemente, na sua produtividade, bem-estar e saúde mental”.
 A Zurich está a transformar/reabilitar o seu edifício-sede, na Rua Barata Salgueiro, em Lisboa. O que vai mudar? O que haverá de novo?
O projeto LiZboa tem dois grandes pilares – a reabilitação do edifício-sede e a adoção de um modelo de trabalho híbrido – que visam aumentar o bem-estar das nossas pessoas, ao mesmo tempo que possibilitamos um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A reabilitação do nosso edifício-sede surge também com o intuito de dar resposta aos atuais desafios do mundo do trabalho e, simultaneamente, reforçar o nosso compromisso com a sustentabilidade. O novo espaço foi concebido para facilitar a adoção de um modelo de trabalho híbrido, que pressupõe uma articulação flexível entre o trabalho remoto e presencial, aspeto que passou a ser requisito fundamental numa realidade pós-pandemia.
Mas, mais que facilitar a transição para um novo modelo de trabalho, o objetivo é também reforçar a dimensão relacional e proporcionar uma experiência melhorada no local de trabalho para os nossos colaboradores, adaptando as condições e infraestruturas às novas dinâmicas. Assim, o edifício passará a contar com diversas zonas colaborativas inter e intra-equipas, espaços sociais e de lazer, uma zona com cafetaria com esplanada exterior, uma sala polivalente para atividades desportiva e culturais, sala de amamentação e repouso e balneários.
O novo edifício está a ser projetado considerando as melhores práticas internacionais e respeitando dez áreas relevantes para a saúde e bem-estar dos colaboradores:
- Ar;
 - Água;
 - Alimentação;
 - Iluminação;
 - Atividade física;
 - Conforto térmico;
 - Materiais;
 - Saúde física;
 - Saúde mental;
 - Comunidade.
 
Além das preocupações com o conforto dos colaboradores, iremos também privilegiar equipamentos mais eficientes e com um melhor desempenho energético, como é o caso da iluminação, que passará a ser 100% LED, e a renovação do sistema de ventilação e climatização, garantindo a qualidade do ar interior.
Quando arrancaram as obras e quando estarão concluídas? Houve alguma derrapagem de custos ou prazos, nomeadamente devido à pandemia? Estão a cargo de que empresa(s)?
As obras arrancaram no segundo semestre de 2021 e estão a ser realizadas em duas fases – uma delas será terminada até ao final de 2022 e outra durante 2023. Esta é uma forma de garantir que temos sempre postos de trabalho disponíveis para os colaboradores que preferem trabalhar no escritório.
Para o projeto LiZboa selecionámos a JLL e Tétris com quem fizemos uma parceria que se estende muito além das obras de reabilitação do edifício sede, isto é, contámos também com a consultadoria da JLL e Tétris na gestão de mudança organizacional que este projeto subentende e na estratégia para o modelo de trabalho híbrido. Com demais apoio externo e com o total envolvimento dos nossos colaboradores – que tiveram voz ativa na definição dos espaços e do modelo híbrido – estamos a transformar os nossos espaços e, em simultâneo, a adaptar a organização a estes novos espaços. O slogan do projeto LiZboa é precisamente “LiZboa: Construímos futuro”.
As obras já estavam pensadas ou o aparecimento da pandemia levou a que a empresa tenha decidido avançar com as mesmas, para dar resposta ao teletrabalho e/ou modelo de trabalho híbrido?
A Zurich já vinha a trabalhar na transformação do modelo de trabalho desde 2016, com a implementação de um programa de flex work. Contudo, a pandemia veio reforçar a necessidade de apostar ainda mais nesta transformação, tendo impulsionado o projeto LiZboa. Com esta decisão conseguimos também concentrar a nossa operação em Lisboa num único edifício, que antes estava dividida em dois edifícios, um na Av. da República e outro na Rua Barata Salgueiro.
 Acredita que o edifício-sede da Zurich em Lisboa será um escritório do futuro? Porquê? O que o distinguirá dos restantes?
Sim, sem dúvida. Em primeiro lugar, porque é um escritório concebido para integrar a flexibilidade do modelo de trabalho híbrido, um dos elementos mais valorizados pela maioria dos colaboradores atualmente. Em segundo lugar, porque privilegia a experiência dos colaboradores, integrando mais espaços que tornam possíveis o bem-estar, a socialização e o trabalho colaborativo, fomentando a criatividade e produtividade e reforçando a nossa cultura organizacional. Por último, e não menos importante, porque foi concebido considerando as melhores práticas de sustentabilidade, permitindo a diminuição do nosso impacto ambiental, um compromisso que não descuramos.
O que é, no seu entender, um escritório do futuro?
Um escritório do futuro é aquele que acompanha a evolução dos modelos de trabalho e as expetativas dos colaboradores. É um espaço adaptado às preferências dos colaboradores, assente na digitalização, flexibilidade e sustentabilidade, tendo sempre em conta a cultura de cada organização.
"Um escritório do futuro é aquele que acompanha a evolução dos modelos de trabalho e as expetativas dos colaboradores. É um espaço adaptado às preferências dos colaboradores, assente na digitalização, flexibilidade e sustentabilidade, tendo sempre em conta a cultura de cada organização"
Com a prevalência do trabalho remoto ou híbrido, acredito que os escritórios do futuro passarão a privilegiar os momentos de interação e colaboração entre as equipas, reforçando a dimensão relacional que o teletrabalho não consegue assegurar em pleno. Passarão também a contar com mais espaços de lazer, socialização e brainstorming, que tenham um impacto positivo na experiência dos colaboradores e, consequentemente, na sua produtividade, bem-estar e saúde mental.
 Sustentabilidade é uma palavra cada vez mais usada e a ter em conta no mundo, nomeadamente no setor imobiliário. Que importância tem para a Zurich esta questão?
Mais que um tema quente na agenda das empresas, na Zurich encaramos a sustentabilidade como um dever e um compromisso, incorporando-a no centro do negócio.
Neste sentido, temos vindo a implementar várias medidas para alcançar a meta de nos tornarmos uma empresa neutra em carbono até 2050. Destaco, por exemplo, a redução em 70% das emissões associadas a viagens aéreas a partir de 2022, a documentação que partilhamos com os clientes deverá tornar-se totalmente digital até 2025 (que atualmente representa 80% do consumo de papel do Grupo Zurich), a substituição das viaturas da frota do Grupo Zurich para veículos elétricos ou híbridos e a aposta em refeições saudáveis – com alimentos de origem sazonal e regional – e na implementação de programas de gestão de resíduos, para evitar o desperdício alimentar nas instalações do Grupo Zurich, que têm cantinas e restaurantes. Até ao final de 2022 vamos também implementar um programa de construção e renovação sustentável em mais de 50 escritórios a nível global, onde o projeto LiZboa se inclui.
Considera que a Zurich, de alguma forma, está a ser pioneira neste setor, ou seja, na vanguarda dos escritórios do futuro? Porquê?
Perante uma nova disrupção no mundo do trabalho imposta pela pandemia, procurámos adaptar-nos e implementar as alterações necessárias para garantir que acompanhamos a evolução e que somos uma organização que os colaboradores e parceiros de negócio querem, com orgulho, continuar a pertencer.
(...) Os escritórios do futuro passarão a privilegiar os momentos de interação e colaboração entre as equipas, reforçando a dimensão relacional que o teletrabalho não consegue assegurar em pleno. Passarão também a contar com mais espaços de lazer, socialização e brainstorming, que tenham um impacto positivo na experiência dos colaboradores e, consequentemente, na sua produtividade, bem-estar e saúde mental"
O nosso principal objetivo é proporcionar uma experiência de trabalho única e melhorada aos nossos colaboradores através de um escritório mais confortável, flexível, ágil e adaptado à nova realidade. Quando fazemos parte da construção de uma tendência é difícil afirmar que somos pioneiros – preferimos antes estar disponíveis para aprender e trocar experiências com outras organizações, através deste conhecimento podemos ir sempre melhorando. Ganham os colaboradores, quem nos visita e o planeta.
 
 
 
 
 
 
 
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