
O vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa (CML) disse que a remodelada Segunda Circular pode vir a contemplar, no futuro, ciclovias e passeios pedonais, infraestruturas pedidas por ambientalistas e utilizadores de bicicleta. “A obra está preparada para que no futuro possa acolher transporte coletivo em sítio próprio, ciclovias e passeios pedonais onde se justifique”, referiu Manuel Salgado, num debate sobre o projeto promovido pela Assembleia Municipal de Lisboa.
O autarca adiantou, citado pela Lusa, que “no projeto de execução serão introduzidos aperfeiçoamentos” face ao que é proposto e que esteve em consulta pública, assentando na reformulação de alguns acessos e dos nós de acesso e na redução da velocidade de 80 para 60 quilómetros/hora, de forma a melhorar a fluidez do tráfego e conferir mais segurança à via.
De referir que o município quer também criar um separador central maior e arborizado, reduzir a largura da via da direita, montar barreiras acústicas, reabilitar a drenagem e do piso e renovar a sinalética e a iluminação pública. Segundo Manuel Salgado, “haverá uma nova auditoria de segurança rodoviária e o projeto será revisto por uma entidade independente”.
Para Paulo do Carmo, da associação ambientalista Quercus, que também participou no debate, “é importante considerar a inclusão de uma ciclovia” no projeto. O especialista sugeriu também que “alguns veículos possam ter prioridade”, referindo-se aos elétricos, híbridos e a gás, e recomendou à CML que monitorize a qualidade do ar e o ruído.
Já o presidente do Automóvel Club de Portugal, Carlos Barbosa, alertou que “o separador central” previsto no projeto “não fornece segurança”, havendo “sérios riscos de ser transposto”.
Ordem dos Engenheiros quer projeto melhorado
Entretanto, a Ordem dos Engenheiros (OE) recomendou à CML a adoção de diversas restrições e melhorias ao projeto inicialmente apresentado pela autarquia.
“Merece especial preocupação a solução adotada para o separador central, com 3,5 metros de largura, onde serão plantadas árvores, não tendo instalado um adequado sistema de retenção de veículos (para as condições prevalecentes do tráfego de ligeiros e pesados), e dispondo apenas de um lancil com 35 centímetros de altura ao longo da sua extensão (com exceção das zonas com curvas de raio inferior a 400 metros, onde a altura passa para 45 centímetros)”, alerta um documento da OE.
Segundo o Diário Económico, que teve acesso ao documento, a instituição presidida por Carlos Matias Ramos considera que esta solução, “do ponto de vista físico, não garante a necessária segurança do tráfego rodoviário, com o inconveniente acrescido de favorecer e incentivar o atravessamento das duas faixas de rodagem por peões, ao contrário do que sucede atualmente”.
Nesse sentido, a OE recomenda que “esta componente do projeto seja revista e reformulada em conformidade, considerando a instalação de um adequado sistema de retenção”, prevendo-se “apenas a plantação de espécies arbustivas de pequena altura”. A entidade refere ainda que a construção de algumas passagens de peões desniveladas permitiria atenuar o efeito de barreira desta via.
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