O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, vai “avaliar a possibilidade” da autarquia comprar o centenário bairro do Cruzinho, o último conjunto de habitações operárias do Campo Alegre. Em causa está uma recomendação apresentada pela CDU – uma proposta da vereadora Ilda Figueiredo. Trata-se de um bairro da zona ocidental da cidade datado de 1895 e onde residiu o historiador Germano Silva.
“O bairro não está classificado e naquela zona a CMP não tem o direito de opção. Ainda assim, podemos contactar os proprietários, indagar sobre as intenções e avançar com um modelo negocial”, disse Rui Moreira.
Segundo a Lusa, logo após a CDU ter apresentado a proposta, o novo vereador da Habitação, Fernando Paulo (eleito pela lista do independente), referiu que a aquisição do bairro do Cruzinho “não será do interesse da CMP”, que a autarquia “não se pode substituir” aos privados e que no bairro do Cruzinho “só vivem 13 famílias”. O responsável adiantou ainda que a CMP tem “cerca de 30 mil inquilinos em 15 mil habitações”, pelo que não pode “fazer procuradoria em relação aos inquilinos privados”.
Em resposta a Fernando Paulo, Ilda Figueiredo notou que “o bairro do Cruzinho não é um bairro operário qualquer”, mas “o único que resta numa zona que foi profundamente industrial”, pelo que está em causa “uma memória da cidade que deve ser preservada”.
A comunista acrescentou que a CDU apresentou uma proposta concreta para aquele bairro e que nunca sugeriu que tem de ser a CMP a ter a responsabilidade de “intervir em todas as ilhas ou bairros operários privados da cidade”.
A proposta original de Ilda Figueiredo recomendava que a autarquia encetasse “todas as diligências para exercer o direito de preferência na aquisição do Bairro do Cruzinho e preveja a sua reabilitação mantendo os atuais moradores”, ao mesmo tempo que disponibiliza “novas habitações sociais designadamente para jovens casais e estudantes”.
No documento, a vereadora referia que aquele bairro operário da rua do Campo Alegre “corre o risco de demolição” e que “há pressão visando a saída [dos moradores] das 13 casas ainda ocupadas das 48 que existiam”, escreve a Lusa.
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