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... E há cada vez mais famílias a arrendar casa a turistas para enfrentar desemprego
GTRES

Há cada vez mais famílias portuguesas a converter as suas casas em estabelecimentos de Alojamento Local (AL). Rentabilizar os imóveis é a única forma – para alguns – de combater a falta de oportunidades de emprego e de superar dificuldades.

Mafalda, Cristina e Marco, que estiveram à conversa com a Lusa, partilham desilusões semelhantes no que diz respeito à falta de emprego, mas também as mesmas preocupações sobre as propostas em discussão para alterar a lei do setor. "Reconverti a minha casa de habitação em AL", contou Mafalda, uma proprietária que encontrou no AL a solução para evitar a venda do seu imóvel devido à situação de desemprego em que se encontrava.

Também desempregada e em risco de perder o dinheiro que tinha em depósitos bancários, Cristina Alves resolveu investir na compra de um imóvel em Lisboa, que "estava em muito más condições". Feitas as obras de reabilitação, pôs o apartamento em AL e ganhou uma atividade profissional que exige "disponibilidade a 100%", disse à Lusa.

Marco Soares também decidiu aproveitar um apartamento da família, na cidade do Porto, que se encontrava desocupado. Deixou o Reino Unido, onde esteve emigrado, e regressou à cidade para apostar no AL. "Com o turismo todo no Porto foi uma maneira de conseguir voltar e ter algum rendimento", revelou o jovem portuense.

Proprietários preocupados com alterações ao AL

Mafalda, Cristina e Marco revelaram-se preocupados com as propostas de vários grupos parlamentares para alterar a legislação do AL, sobretudo com o projeto do Bloco de Esquerda (BE), que quer limitar o negócio a 90 dias por ano.

“A casa tem encargos de exploração e de manutenção, portanto 90 dias para explorar em AL não me permite viver. Isso seria um caos na minha vida, porque deixo de ter fonte de rendimentos e é grave", afirmou Mafalda Nogueira, revelando que, apesar de recente, o investimento "está a correr muito, muito bem".

"Vou trabalhar 90 dias e o resto do ano que é que faço? E mesmo que continue com AL os tais 90 dias, quem é que me vai querer arrendar no dito arrendamento normal os restos dos meses?", questionou Cristina Alves, considerando que estas medidas não só não resolvem o problema do arrendamento tradicional em Lisboa como vão "prejudicar todos aqueles que fazem disto uma profissão".

Marco Soares partilha da mesma opinião. “O que está em discussão, pelo que estou a entender, é o seguinte: junho, julho e agosto, que são os meses altos na cidade do Porto, à partida vão ser para AL e o resto do ano é para esquecer ou então para fazer o alojamento normal", afirmou Marco Soares, considerando "inconcebível" que lhe queiram dizer o que fazer com o negócio.

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