Lisboa, a “cidade velha” e pouco atrativa que está a “recuperar a glória”

Algarve, Costa de Prata e mais recentemente Lisboa. O mercado imobiliário nacional está ao rubro e há cada vez mais estrangeiros a investir em Portugal, um cenário que se deve manter nos próximos tempos, antevê Colm Wilkinson, Regional Manager Lisbon da PortugalProperty.com, em entrevista ao idealista/news. A capital está, agora, no centro das atenções: “O que vi nos últimos cinco anos é fenomenal. As alterações na cidade são absolutamente inacreditáveis”.
O responsável da mediadora – opera em Portugal há 13 anos, desde 2005 – desfaz-se em elogios à evolução verificada em Lisboa, uma cidade que renasceu das cinzas e que agora está na moda. “No início, o nosso foco era o mercado internacional, que predominantemente se interessava pelo Algarve. Lisboa não era atrativa. Era uma cidade velha, a ‘cair’, sem investimento, sem dinheiro, escura, suja…”, começa por dizer.
Vamos por partes. Em 2005, o core business da PortugalProperty.com era o Algarve, sendo que as atenções centraram-se depois nas zonas a Norte Lisboa, na Costa de Prata – São Martinho do Porto, Nazaré, Óbidos etc. Lisboa não entrava nos planos.
“Vivo em Portugal há 13 anos: vim para Lisboa em 2005 e nessa altura não era possível valorizar Lisboa: levávamos os clientes à Baixa e havia edifícios velhos, restaurantes velhos e a vender o mesmo tipo de comida. O que vi nos últimos cinco anos é fenomenal. As alterações na cidade são absolutamente inacreditáveis. É agora um mercado quente, desejável, sexy. Há um ‘buzz’ em torno da cidade”, conta Colm Wilkinson.
"É uma altura fantástica para Lisboa. Todos os portugueses deviam sentir-se orgulhosos" com a imagem da cidade e de Portugal além fronteiras.
Colm Wilkinson
Para este irlandês apaixonado por Lisboa, a capital “está a recuperar a sua glória, o que só pode ser conseguido através do investimento internacional”. “É uma altura fantástica para Lisboa”, diz, salientando que “todos os portugueses deviam sentir-se orgulhosos” com a imagem da cidade e de Portugal além fronteiras.
O que esperar do futuro
E será que este cenário positivo vai manter-se muito mais tempo? Colm Wilkinson responde sem hesitar: “Isto não acontece do dia para a noite, tem sido construído ao longo dos anos e trabalhado pelo Governo. Na nossa opinião, Portugal, e sobretudo Lisboa, é o cartão de visita da Europa. Se fosse um homem de apostas diria que temos mais três a quatro anos, talvez cinco, de crescimento saudável, até que Lisboa vai atingir o nível que merece”.
"Se fosse um homem de apostas diria que temos mais três a quatro anos, talvez cinco, de crescimento saudável, até que Lisboa vai atingir o nível que merece".
Colm Wilkinson
Atualmente os preços das casas em Lisboa estão inflacionados, algo que não preocupa o responsável da PortugalProperty.com, que se mostra surpreendido com a rapidez da evolução registada na cidade: “Há cinco anos o preço do metro quadrado (m2) na Baixa era de 1.500 euros e agora é de 7.500 euros. No entanto, os preços, quando comparados com os de outras cidades, como Londres, Paris, Roma ou Dublin, ainda são baixos. Isto com muito mais coisas para oferecer: o custo de vida é mais baixo, há mais segurança, o clima…”.
Segundo Colm Wilkinson, “é muito fácil vender Lisboa” aos investidores ou potenciais clientes/compradores. “O risco de investir é muito baixo e há confiança no mercado”, conta.
Ainda há espaço para crescer?
Quando questionado sobre se ainda há espaço para investir em imóveis em Lisboa, ou seja, se ainda há imóveis subaproveitados na capital, o responsável responde sem hesitar. “Há na cidade mais de 2.000 edifícios antigos, mas é preciso tempo. É o mercado a funcionar. Para nós é muito fácil vender as mesmas quatro, cinco localizações, Chiado, Baixa, Santa Catarina, Príncipe Real… Sei que é um cliché, mas digo sempre estas três palavras na hora de valorizar um imóvel: 'localização, localização, localização'”.
"É muito fácil vender Lisboa aos investidores ou potenciais clientes/compradores. O risco de investir é muito baixo e há confiança no mercado".
Colm Wilkinson
Por outro lado, salienta Colm Wilkinson, há um desafio que se impõe, o de “vender mais em zonas ‘fora da caixa’, como por exemplo Ajuda”. “Como estrangeiro que vive em Lisboa, o que é mais atrativo nas zonas centrais, na Baixa, no Chiado etc., é que a maioria dos edifícios históricos estão intactos, mesmo que estejam degradados. Não há um edifício construído nos anos 1970 ao lado de um histórico”, conta.