Para Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, é preciso “incentivar os operadores privados a apostar mais no mercado de arrendamento”.
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“Cultura de ser proprietário vai manter-se em Portugal, mas vai haver uma correção”
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A Century 21 Portugal realizou 2.539 operações de arrendamento em 2019, mais 408 que no ano anterior. Uma subida homóloga de 19% que Ricardo Sousa, CEO da mediadora, vê com bons olhos, apesar de considerar que ainda há um longo caminho a percorrer no mercado de arrendamento em Portugal. “A tendência será aumentar a quota do mercado. A cultura de ser proprietário vai manter-se, mas acreditamos que vai haver uma correção”, diz ao idealista/news.

Segundo o responsável, o desafio, e “essa é inclusive a ideia passada pelo Governo”, passa por reduzir o número de proprietários existentes no país para uma percentagem abaixo dos 70%, sendo qua atualmente se encontra, aproximadamente, nos 75%: “Acreditamos que esse é o caminho, mas temos de incentivar os operadores privados a apostar mais no mercado de arrendamento, isto numa lógica de trazer mais oferta e que esta seja mais profissionalizada”. 

Ricardo Sousa considera, nesse sentido, que é fundamental colocar no mercado imóveis para arrendar com “rendas ajustadas”. “O grande desafio é aumentar a oferta aos jovens, no acesso à sua primeira casa, quando saem de casa dos pais”, comenta.

"Em 2019, começámos a ver muitos proprietários com uma ou duas casa no mercado de Alojamento Local (AL) que, com o trabalho que têm com as mesmas, colocaram-nas no arrendamento tradicional"

Sobre o aumento de 19% no mercado de arrendamento, diz que se trata de “um dado bastante relevante” e destaca dois fatores determinantes que ajudam a explicar esta tendência. “Por um lado, em 2019, começámos a ver muitos proprietários com uma ou duas casa no mercado de Alojamento Local (AL) que, com o trabalho que têm com as mesmas, colocaram-nas no arrendamento tradicional. O outro fator importante está relacionado com as medidas macroprudenciais e as limitações no acesso ao crédito à habitação [impostas pelo Banco de Portugal], que fazem com que o mercado de arrendamento comece a ser opção”, explica Ricardo Sousa.

Construção nova a chegar

A aposta na construção nova é uma das soluções apontadas pelos vários intervenientes do setor imobiliário para aumentar a oferta, e Ricardo Sousa não foge à regra. 

Segundo o CEO da Century 21 Portugal, estão a chegar ao mercado mais casas novas, mas a oferta ainda é escassa: “O pipeline’ atual, pelo menos nos projetos que temos estado a acompanhar, mesmo fora da cidade, [contempla] imóveis direcionados para a classe média. Nos projetos dentro de Lisboa, os preços já começam a rondar os 4.000 euros por metro quadrado (m2), em vez de 7.000 euros por m2. Mas estes projetos até chegarem ao mercado ainda demora. E muitos são pequenos, por isso algo que temos de refletir é a capacidade construtiva que temos, porque os elevados custos de consrução serão uma limitação”. 

Entretanto, e citado num comunicado enviado pela mediadora, Ricardo Sousa refere que o setor precisa “de ganhar agilidade e adotar uma percepção mais eficiente das alterações demográficas, económicas, sociais e ambientais que a sociedade está a enfrentar”.

“Regista-se um desajuste muito evidente entre a atual oferta e a procura. O mercado imobiliário não está a facultar soluções habitacionais adequadas às expetativas e necessidades das famílias portuguesas. Os principais atores do setor imobiliário necessitam de constatar o que pretendem os consumidores nacionais (...) para se criarem soluções de habitação em linha com as expetativas e a capacidade financeira das famílias portuguesas”, comenta.

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