
Não se sabe quando ou quanto vão subir as taxas de juro, mas é certo que as famílias, empresas, e o próprio Estado sentirão os efeitos de um possível aumento. A inflação em alta está a pressionar o Banco Central Europeu (BCE), que poderá ver-se obrigado a tomar medidas antes do previsto – na prática, já este ano. Ainda nada está decidido, mas já se fazem previsões sobre o que aí vem.
Aumento da prestação da casa para as famílias
Caso se confirme a decisão do BCE, poderá haver um aumento da prestação da casa paga a banco. Isto porque a subida terá impacto nas taxas Euribor (a três, seis e 12 meses) às quais está indexada a maioria dos créditos habitação em Portugal. As previsões dos economistas apontam para que as taxas do Euribor abandonem o terreno negativo já no próximo ano - ou até antes, no segundo semestre de 2022 – o que quer dizer que muitas famílias podem vir a sofrer um agravamento das prestações mensais do empréstimo da casa.
Segundo os especialistas do idealista/créditohabitação, "quem tiver um crédito habitação com taxa fixa não está sujeito às flutuações da Euribor, pelo que apenas sentirá o aumento quem tiver o empréstimo com taxa variável, ainda que no curto prazo o impacto não se prevê significativo”. Para melhor compreender como esta variação pode impactar nos bolsos dos portugueses, o idealista/news fez várias simulações que podes consultar aqui.

Comprar casa também poderá ficar mais caro face aos prazos mais curtos dos empréstimos. A partir de 1 de abril de 2022, os novos créditos para a compra de casa terão uma maturidade máxima de 40 anos para os clientes bancários com idade igual ou inferior a 30 anos, enquanto os contratos com clientes entre os 30 e os 35 anos, que recorram a crédito habitação para comprar casa, terão um prazo máximo de 37 anos. Já para os mutuários com idade superior a 35 anos, a maturidade máxima do financiamento do banco desce para 35 anos.
Empresas: moratórias e financimento mais caro
O financimento bancário às empresas também ficará mais caro, uma vez que a maioria dos empréstimos também está associada às taxas Euribor, tal como nos particulares, acrescido de um spread ou margem comercial, que é definida em função do risco de cada empresa. Recorde-se que os prazos dos empréstimos para empresas também são mais curtos.
Além disso, e de poderem vir a enfrentar a subida das taxas de juro e encargos, algumas empresas terão de lidar com o fim das moratórias de crédito – nomeadamente os setores mais afetados pela pandemia – , algo que poderá desequilibrar as contas.
Qual o impacto nas contas públicas?
Tal como escreve o Público, e ao contrário do que acontece com as empresas e particulares, o Estado contraiu dívida a taxa fixa. Quer isto dizer que irá continuar a pagar os mesmo juros pelas obrigações e bilhetes do Tesouro emitidos ao longo dos anos e pelos empréstimos concedidos pelos parceiros europeus durante os tempos da troika.
Apesar disso, o impacto também se fará sentir à medida que o BCE deixar de comprar tantos títulos de dívida pública e depois começar a subir as suas taxas de juro de referência.
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