O diagnóstico está feito: continua a faltar habitação em Portugal. Quer para comprar, quer para arrendar. E há um segmento com potencial para dar resposta a uma parte do problema no país que não está a conseguir dar o salto. Trata-se do multifamily (ou Build to Rent), um segmento alternativo focado na habitação construída de raiz destinada ao mercado de arrendamento, que em Portugal continua a “esbarrar” na elevada carga fiscal e nos atrasos dos processos de licenciamentos.
Gonçalo Ponces, head of Development da JLL, revela que há, de facto, “muito interesse” da parte dos investidores em construir para arrendar. “Nós temos muito contacto com investidores, sobretudo institucionais, que são fundos de pensões, seguradoras, e à semelhança do que fazem noutros países, gostavam muito de desenvolver estes programas em Portugal”.
No entanto, há vários desafios. Um deles, diz, é a dificuldade em fechar a “equação de custos de desenvolvimento”, nomeadamente os preços dos terrenos, que têm vindo a subir, assim como os custos de construção. Mas também a carga fiscal que, para a produção de habitação “é muito exagerada se somarmos tudo”, diz o responsável durante a apresentação do estudo anual Market 360º da consultora.
Gonçalo Ponces adianta que “tem havido a aposta do Estado e dos municípios em arrendamento acessível”, mas ainda com "poucos frutos”. Contudo, acredita que este ano poderá ser possível “dar um salto interessante”, frisando, por exemplo, a lei aprovada pelo Governo que reduz a taxa de IVA de 23% para 6% nas habitações construídas ou reabilitadas para destinar a arrendamento acessível, e que fiquem no mercado pelo menos 25 anos.
“Trata-se de um benefício que passou a estar em cima da mesa nas análises dos promotores, e se existirem projetos de grande escala, os promotores estão disponíveis para desenvolvê-los e os investidores institucionais a absorvê-los. Falta só melhorar todo o esquema de custos para tornar isto possível”, refere Gonçalo Ponces.
Sem adiantar detalhes, o head of Development da JLL dá como exemplo dois projetos de habitação acessível de iniciativa de privada que estão em marcha no Grande Porto, e que entrarão em obra ainda este semestre. A esperança é que "mais projetos como estes se multipliquem".
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