Imobiliário de luxo vive tempos de dinamismo. E há cada vez mais nacionalidades interessadas em investir em Portugal.
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casas de luxo
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O mercado imobiliário de luxo vive tempos de bonança. No ano passado, a procura por casas de luxo em Portugal continuou em alta, estendeu-se a novas nacionalidades, e o volume de negócios cresceu, com vários projetos a atrair as atenções de quem investe - cá dentro e lá fora. E o CEO da Porta da Frente Christie’s, Rafael Ascenso, não tem dúvidas de que o imobiliário deverá continuar a ser a aposta “mais segura e rentável” em 2023. O responsável considera que “investir em imobiliário é garantir que o dinheiro não desvaloriza”.

O mercado imobiliário premium segue assim a todo vapor, e os números não deixam margem para dúvidas, segundo revela o Report Review 2022 da Porta da Frente Christie’s. A imobiliária fechou o ano de 2022 com um volume de faturação a rondar os 515 milhões de euros, no total de 416 imóveis transacionados – este foi, de resto, “o melhor ano de sempre”, tendo sido vendidas +15% de unidades face a 2021. Já o preço médio de venda cifrou-se nos 1,2 milhões de euros, mais 25% face ao período homólogo.

A nacionalidade portuguesa continua a ser a que “mais acredita e investe no mercado imobiliário”, de acordo com os dados apresentados pela mediadora imobiliária num encontro com jornalistas esta quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023. Os investidores nacionais representaram 55% dos negócios realizados, num total de 33 nacionalidades que se interessaram pelo país. Do lado dos estrangeiros destacaram-se, no ano passado, os compradores brasileiros (17%), russos (6%), angolanos (4%), mas também os norte-americanos (2%) - que em 2023 poderão reforçar a sua posição por via, também, da valorização do dólar.

Cascais
Foto de Jeroen den Otter no Unsplash

Em termos de localizações, o relatório indica que, em Cascais, o preço médio de venda rondou os 1,9 milhões de euros. Neste caso, os investidores portugueses representaram 43% das transações, seguidos pelo Brasil (19%), Rússia (10%) e Reino Unido (4%). Em Oeiras, o valor médio de transação foi de 697 mil euros, e neste município os portugueses ocuparam um lugar de destaque: foram responsáveis por 75% das transações, seguindo-se o Brasil (14%), Bélgica (3%) e China (2%). Já em Lisboa, o preço médio fixou-se nos 991 mil euros – os clientes portugueses tiveram um peso de 49%, seguidos pelo Brasil (15%), Angola (8%) e França (7%).

Imobiliário de luxo: que tendências para 2023?

  • Fortalecimento “ainda maior” do cliente nacional

A Porta da Frente Christie’s recorda que os portugueses continuam a investir no imobiliário no segmento médio-alto e alto, e considera que esta tendência se irá acentuar em 2023.

  • Consolidação do imobiliário como foco para investimento

Segundo a mediadora, a subida da inflação e baixa rentabilidade de produtos financeiros demonstraram que investir em imóveis continuará a ser uma das melhores apostas, “com maior segurança e rentabilidade”.

  • ‘Walkability' e vivência de bairro

Esta é uma tendência que continuará a crescer e a influenciar a conceção de projetos imobiliários. Os clientes dão cada vez mais valor ao conceito de bairro, “onde podem largar o carro e fazer o dia a dia a pé”.

Lisboa
Foto de Paulo Evangelista no Unsplash
  • Procura fora dos grandes centros urbanos

O trabalho remoto e a pandemia trouxeram uma nova forma de viver, atraindo muitas pessoas para fora dos centros urbanos onde podem ter imóveis maiores e com ligação à natureza. Localizações como Alentejo e Comporta terão cada vez mais interessados.

  • Estabilização de preços, mas não tem todo o lado

Rafael Ascenso acredita que o mercado terá tendência a estabilizar em termos de preços e a consolidar-se. “Temos sinais disso. Temos alguma estabilização de preços, mas tudo varia de mercado para mercado. Contudo, ainda há uma grande escassez de oferta, e por causa dessa escassez, há localizações onde os valores deverão continuar a subir”, refere o responsável.

Como tem mudado a arquitetura nas casas?

Os investidores estão à procura de espaços cada vez mais amplos e menos compartimentados. Duarte Pinto-Coelho, do gabinete de arquitetura Fragmentos, um dos especialistas de mercado convidados para debater as tendências do setor para 2023 durante a apresentação de resultados da mediadora, considera que “as necessidades são muito diferentes do que eram há uns anos”. Quer-se, por exemplo, um “urbanismo mais inclusivo”, para que “as pessoas possam circular nas cidades”.

Os clientes, quer os promotores, quer o cliente final, diz, são “muito mais exigentes”, o que faz com que os projetos tenham características diferentes, havendo um “um investimento muito grande na parte de conceito”. Além disso, “os clientes são mais novos que há uns anos, e por isso a questão geracional também tem um grande impacto na conceção das casas”. Rafael Ascenso acrescenta que, de facto, a “realidade mudou”. Hoje, diz, “vendem-se casas de 7 e 8 milhões para pessoas de 30 e 40 anos, não só estrangeiros, mas também portugueses”, algo que não acontecia tanto no passado.

arquitetura
Foto de R ARCHITECTURE no Unsplash

Há, por exemplo, uma maior flexibilidade. “Quando nós assessoramos os arquitetos sobre as características de um projeto, não sabemos numa fase inicial a quem vamos vender. E por isso quando fazemos um produto temos de pensar em todos os mercados. No entanto, posso dizer que há cinco anos ter uma cozinha aberta num apartamento T4 de 300 m2 seria impensável... havia uma mentalidade conservadora que está a mudar, nomeadamente no caso dos portugueses”, refere Rafael Ascenso. Também os espaços exteriores ganharam um especial destaque, e há mesmo quem decida não investir numa casa por não ter terraço. “Trata-se de uma grande mudança na arquitetura”, segundo o CEO da Porta da Frente Christie’s.

Outro dos critérios de peso na conceção dos projetos é a sustentabilidade. É hoje em dia um requisito fundamental, nomeadamente em termos de conforto térmico, segundo o arquiteto Duarte Pinto-Coelho. E neste campo, os clientes internacionais são “muito mais exigentes”. Contudo, “a inovação é difícil porque tem custos brutais”, além da “pressão que tem existido no valor da construção versus a demora no lançamento dos projetos”. “Quer-se tudo, mas não se pode ter tudo”, salienta.

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