
O arrendamento coercivo de imóveis é uma das medidas mais polémicas do Mais Habitação. E, agora, os técnicos do Parlamento alertaram que o arrendamento forçado de casas devolutas “parece consubstanciar uma restrição ao direito à propriedade privada”, previsto na Constituição da República Portuguesa. Ainda assim, o diploma segue para discussão parlamentar e votação na generalidade no dia 19 de maio.
Sempre que uma proposta dá entrada na Assembleia da República, os técnicos do Parlamento elaboram uma nota de acessibilidade, que visa apoiar os deputados na sua tomada de decisão. E assim foi com o pacote legislativo do Mais Habitação, que chegou ao Parlamento no passado dia 14 de abril.
Uma das conclusões dos técnicos do Parlamento é que o arrendamento coersivo “parece consubstanciar uma restrição ao direito à propriedade privada” previsto na Constituição, escreve o Jornal de Negócios. A medida “confronta dois direitos constitucionalmente consagrados, entendidos como direitos fundamentais de natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias – o direito à propriedade privada e o direito à habitação – deverá ser equacionado os termos em que o primeiro deverá ceder perante o outro”, lê-se ainda no documento.
Embora não sejam admitidos no Parlamento projetos de lei que violem a Constituição, o diploma do Mais Habitação vai seguir com carácter de urgência, porque o que suscita dúvidas é suscetível de ser eliminado ou corrigido em sede de discussão na especialidade, segundo indica o parecer. A discussão na Assembleia da República está agendada para dia 19 de maio.
Esta não é, no entanto, uma novidade. As vozes dos constitucionalistas que assinaram o parecer vêm juntar-se a outras já tinham alertado para a possibilidade de existir inconstitucionalidade nesta medida, como foi o caso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Recorde-se que a ideia desta medida do Mais Habitação passa por sujeitar ao arrendamento forçado os imóveis que estejam devolutos há mais de dois anos, à exceção de casas de férias, casas de emigrantes e casas de pessoas em lares, por exemplo.
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