Crise na habitação? “Em termos do ranking (posicionamento relativo) não há uma penalização específica de Lisboa ou Porto por este aspeto”.
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Ranking Qualidade de Vida da Mercer
Foto de Miguel Faria na Unsplash

Lisboa e Porto ocupam o 39º e 55º lugares do ranking “Qualidade de Vida”, que avalia os aspetos práticos do quotidiano dos expatriados e das suas famílias que trabalham fora do seu país de origem, sendo publicado todos os anos pela consultora Mercer. No caso da capital, houve uma descida de duas posições na tabela face à última edição, já o Porto não estava listado, revela ao idealista/news Tiago Borges, Career Leader da Mercer Portugal, salientando que a crise na habitação que se vive no país não tem repercussões nestas escolhas: “Em termos do ranking (posicionamento relativo) não existe uma penalização específica de Lisboa ou Porto por este aspeto”.

“Tendo em conta não podermos fazer uma leitura direta pela inclusão de novas cidades nesta edição e de novos fatores na análise, podemos concluir que, no caso de Lisboa, se verificou uma estabilização da posição relativa da qualidade de vida no ranking da Mercer”, refere o responsável. 

Quando questionado sobre o que explica os resultados deste ano, no caso das duas cidades portugueses analisadas, Tiago Borges responde de forma clara: “Relativamente a Lisboa, existe um conjunto de itens que beneficiam a posição global em termos de qualidade de vida. Entre os mais relevantes, podemos apontar a oferta de opções de educação para os filhos de colaboradores expatriados, uma rede fiável e segura de serviços públicos (internet, água, eletricidade, transportes), o clima e o ambiente político e social (interno e na relação com o exterior). Quanto a aspetos menos positivos (numa ótica relativa), podemos identificar o congestionamento de tráfego automóvel, a infraestrutura aeroportuária e a oferta pública de serviços de saúde”. 

No caso da cidade Invicta, “os aspetos que mais se destacaram em termos comparativos são a variedade de restaurantes, a oferta de bens de consumo, a oferta de atividades recreativas e desportivas e o aspeto transversal da estabilidade política e social interna e nas relações com o exterior”, comenta. Entre os “pontos menos positivos”, o responsável da Mercer enumera a rede de transportes, o congestionamento de tráfego e a menor conectividade internacional do aeroporto.

Qualidade de vida em Lisboa e Porto
Tiago Borges, Career Leader da Mercer Portugal Mercer Portugal

Crise na habitação em Portugal sem impacto no ranking

Vivem-se em Portugal momentos conturbados a nível económico, nomeadamente marcados pela alta taxa de inflação e pelo aumento das taxas de juro, que tiram poder de compra às pessoas. A estes fatores soma-se a instabilidade política e uma crise na habitação que teima em não ter fim, com vários players do setor a reclamarem o aumento da oferta de casas no mercado, que consiga corresponder à procura e permitir, desta forma, tornar a habitação mais acessível. Será que todo este contexto afetou de alguma forma, o resultado das cidades portuguesas no ranking?

Tiago Borges afirma que “apesar da disponibilidade de diversas tipologias de habitação também ter sido pontuada de forma favorável (particularmente em Lisboa), o impacto da crise habitacional e da perspetiva de dificuldade de acesso de camadas significativas da população a habitação condigna no centro das grandes cidades pode ter um efeito negativo nos valores absolutos de qualidade de vida”. 

"Apesar da disponibilidade de diversas tipologias de habitação também ter sido pontuada de forma favorável (particularmente em Lisboa), o impacto da crise habitacional e da perspetiva de dificuldade de acesso de camadas significativas da população a habitação condigna no centro das grandes cidades pode ter um efeito negativo nos valores absolutos de qualidade de vida. (...) Em termos do ranking (posicionamento relativo) não existe uma penalização específica de Lisboa ou Porto por este aspeto”

Salienta, no entanto, que “este é um fenómeno transversal a muitas das áreas metropolitanas que se comparam com Lisboa e Porto, pelo que em termos do ranking (posicionamento relativo) não existe uma penalização específica de Lisboa ou Porto por este aspeto”. 

Relativamente à instabilidade política em Portugal, “ainda não foi captada por este estudo”, explica o Career Leader da Mercer Portugal. “Mas ainda assim este é um ativo que Portugal e as maiores cidades portuguesas têm capitalizado, quando comparado com outras geografias onde podem existir temas mais presentes (por exemplo terrorismo, movimentos independentistas, entre outros)”, acrescenta.

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