As casas para comprar e arrendar em Portugal continuaram a ficar mais caras em 2023. E embora o ritmo de subida do custo da habitação tenha abrandando em algumas cidades, a verdade é que continuaram a crescer a maior velocidade do que os salários das famílias. Em resultado, a taxa de esforço para comprar ou arrendar casa subiu no último ano em praticamente todas as capitais de distrito portuguesas, de acordo com um estudo realizado pelo idealista. O esforço exigido para arrendar casa em Portugal aumentou dezanove pontos percentuais (p.p.), passando de 62% no quarto trimestre de 2022 a 81% no quarto trimestre de 2023. Já na compra de casa, a taxa de esforço nacional aumentou 14 pontos, passando de 57% para 71% entre estes dois momentos.
Arrendar casa: esforço é superior a 40% na maioria das cidades
Das 20 cidades analisadas (e com amostras representativas), foi em Faro onde a taxa de esforço para arrendar uma casa mais aumentou no último ano, passando de 58% no quarto trimestre de 2022 para 87% no mesmo período de 2023 (+ 29 p.p.).
Entre os maiores aumentos das taxas de esforço para arrendar a casa no último ano está ainda Funchal (15 p.p.), Lisboa (13 p.p.), Évora (13 p.p.), Porto (13 p.p.), Setúbal (11 p.p.), Aveiro (8 p.p.), Leiria (8 p.p.), Viseu (7 p.p.), Portalegre (7 p.p.), Braga (7 p.p.), Santarém (6 p.p.), Castelo Branco (6 p.p.) e Ponta Delgada (6 p.p.). Com aumentos das taxas de esforço no arrendamento menos acentuadas está Bragança (5 p.p.), Coimbra (5 p.p.), Vila Real (3 p.p.), Beja (1 p.p.) e Viana do Castelo (1 p.p.). A cidade da Guarda (-3 p.p.) foi a única analisada onde a taxa de esforço diminuiu.
Funchal é a cidade que requer o maior esforço por parte das famílias para arrendar uma casa, sendo necessário destinar 89% dos seus rendimentos. Segue-se Faro com uma taxa de esforço de 87%, Lisboa (87%), Porto (76%), Évora (63%), Setúbal (62%), Aveiro (58%), Braga (54%), Santarém (51%), Ponta Delgada (50%), Leiria (48%), Viana do Castelo (47%), Viseu (44%), Beja (43%), Coimbra (42%) e Vila Real (41%).
Já as cidades onde as rendas das casas pesam menos nos rendimentos familiares são Portalegre (33%), Guarda (35%), Castelo Branco (36%) e Bragança (38%). De referir que todas as capitais de distrito, à exceção de Portalegre, apresentaram taxas de esforço superiores ao recomendado, de 33%.
Comprar casa pesa mais de 50% dos rendimentos em 6 cidades
A percentagem de rendimentos que as famílias devem destinar para comprar uma casa, aumentou em todas as capitais de distrito num ano, à exceção de Vila Real, onde passou de 37% no quarto trimestre de 2022 a 36% no mesmo período de 2023, diminuindo 1 p.p.
Foi em Faro onde a taxa de esforço para comprar casa mais aumentou, passando de 69% a 107%, originando um aumento de 38 p.p. Seguem-se os aumentos da taxa de esforço no Funchal (34 p.p.), Lisboa (22 p.p.), Leiria (20 p.p.), Viana do Castelo (19 p.p.), Viseu (13 p.p.), Porto (13 p.p.), Coimbra (12 p.p.), Bragança (11 p.p.), Ponta Delgada (11 p.p.), Santarém (10 p.p.), Aveiro (10 p.p.) e Braga (10 p.p.).
Já as cidades onde a taxa de esforço na compra de habitação menos cresceu entre estes dois momentos foram Beja (2 p.p.), Portalegre (4 p.p.), Guarda (5 p.p.), Castelo Branco (6 p.p.), Setúbal (7 p.p.) e Évora (8%).
No final de 2023, a cidade com a maior taxa de esforço para comprar casa foi o Funchal (113%), seguido por Faro (107%) e Lisboa (101%). Isto quer dizer que o custo de comprar casa nestas cidades supera o rendimento médio dos agregados familiares, estando assim fora do seu alcance. Entre as cidades onde a prestação da casa mais pesa nos rendimentos familiares está o Porto (81%), Aveiro (71%), Viana do Castelo (64%), Braga (62%), Ponta Delgada (61%), Leiria (58%), Évora (51%), Viseu (49%), Coimbra (48%), Setúbal (46%) e Vila Real (36%).
Por outro lado, verifica-se que há seis capitais de distrito onde é possível comprar casa com uma taxa de esforço igual ou inferior à recomendada de 33% (em que a prestação da casa pesa menos de um terço do rendimento disponível da família): Santarém (33%), Bragança (31%), Beja (24%), Castelo Branco (22%), Portalegre (18%) e Guarda (17%).
Metodologia
A taxa de esforço é um indicador que mede o impacto do custo da habitação no poder de compra do agregado familiar. No caso do arrendamento, calcula-se a taxa de esforço como a percentagem anual do rendimento líquido médio do agregado familiar destinada ao pagamento do arrendamento de uma casa. Os valores de arrendamento são obtidos diretamente da fonte de dados do idealista, que disponibiliza preços para cada cidade. Por sua vez, os dados do rendimento líquido familiar são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
No caso da compra de habitação, a taxa de esforço é calculada como a percentagem anual do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de um crédito habitação que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. Recentemente, devido aos aumentos nas taxas de juro, procedeu-se a uma atualização do cálculo com base nos dados publicados pelo Banco Central Europeu (BCE).
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