
A tendência de viver junto aos grandes centros urbanos de Lisboa, Porto e Faro continua. Até porque é aqui que se reúnem mais oportunidades de emprego, mais serviços de educação e de saúde, e até mais atividades de lazer. Mas as famílias que aqui querem comprar casa deparam-se com um mercado aquecido, com preços das casas elevados e muitas vezes incompatíveis com os salários. A situação agrava-se quando colocamos na equação os juros nos créditos habitação, que apesar dos ligeiros recuos, teimam em manter-se elevados. É neste contexto que o idealista/news passou a pente fino os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) para mostrar quais são os municípios da Grande Lisboa, da metrópole do Porto e do Algarve onde comprar casa é mais acessível aos bolsos dos portugueses. Desde logo, salta à vista que nestas regiões do país é possível comprar uma casa por 150 mil euros (ou até menos).
Morar na Grande Lisboa: onde comprar casas mais acessíveis?

Viver na Grande Lisboa é morar na região mais populosa do país, com 2.871.133 habitantes, segundo os dados dos Censos de 2021. E onde a procura de casas para comprar tem sido mais intensa, sobretudo nos municípios periféricos, tal como noticiou o idealista/news. Não é de estranhar, uma vez que é junto à capital onde as famílias portuguesas encontram mais oportunidades de emprego, melhor mobilidade, dinâmica sociocultural e vários serviços de saúde e educação.
Mas esta elevada procura de casas à venda que se faz sentir na metrópole de Lisboa tem aumentado – e muito - os preços das casas nos últimos anos. É por isso que quase todos os seus 18 municípios apresentam valores das casas vendidas superiores à mediana nacional que foi de 1.611 euros por metro quadrado (euros/m2) em 2023, segundo os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada terça-feira, dia 23 de abril.
O único concelho onde foram transacionadas habitações por um valor inferior à mediana nacional foi na Moita (1.498 euros/m2), sendo este o município mais barato de todos para adquirir habitação na Área Metropolitana de Lisboa (AML) durante o ano passado. Isto quer dizer que as famílias conseguiram comprar uma casa de 100 metros quadrados (m2) um por custo mediano ligeiramente inferior a 150 mil euros. Talvez por apresentar uma maior acessibilidade da habitação este foi o 11.º concelho mais procurado na reta final de 2023 entre os 50 municípios analisados pelo idealista/data.
O que salta à vista é que os cinco concelhos da Grande Lisboa com preços das casas mais acessíveis aos bolsos das famílias localizam-se na margem sul do rio Tejo, na Península de Setúbal, mostram ainda os dados do INE relativos a 2023:
- Moita: onde o preço mediano foi de 1.498 euros/m2;
- Barreiro: o valor das casas vendidas foi de 1.687 euros/m2;
- Palmela: aqui as casas foram compradas por 1.764 euros/m2;
- Setúbal: apresentando custo mediano de 1.835 euros/m2;
- Montijo: com preços das casas de 1.840 euros/m2.
Além destes cinco municípios da AML, há apenas mais dois onde as famílias conseguiram adquirir uma habitação de 100 m2 por um custo mediano inferior a 200 mil euros: Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa (1.897 euros/m2), e o Seixal, no distrito de Setúbal (1.992 euros/m2).
Todos os outros municípios da Grande Lisboa apresentam preços das casas superiores, sendo que em Oeiras o custo mediano das habitações vendidas superou os 300 mil euros por 100 m2 e em Cascais aproximou-se dos 400 mil euros. Como seria de esperar, Lisboa é o concelho da AML onde comprar casa é mais caro (4.167 euros/m2), indicam ainda os dados do gabinete de estatística português.
Ainda assim, estes concelhos estão entre os mais procurados para adquirir uma habitação em Portugal no final de 2023: Oeiras ficou em segundo lugar, Lisboa em quarto e Cascais na 13.ª posição. O interesse de portugueses endinheirados e de estrangeiros em viver nestes municípios – que têm maior poder de compra – pode ajudar a explicar a elevada procura de habitação neste período, que contribui para que haja também um aumento dos preços.
Grande Porto: em 8 dos 17 municípios há casas à venda por menos de 150 mil euros

Ao contrário do que se verifica na Área Metropolitana de Lisboa, onde só há um município, a Moita, onde é possível comprar uma casa de 100 m2 por menos de 150 mil euros, no Grande Porto contam-se 8 dos 17 municípios apresentam preços das casas vendidas inferiores a 1.500 euros/m2. E há mesmo 10 concelhos com preços inferiores à mediana nacional (1.611 euros/m2).
É em Arouca onde comprar casa é mais acessível aos bolsos das famílias, já que teve o custo mediano de 924 euros/m2 durante o ano passado. Logo a seguir está Oliveira de Azeméis, com preços das casas de 1.000 euros/m2, e o concelho de Paredes, com 1.081 euros/m2. A lista de municípios mais baratos para comprar casa no Grande Porto segue com São João da Madeira (1.084 euros/m2), Vale de Cambra (1.172 euros/m2), Santo Tirso (1.178 euros/m2), Santa Maria da Feira (1.214 euros/m2) e a Trofa (1.279 euros/m2). Estes são também os concelhos mais afastados da cidade Invicta, localizando-se mais no interior do Grande Porto.
Portanto, segundo os dados do INE, é possível adquirir uma habitação de 100 m2 nestes concelhos da Área Metropolitana do Porto por menos de 130 mil euros – o que não se verifica na metrópole da capital. Mas nem por isso estes oito municípios em redor da Invicta encontram-se entre os 50 mais procurados para comprar casa em Portugal no final de 2023, segundo os dados do idealista/data. A única exceção é Santa Maria da Feira, que se encontra, ainda assim, na 42.ª posição.
As famílias que compraram casa no município da Invicta durante 2023 pagaram, em termos medianos, 2.866 euros por cada metro quadrado. Este é mesmo o município do Grande Porto onde é mais caro adquirir casa, já que uma habitação de 100 m2 teve o custo de 287 mil euros. Nos municípios limítrofes do Porto, os preços caem para 2.491 euros/m2 em Matosinhos e para 1.873 euros/m2 em Vila Nova de Gaia, que completam os top 3 dos concelhos mais caros.
Ainda assim, Matosinhos consegue ser o 22.º município mais procurado para adquirir habitação no final de 2023, enquanto o concelho do Porto está na 32.ª posição. Já Gaia não aparece neste top 50.
Algarve: há casas à venda por menos de 110 mil euros

Na região algarvia, encontrar uma habitação acessível para comprar também não é tarefa fácil, já que 14 dos seus 16 municípios apresentam um preço mediano superior ao valor nacional. O elevado custo das casas a sul do país pode ser explicado por vários fatores, como a escassa oferta de habitação à venda, a par da massificação do Alojamento Local nos últimos anos e de ser um destino preferido para comprar casas de férias. A par de tudo isto, o Algarve tem atraído muitos estrangeiros para viver, tendo em conta as suas praias, o clima ameno e atividades de lazer.
Só há, portanto, dois concelhos algarvios que com preços das casas inferiores à mediana do país (1.611 euros/m2): Alcoutim (795 euros/m2) e Monchique (1.057 euros/m2), que se localizam no interior do Algarve, não dispondo de praias junto ao mar. Mas o preço das casas pode “compensar” a distância de cerca de 30 minutos do Oceano Atlântico, já que nestes municípios é possível comprar uma habitação de 100 m2 por menos de 110 mil euros.
O terceiro concelho mais barato para comprar casa no Algarve também não tem praias oceânicas, mas situa-se mais perto do mar e apenas a 30 minutos de Faro, a capital de distrito. Talvez por isso é que o preço das habitações em São Brás de Alportel dispara para 1.843 euros/m2. Ou seja, em 2023, uma casa de 100 m2 foi vendida por um valor mediano superior a 180 mil euros neste concelho.
Embora haja uma discrepância de preços, estes são os 3 concelhos onde comprar casa é mais acessível na região algarvia. Mas também não entram para a lista dos 50 municípios que despertaram mais interesse em procurar uma habitação entre outubro e dezembro do ano passado. A verdade é que os três mais caros também não estão entre os mais procurados: falamos de Loulé (3.269 euros/m2), Lagos (3.182 euros/m2) e Vila do Bispo (3.162 euros/m2). Só nestes três concelhos do Algarve é que uma habitação de 100 m2 foi vendida por um valor mediano superior a 300 mil euros.
Apenas 8 dos 16 municípios do Algarve é que estão entre os mais pesquisados para adquirir habitação no final de 2023. Vila Real de Santo António – que apresentou um custo mediano de 2.311 euros/m2 durante o ano passado, segundo o INE – foi o mais procurado de todos nesta região, apesar de aparecer na 24.ª posição no ranking geral. A lista dos municípios algarvios mais procurados segue com Portimão, Silves, Albufeira, Tavira, Lagoa e Castro Marim, onde o preço das casas (de 100 m2) variou entre os 215 mil e os 283 mil euros durante o ano passado.
Já Faro foi mesmo o município menos procurados de todos (ficou no 50.º lugar do ranking), apesar de o custo das casas vendidas se encontrar a meio da tabela algarvia (2.315 euros/m2) – ao contrário de Lisboa e do Porto que protagonizam a lista de municípios mais caros para comprar casa em cada metrópole.
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