Massimo Forte analisa as principais novidades do momento. E apresenta exemplos práticos para agentes imobiliários.
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No recente INMAN Connect 2025, maior evento mundial sobre mediação imobiliária e tecnologia, a Inteligência Artifical (IA) voltou a estar em destaque. Mas se em 2024 surgia como “o tema”, ocupando provavelmente cerca de 80% dos workshops e talks, este ano, o foco foi passar da novidade à aplicação prática da tecnologia disponível. Massimo Forte, consultor, coach, formador especializado em imobiliário, que esteve presente no evento, analisa as novidades neste artigo preparado para o idealista/news.

Das mais de 70 apresentações deste ano, falou-se não em IA como novidade e tendência, mas em métodos de trabalho e ferramentas que podem usar IA para acelerar e facilitar tarefas ou obtenção de dados. 

Com uma abordagem extremamente simples e essencialmente prática, mostrou-se como no dia a dia se pode aplicar a IA ao trabalho de um agente ou agência imobiliária. O tom não foi formativo/informativo, mas essencialmente prático/demonstrativo para que a audiência despertasse para os benefícios da tecnologia, avaliando no que lhe pode ser útil. 

O maior ‘drive’ foi a poupança de tempo, ou seja, a eficiência de processos para tornar qualquer atividade mais acessível, mais rápida e mais simples deixando que o utilizador se concentre no que deve de facto ser especialista (relação/negociação/angariação e venda) e para a função que foi contratado.

O agente imobiliário é contratado para ajudar a vender, comprar ou arrendar e é nisso que deve concentrar-se e apostar o seu investimento de recursos com a expectativa de tornar a experiência de cliente altamente eficaz, positiva e acima de tudo memorável e humanizada.

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Novidades de IA que podem transformar o imobiliário

Das várias aplicações com recurso a IA que foram apresentadas, houve duas que me surpreenderam e que podem ser transformadoras do negócio da mediação imobiliária e não só.

  • ChatGPT e 'prompts'

Ao vivo e a cores, perante uma plateia de cerca de 700 profissionais, um palestrante com modelos de pitch de 10 a 20 minutos falou com o ChatGPT pelo telefone em alta voz como se estivesse a falar com uma pessoa. O diálogo foi baseado em ‘prompts’ - numa linguagem um pouco mais técnica, trata-se de inputs (perguntas ou orientações) para o modelo de linguagem Generative Pre-trained Transformer (GPT). 

Ao longo desta conversa surpreendentemente fluída, foi trocando experiências e pedindo opiniões em vez de apenas escrever. Permitia usar uma forma mais natural, facilitada e rápida de comunicação falando tranquilamente com a possibilidade de gravar a chamada e até de transformar a chamada em texto com resumo para ler mais tarde. 

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  • Transformar fotos em vídeos

A outra trata-se da transformação de uma simples foto - obviamente cuidada e de qualidade - num vídeo. Foi dado o exemplo de uma foto de um imóvel com um pequeno campo de basquetebol, que era uma mais-valia interessante para enaltecer no contexto de promoção do imóvel. Assim, e recorrendo a esta app para a criação do vídeo, bastava introduzir o pretendido. Neste caso, um adolescente a jogar que surge no ambiente do campo de basquetebol do imóvel com uma qualidade de realidade muito próxima, algo que torna a foto dinâmica e dá destaque ao benefício/vantagem: a vivência daquele espaço comum. 

Imaginemos só o que pode mudar numa apresentação de um imóvel ou mesmo num anúncio em vídeo com a integração de informação, pontos de interesse e demonstração de vivência do espaço sem a necessidade de skills ou equipas para captação e edição de vídeo? Uma solução interessante para maior liberdade de escolha do agente e de como este pode diferenciar o seu plano de marketing, deixando o investimento em vídeo para angariações mais exigentes ou especiais.

Este exemplo mostra uma evolução da aplicabilidade da IA em que a capacidade de pergunta/resposta evolui para pergunta/análise/resposta. Em causa está a célebre IA generativa, que é uma forma avançada de inteligência artificial que engloba sistemas que usam Machine Learning e Deep Learning, ou seja, que podem criar, aprender, reaprender e até imaginar novos conteúdos a partir de dados armazenados ou não.

A audiência revelou, de resto, uma utilização “massiva” de tecnologia de IA e IA generativa - 100% da sala referiu que já não faz descrições de anúncios, nem copywrite para as redes sociais.

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Foto de CHUTTERSNAP no Unsplash

No entanto, e no que a esta matéria diz respeito, vale a pena realçar que foi referida a necessidade constante de verificar, validar, adaptar e principalmente personalizar o conteúdo gerado face ao contexto, à experiência e ao valor que o profissional pode aportar para se diferenciar. Saber usar esta vantagem é importantíssimo, tal como perceber que continua a ser igualmente imperioso a contribuição da personalização.

Ainda houve tempo para se fazer uma pequena sondagem ao vivo onde se verificou que das cerca de 700 pessoas presentes na apresentação, 80% utilizam o ChatGPT todos os dias e desses 80%, 70% utilizam a versão paga. Ficou a ideia de que esta aplicação começa a ameaçar a liderança da Google no domínio da pesquisa.

Agentes imobiliários: um alerta em tempos de IA

A IA não é um tema tão novo como pensamos, há muitas empresas que no ramo imobiliário já trabalham com IA há mais de 20 anos desenvolvendo a tecnologia internamente. 

Estas são as mesmas empresas que referem que não será necessário termos todas as aplicações disponíveis, nem muito menos pagar formações para as utilizar, será sim necessário eleger uma, experimentar e utilizar da melhor forma para a necessidade de cada um, abrindo lugar à experimentação - e acrescento que serão tão benéficas outras que possam complementar e acelerar o dia a dia, as tarefas e libertar o tempo para que o agente se concente em explorar e nutrir relações.

O agente imobiliário profissional não pode perder este comboio já em andamento sem previsão de abrandamento, mas a grande novidade é que já não precisa de ser o condutor da carruagem, nem mesmo comprar um bilhete de primeira classe.

Atualmente, e mais do que nunca com a democratização da tecnologia IA, a grande diferenciação está e estará no saber aplicar a tecnologia e a humanização à experiência de serviço ao cliente.

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