Casas de luxo na Ásia lideram subida de preços – Porto está no top 20

As casas de luxo à venda estão a ficar mais caras pelo mundo. Esta é a principal conclusão a retirar do The Wealth Report 2025 da Knight Frank, que analisou mais de 100 mercados residenciais premium. Outra conclusão é que foram nos mercados asiáticos e do Médio-Oriente onde os preços das casas de luxo mais aumentaram em 2024, com Seul (capital da Coreia do Sul) a liderar as subidas (+18,4%). O Porto, Lisboa e o Algarve também estão em destaque no top 30 que reúne as maiores subidas do custo das casas de luxo.

A descida gradual das taxas de juro em vários pontos do mundo ao longo de 2024 deu um novo impulso ao crescimento dos preços das casas de luxo, registando um aumento anual de 3,6% a nível global, ligeiramente superior à subida de 3,3% em 2023, conclui o The Wealth Report 2025.

Dos 100 mercados residenciais de luxo analisados no Prime International Residential Index (PIRI) da Knight Frank, 77 registaram um crescimento anual positivo nos preços das habitações premium. 

Os mercados asiáticos e do Médio-Oriente lideram os aumentos, com Seul, Coreia do Sul (18,4%), Manila, nas Filipinas (17,9%) e o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (16,9%) a ocupar os três primeiros lugares. A Arábia Saudita também esteve em destaque com Riade (16%) e Jidá (9,6%) entre as seis primeiras posições.

Casas de luxo 2,5% mais caras na Europa – Porto em destaque

Os mercados imobiliários de luxo na Europa registaram um crescimento médio nos preços de 2,5% em 2024, marcando um retorno à normalidade após a turbulência da pandemia. A oferta voltou aos níveis de 2019 e o poder de negociação foi mudando gradualmente dos vendedores para os compradores, apoiado na desaceleração da procura devido aos altos custos do crédito habitação e na maior oferta de imóveis no mercado.

Os países do sul da Europa estão em destaque pelos aumentos dos preços das casas de luxo: Corfu, na Grécia (8,9%); o Porto, em Portugal (6,8%); e Lucca, Itália (6,2%) revelaram-se os mercados mais dinâmicos. Oito dos 10 destinos europeus onde se observou um crescimento mais rápido situam-se em Espanha, Portugal, Itália e na Grécia. 

Entre os destinos portugueses, a cidade Invicta foi a 6.ª onde se registou maior aumento dos preços das casas de luxo. Também o Algarve entra nesta lista na 25.ª posição (+5,6%), assim como Lisboa na 28.ª posição (+5,3%).

Ao contrário do mercado global, onde os destinos turísticos superaram as cidades, na Europa os centros urbanos registaram um crescimento maior dos preços das casas de luxo (+2,7%), superando pela primeira vez desde 2020 os destinos ensolarados (-0,1%) e alpinos (+2,2% ).

As vendas de propriedades de ultraluxo (que custam 10 milhões de euros ou mais) diminuíram, especialmente na França e na Suíça, onde muitos potenciais compradores mostraram preferência pelo arrendamento – à exceção de Genebra.

“Apesar do crescimento relativamente modesto de 1,7% em comparação com outras regiões globais, a Europa mantém uma atratividade única em termos de transparência, cultura, segurança e qualidade de vida, reafirmando o interesse por parte dos compradores de imóveis de luxo”, lê-se no documento. Em particular, a tributação favorável continua a atrair compradores para Itália, Mónaco e para a Suíça.

Porto, Portugal Freepik

Ásia-Pacífico: contraste entre subida e queda do preço das casas de luxo

O mercado de luxo da Ásia-Pacífico registou um aumento dos preços das casas de 3,2% em 2024, estando abaixo da média de 10 anos de 4,6%. Apesar das altas taxas, a região demonstrou resiliência pelo crescimento da riqueza local e investimento estrangeiro.

Seul liderou o ranking global com um aumento de preços de 18,4%, impulsionado pela criação de novas riquezas e pelo desenvolvimento do imobiliário de luxo. Em Tóquio, o preço dos imóveis premium subiu 12,1%, perante uma política monetária expansionista e pelo forte interesse de investidores estrangeiros, atraídos pelo iene fraco.

Na Austrália, cidades como Perth e Brisbane superaram a média global graças à procura sustentada e à oferta limitada. Em contraste, os preços na China continental e em Hong Kong caíram, mas espera-se que recuperem até ao final de 2025, à medida que as taxas forem sendo reduzidas e as restrições à compra aliviadas.

Em 2024, compradores chineses investiram ativamente em mercados como Tailândia , Austrália e Tóquio, contribuindo para o aumento dos preços de apartamentos novos nos centros urbanos.

Seul, Coreia do Sul Freepik

EUA: oferta de casas de luxo cai 20%

Nos EUA, o mercado imobiliário de luxo apresentou crescimento desigual entre os vários destinos analisados. “Com taxas de juro estáveis em torno de 6,9% no final de 2024, a disposição dos proprietários para fazer transações foi limitada”, indicam. Esta inércia acabou por afetar a oferta, que caiu 20% face à média de cinco anos, especialmente em Nova Iorque, onde caiu 40%.

A falta de casas de luxo nos EUA acabou subir os preços para novos patamares. E a economia expansionista e o aumento dos salários deixam espaço para novos aumentos. Em Palm Beach, na Flórida, os preços mais do que duplicaram desde 2019. Em Aspen, no Colorado, houve um aumento dos preços das casas de luxo de 8,9% em 2024, ficando atrás apenas do Condado de Orange, na Califórnia, onde o aumento foi de 9,3%. O interesse por estilos de vida mais saudáveis ​​e a capacidade de trabalhar remotamente impulsionaram a procura.

Após uma queda de 3,1% nos preços em cinco anos, Nova Iorque está a preparar-se para recuperar em 2025, impulsionada por uma oferta ainda escassa e preços competitivos em comparação com outros mercados dos EUA.

Nova Iorque, EUA Freepik

Médio Oriente: custo das casas de luxo no Dubai duplicou desde 2019

No Médio-Oriente destaca-se o mercado imobiliário de luxo do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde os preços cresceram 16,9% no terceiro trimestre de 2024 e deverão atingir 20% até o final do ano. Em comparação com 2019, os preços dos imóveis de luxo aumentaram 147%.

Entre janeiro e setembro de 2024, as vendas de casas de luxo no Dubai aumentaram 36% face ao ano anterior. E as vendas de habitações de ultraluxo atingiram 388 transações, superando as de Nova Iorque (230 vendas).

Cerca de 89% das transações foram feitas em dinheiro, embora a oferta de imóveis de ultra luxo tenha diminuído em 65%. Novas áreas, como Palm Jebel Ali (Dubai), estão a consolidar-se como destinos favoritos.

Dubai, Emirados Árabes Unidos Freepik

Como vão evoluir os principais mercados de luxo do mundo?

O The Wealth Report 2025 deixou também as suas expectativas sobre a evolução dos preços nos mercados residenciais de luxo dos principais destinos do mundo:

• Dubai: vai subir 5%, impulsionado pela alta procura e oferta limitada;
• Nova Iorque: preços deverão subir 3%, graças à baixa oferta e à confiança renovada;
• Genebra: custo das casas de luxo vai crescer 3%, sendo um refúgio seguro para investidores ricos que procuram tributação favorável;
• Paris: preços vão subir 2,5%, atraindo compradores do Reino Unido e dos EUA após os Jogos Olímpicos de 2024;
• Londres: casas de luxo vão ficar 2% mais caras, com um crescimento lento no curto prazo, mas sólido no longo prazo;
• Sydney: preços vão subir 1%, um crescimento moderado pela incerteza geopolítica;
• Miami: mercado deverá estabilizar após os preços terem subido 84% em cinco anos;
• Hong Kong: preços vão deixar de cair e deverão estabilizar, perante uma atratividade renovada pelas novas políticas de investimento.