Com o custo da habitação a subir mês após mês e a atingir recordes, a banca em Portugal alerta que este cenário “começa a ficar insustentável”. Isto porque não se perspetiva no horizonte um abrandamento ou até redução dos preços das casas. Também Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, reconhece que a crise na habitação em Portugal não tem solução imediata e que os preços não vão descer no curto prazo.
Nos últimos dias, os presidentes dos maiores bancos do país apresentaram as suas contas relativas aos primeiros seis meses de 2025 e deixaram um alerta unânime: os preços das casas não vão descer, pelo que a crise de acesso à habitação tende a agravar-se em Portugal.
O presidente do Santander, Pedro Castro e Almeida, admite que a situação da habitação “está muito pior” e começa mesmo a “ficar insustentável”. E o principal problema está no desequilíbrio entre a alta procura e escassa oferta, tal como salienta João Pedro Oliveira e Costa, presidente do BPI: "O problema reside na falta de oferta. Notamos que há um esforço para se construir e reconstruir habitação, mas completamente insuficiente face às necessidades", cita o Público.
O mesmo diz Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos: “Enquanto não tivermos uma oferta restabelecida, não há uma [medida salvadora] e os preços das casas não tendem a baixar", comenta citado pelo mesmo jornal. A falta de oferta, na sua perspetiva, reside nos atrasos de colocação de habitação pública pelos últimos governos e ainda na construção mais voltada para segmento das casas de luxo, que acaba por impulsionar os preços.
Mas não só. As recentes medidas que visam apoiar os jovens a comprar a primeira casa (garantia pública e isenção de IMT) acabaram por impulsionar a procura, sem incentivos no lado da oferta. "Os estímulos dados aos jovens fizeram com que a procura aumentasse", reconheceu o presidente do BPI. Mas Miguel Maya, presidente do BCP, admitiu que “a garantia tem desempenhado um papel francamente positivo", embora não resolva o problema da habitação.
Também o Governo reconhece que a crise da habitação não tem solução imediata e que se tem vindo a resolver a questão aos poucos. “Não pensem que os preços da habitação vão mudar no próximo mês, daqui a 2 ou 3 meses. São com estes passos que temos vindo a dar que vamos cada vez mais caminhar no sentido de garantir a todos (….) um lar para implementar os nossos projetos de felicidade”, disse o ministro da Habitação citado pelo NOW, garantindo que até ao final deste ano vão ser entregues 20.000 casas em Lisboa.
Apesar de os banqueiros estarem preocupados com a crise da habitação, não há sinais de que a banca vá fechar a torneira ao crédito habitação, uma vez que continuam a apresentar ofertas bem atrativas e competitivas. Até porque a subida do preço das casas obriga a contratação de empréstimos mais elevados, o que contribui para o crescimento da sua atividade comercial.
Além disso, até agora, não há sinais de alerta no que diz respeito ao montante em incumprimento ou no número de devedores que falharam os pagamentos das prestações da casa. O que salta à vista é que a habitação pesa cada vez sobre a carteira total dos bancos, o que podem deixar o setor financeiro em dificuldades se houver um número crescente de incumprimentos.
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