
A qualidade de vida nas diferentes cidades do mundo não é mais a mesma. A pandemia da Covid-19 veio mudar o dia-a-dia de todos, mas nem todos os países souberam lidar da melhor forma com esta crise de saúde pública mundial. Os confinamentos severos, a capacidade de gerir a crise e o ritmo de vacinação influenciaram e muito a qualidade de vida nas cidades e países. E este panorama fez com que várias cidades de todo o mundo apresentassem piores condições de vida do que tinham antes da pandemia. Mas também há casos de sucesso.
Esta é uma das conclusões do mais recente relatório “The Global Liveability Index 2021” elaborada pelo ‘The Economist’, que mostra como a pandemia afetou a qualidade de vida pelo mundo. Os dados recolhidos entre 22 de fevereiro e 21 de março de 2021 revelam que a “pontuação média global da qualidade de vida caiu sete pontos comparando com a média registada antes da pandemia”, lê-se no documento.
O que também ficou evidente é que a situação pandémica causou uma “enorme volatilidade" no índice bianual que avalia a qualidade de vida de 140 cidades em cinco áreas distintas: estabilidade, cuidados de saúde, educação, cultura e ambiente e infraestruturas.
Neste cenário, Lisboa foi uma das cidades que viu cair a sua pontuação (-14 pontos) e a sua posição no ranking (-5 lugares) face ao publicado no outono de 2019. A justificar esta queda estão as restrições à circulação que "tiveram um grande impacto nas pontuações da categoria cultura e ambiente”, segundo referiu a Intelligence Unit do The Economist ao ECO. Em 2021, a capital portuguesa ficou no 58º lugar.
Mas Lisboa não foi a única. Em 2021, várias cidades europeias caíram a pique neste ranking. E, por outro lado, houve também várias cidades norte-americanas que deram o salto. No lado do velho continente, um exemplo é Viena, a capital da Áustria, que caiu para o 12º lugar depois de ter ocupado o primeiro durante 2018-20. Na Alemanha, Frankfurt, Hamburgo e Dusseldorf sofreram as maiores quedas no ranking das 140 cidades. Do outro lado do oceano, há várias cidades dos EUA - como Honolulu e Houston ou Miami - que subiram na classificação à medida que as restrições sociais foram levantadas. E também há casos semelhantes na Europa. Em Espanha, por exemplo, Barcelona (16ª) e Madrid (19ª) "lidaram melhor com o stress nos seus sistemas de saúde em comparação com a anterior vaga de Covid-19", diz o estudo.
Estas são as cidades classificadas com as melhores e piores condições de vida durante este período, segundo o estudo.
As melhores cidades para viver

A cidade de Auckland, na Nova Zelândia, arrecadou o primeiro lugar da lista com uma média de 96 pontos. A sua capacidade para conter a pandemia da Covid-19 foi valorizada. Devido ao encerramento das fronteiras e à consequente baixa contagem de casos Covid-19, a Nova Zelândia conseguiu manter abertos os teatros, restaurantes e outras atrações culturais. Os estudantes puderam continuar a frequentar a escola, dando a Auckland uma classificação de 100% na área da educação.
Isto permitiu que a cidade subisse do sexto lugar do ranking realizado no outono de 2020 para a primeira posição no nosso ranking de março de 2021, tirando o lugar a Viena, que liderou a lista entre 2018 e 2020.



Esta é a capital da Nova Zelândia e também beneficiou com as retrições impostas no país no âmbito da pandemia, obtendo uma média de 93.7 pontos. Esta classificação permitiu-lhe subir no ranking, passando do 15º lugar no outono passado para o 4º lugar atual.

A capital do Japão conseguiu um empate neste ranking com Wellington, obtendo também 93.7 pontos. Tal como Osaka, o relatório destaca a sua elevada pontuação ao nível da estabilidade e da saúde, setores onde obteve 100%.
Note-se que para o completar o top 10 das cidades com melhor qualidade de vida está:
- Perth, Austrália
- Zurique, Suíça
- Genebra, Suíça
- Melbourne, Austrália
- Brisbane, Austrália (empatada com Melbourne)
O relatório dá conta que seis das dez cidades classificadas com melhores condições de vida neste inquérito encontram-se na Nova Zelândia e na Austrália, onde os controlos fronteiriços são apertados, o que permitiu o rápido alivio das restrições. Hoje, a população consegue viver de forma relativamente normal.
As piores cidades para viver


A cidade de Lagos, na Nigéria, ocupa a penúltima posição com uma média de 31.2 pontos. Estabilidade e saúde são os seus pontos fracos.

Port Moresby é a capital e a maior cidade da Papua-Nova Guiné, onde as condições de saúde tiveram uma classificação de apenas 16.7. A média dos cinco setores situa-se nos 32.5 pontos.


A capital da Algéria também está entre as piores cidades para se viver, apurando uma média de 34.1 pontos no índice. A saúde é também o seu ponto fraco obtendo apenas 29.2 pontos neste domínio.
A completar o top 10 das cidades com menos qualidade de vida estão:
- Tripoli, Líbia
- Carachi, Paquistão
- Harare, Zimbabwe
- Daca, Camarões
- Caracas, Venezuela
O relatório aponta que houve menos alterações nas cidades já consideradas menos habitáveis. Mas os cuidados de saúde parecem ter piorado ainda mais, sendo este o setor avaliado que apresenta pior classificação dos cinco.
A queda da pontuação no setor da saúde foi registada na maioria “das cidades em todo o mundo depois do início da pandemia da Covid-19”, sublinha o relatório, mas teve um impacto mais negativo nas cidades situadas na Europa Ocidental e na região da Ásia-Pacífico.
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