Banco central tenta conter efeitos da subida da inflação, que tem vindo a ser impulsionada pelos altos preços da habitação.
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Islândia sobe taxas de juro para tentar evitar bolha imobiliária
Reykjavik

O Banco Central da Islândia está a fazer todos os esforços para conter a inflação num país que corre o risco de gerar grandes bolhas, especialmente no setor imobiliário. Perante este cenário, a instituição decidiu subir a taxa de juro de referência em 75 pontos base, situando a taxa dos depósitos a sete dias em 2,75%. Esta subida corresponde ao maior aumento do preço do dinheiro desde a crise de 2008, devolvendo a taxa de juro de referência ao nível mais elevado desde março de 2020.

O objetivo do banco central é tentar arrefecer este ciclo perigoso para a economia, num momento em que inflação está no seu ponto mais alto da década, apesar das subidas nas taxas juros que têm vindo a ser aplicadas desde maio pelo banco central, que já é o mais agressivo da Europa Ocidental.

Ao contrário de muitos outros países da região onde a inflação é impulsionada pelo aumento dos custos de energia e interrupções na cadeia de fornecimentos relacionadas com a pandemia da Covid-19, a habitação é o principal culpado na Islândia.

Inflação em alta, subida dos preços das casas e coroa forte: os ingredientes que fazem temer nova crise

Alimentados por cortes nas taxas durante a pandemia, os preços das casas subiram mais de 18% na área de Reykjavik no ano passado, depois de virem constantemente a tornar-se mais caros desde a crise financeira. Os dados são espetaculares, o preço da habitação disparou mais de 150% entre 2010 e o terceiro trimestre de 2021, o maior crescimento na Europa, segundo o Eurostat.

A tudo isso soma-se a força recente da coroa islandesa. A moeda do país subiu acentuadamente em relação ao euro no ano passado, o que pode ser um obstáculo para as exportações do país. A Islândia sempre teve problemas para conter a força da sua moeda: é uma economia muito pequena e exposta aos altos e baixos dos fluxos de capital.

Toda esta situação alimenta temores de que o país possa sofrer uma crise como a de 2007-2008. Embora a verdade seja que o banco central está a tomar medidas vigorosas para evitar esse resultado, tanto elevando as taxas de juros, quanto aplicando alguns controles sobre as entradas de capital para evitar uma valorização excessiva da coroa.

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