
Os recentes choques económicos a nível mundial, como a crise financeira de 2008, a pandemia, a alta inflação e subida dos juros nos créditos habitação, fizeram com que os preços das casas caíssem a nível global na ordem dos 6%. Mas a habitação parece ter a capacidade de voltar a valorizar rapidamente após tempestades económicas. É o que se está a sentir agora e os analistas do The Economist admitem que há vários fatores que vão continuar a alimentar o ciclo de subida dos preços das casas no mundo.
Foi a partir da década de 1950 que os preços das casas começaram a aumentar, perante a subsidiação de créditos habitação pelos governos e alta procura de casas em cidades lotadas, onde a oferta já era escassa, começa por explicar o artigo do The Economist. Depois, na segunda metade do século XX, começaram a surgir uma série de regulamentações de terrenos que acabaram por travar o desenvolvimento urbano, tornando-se mais difícil construir casas. Foi por isso que a construção de habitação acabou por cair depois da década de 60, altura em que atingiu o seu pico. E, por conseguinte, os preços das casas começaram a subir de forma expressiva.
Depois começaram a vir desafios económicos de grande magnitude, que acabaram por ter impacto na subida dos preços das casas no mundo. Após a crise financeira de 2008, os preços globais da habitação caíram 6% em termos reais. Mas, pouco depois, os preços recuperaram novamente e ultrapassaram os máximos registados antes da crise, refere o jornal britânico. Anos depois, chegou a pandemia da Covid-19, mas ao contrário do que muitos economistas estimaram, os preços das casas continuaram a subir, perante a maior procura de famílias por zonas fora das grandes cidades.
Logo a seguir eclodiu a guerra na Ucrânia (em 2022), que fez disparar a inflação em vários países do mundo colocando nos bancos centrais o desafio de travar a subida generalizada dos preços mediante o aumento das suas taxas de juro. E novamente cresceram os receios de uma nova queda nos preços da habitação. Mas, na verdade, os preços reais caíram apenas 5,6% e agora estão novamente a subir rapidamente. Aliás, houve países, como Portugal, onde os preços das casas continuaram a subir, tendo apenas desacelerado o ritmo de evolução.

Aumento de população à falta de casas: os desafios que alimentam os preços
Sobre o futuro, os analistas do The Economist admitem que os preços das casas deverão continuar a subir no mundo, até porque a inflação já está bem baixa em vários países, levando vários bancos centrais a descer as taxas de juro de referência, como é o caso do Banco Central Europeu (BCE) e da Fed dos EUA. Tudo isto irá dar um novo estímulo à procura de habitação com financiamentos bancários mais baratos.
A par de tudo isto, há três fatores que vão alimentar ainda mais o ciclo de subida dos preços das casas a nível mundial, refere o mesmo artigo:
- Demografia e população imigrante: a população mundial continua a aumentar e estima-se que a imigração também suba nas próximas décadas nos países desenvolvidos. Como muitos países sofrem de envelhecimento da população (como o nosso), provavelmente vão receber estas famílias imigrantes ao invés de criar políticas que travem a sua entrada. Isto quer dizer que haverá maior procura de casas, o que estimulará a subida dos preços;
- Atração das cidades permanece: apesar de muitas famílias terem trocado as zonas urbanas pelo campo durante a pandemia, as cidades continuam a atrair muitas pessoas para viver, sobretudo porque é aqui que são criados mais empregos. Tudo isto aumenta a competição por casas nos centros urbanos, onde a oferta habitacional já é limitada;
- Novas infraestruturas demoram a chegar: há muitas cidades do mundo onde a expansão dos transportes públicos (como linhas de metro e de comboio) é muito difícil, estimulando a procura de casa em zonas com mais mobilidade. E, embora haja esforços para mudar os regulamentos de uso do solo para incentivar a construção, a chegada de casas ao mercado demora e tende a ser absorvida rapidamente.
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