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OCDE aponta perigos das casas cada vez mais caras em Portugal
Ricardo Resende/Unsplash

A habitação em Portugal tem estado sob “grande pressão” nos últimos anos. Este é um dos problemas identificados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) na economia nacional, dados a conhecer esta semana. A entidade liderada por Angel Gurría reconhece que o imobiliário luso segue de “vento em popa”, alavancado pelo turismo, mas avisa que a oferta continua a não conseguir dar resposta a tanta procura e isso pode ser um verdadeiro problema.

O 'boom' no setor de turismo e as políticas de atração de investimento estrangeiro, de que são exemplo os programas vistos gold e residentes não-habituais, fizeram disparar a procura de casas em Portugal, especialmente em Lisboa, Porto e Algarve. No entanto, diz a OCDE, “o crescimento da oferta de habitação não acompanhou o ritmo”, um legado que resultou da “quebra na construção” que marcou a crise financeira. Entre 2007 e 2014, o investimento anual em habitação caiu mais de 50%, recorda a organização.

No estudo económico sobre Portugal (Economic Survey of Portugal 2019), a OCDE recorda que o rápido crescimento do turismo deu fulgor à economia portuguesa nos anos imediatamente a seguir à crise. Diz que este setor tem sido a “abelha mestra” de múltiplas atividades económicas e financeiras, e uma peça vital nas exportações. Mas ao contribuir para atrair tanto as atenções para Portugal, fez multiplicar os preços das casas e pode estar agora sob forte ameaça, segundo alerta a OCDE

A entidade teme assim que a subida dos preços dos alojamentos turísticos, e consequente pressão sobre as rendas da habitação, ameace a competitividade do setor.

Casas caras para toda a gente 

“Nos últimos anos, tem havido um aumento constante na oferta de alojamentos turísticos. O número de camas aumentou 23% entre 2013 e 2017 - um terço desse crescimento tem a ver com a maior disponibilidade de quartos em habitações locais”, refere a OCDE no relatório, acrescentando que “em Lisboa, a oferta do Airbnb mais que duplicou entre 2015 e 2017”, mas que a procura turística total continua a ultrapassar claramente a oferta.

Um cenário que, consequentemente, está a provocar um “forte crescimento dos preços do alojamento turístico” e a contribuir para a “pressão ascendente sobre as rendas da habitação” e outros custos em Portugal. Quer isto dizer que as casas estão cada vez mais caras para quem vive no país, mas também para quem vem de fora para passar um período de férias ou trabalho. 

Para a OCDE esta tendência pode mesmo ameaçar a “competitividade do setor do turismo em Portugal” e motivar “intervenções políticas que limitam a sua expansão”.

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