Plano de expansão da marina vai avançar, revela ao idealista/news Isolete Correia, administradora da Vilamoura World.
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Marina de Vilamoura
Marina de Vilamoura terá mais 68 postos de amarração para embarcações de grande porte Vilamoura World

Isolete Correia conhece a marina de Vilamoura como ninguém. É quase como ver um bebé nascer e, depois, assistir ao seu crescimento, explica a administradora da Vilamoura World (VW) e responsável pela gestão da marina e das praias da região ao idealista/news. Muita coisa mudou com o passar dos anos e a verdade é que continua a haver desafios. Um dos que está em cima da mesa é a expansão da marina, que tem atualmente 825 postos de amarração. O objetivo é ter mais 68 e conseguir, assim, receber mais embarcações de grande porte, até porque a lista de espera é longa, assegura.

Depois de ter integrado várias administrações da empresa, Isolete Correia é agora também uma das administradoras da “nova” VW – liderada por João Brion Sanches –, continuando “ao leme” da marina de Vilamoura. Uma marina, de resto, que tem recebido vários prémios ao longo dos anos. Em 2021, por exemplo, foi distinguida pela The Yacht Harbour Association (TYHA) como melhor marina internacional. Em entrevista ao idealista/news, a responsável levanta um pouco o véu sobre os projetos e desafios que se seguem nos próximos tempos. Qualidade e sustentabilidade estão e estarão no centro das preocupações.

Marina de Vilamoura vai ganhar 68 postos de amarração
Isolete Correia, administradora da VW e responsável pela gestão da marina e das praias Frederico Weinholtz

Já está há muitos anos na gestão da marina de Vilamoura. Fale-nos um pouco sobre as suas funções.

Resumir os 50 anos que já cá estou não é fácil, mas de facto a gestão da marina e das praias é um desafio constante e diário. A marina de Vilamoura tem 825 postos de amarração, portanto o core business é o aluguer desses postos de amarração e em consonância com a gestão também do parque de estacionamento para as embarcações. A subida e a descida das embarcações também são uma atividade importante da marina. É gerir, no fundo, as expectativas dos clientes, isso é o nosso principal lema, é ir de encontro e até exceder, se possível, as expectativas dos clientes. 

Passou por várias administrações da empresa. O que é que mudou agora, com esta nova administração?

Sinto que esta nova administração, da qual faço parte, tem ideias e objetivos muito concretos, nomeadamente na continuação do desenvolvimento de Vilamoura, da marina e das praias, com uma especificidade, que é a qualidade.

A marina de Vilamoura tem 825 postos de amarração. Estão todos completos? Há perspetivas de haver uma expansão?

A Marina faz 48 anos este ano, portanto foi a primeira e única marina em Portugal durante 20 anos. O que era uma marina há 48 anos é completamente diferente do que é uma marina hoje em dia, até as vontades dos clientes mudaram. Há cerca de 20 anos uma embarcação com 15 metros era considerada uma embarcação de grande porte, e não era toda a gente que tinha uma. E hoje em dia já não é nada disso. A marina de Vilamoura é das marinas com o maior número de postos de amarração de grande porte e nós estamos completamente cheios, temos lista de espera para as embarcações precisamente de grande porte, de 20 a 40 metros. Precisamente por isso temos grandes expectativas, projetos e objetivos para o futuro, para ir de encontro às necessidades dos clientes. Vamos fazer uma expansão com criação postos de amarração para embarcações de grande porte.

O que nos pode adiantar sobre esse projeto?

Temos um primeiro projeto, um primeiro esboço, já aprovado. Vamos ter de o revisitar, vamos ter de renegociar esse projeto com a tutela, e já estamos em campo para tratar desses projetos. Não posso dizer em termos de timing o que é que isso significa, mas queremos que aconteça o quanto antes.

"A marina que tem neste momento maior número de postos de amarração para grande porte é a nossa. A criação dos 68 postos de amarração que temos em mente vai ser muito bom economicamente não só para Vilamoura (...),  mas para Portugal"

O objetivo passa, então, por poder receber mais embarcações de grande porte?

A marina que tem neste momento maior número de postos de amarração para grande porte é a nossa. A criação dos 68 postos de amarração que temos em mente vai ser muito bom economicamente não só para Vilamoura, que vai ser um destino, e acreditamos muito neste projeto e temos a certeza que vai ser uma mais-valia muito grande, mas para Portugal.

Como poderá ser feita a expansão da marina?

Será na zona do anteporto, que é o acesso da marina de Vilamoura do mar. Passará pela criação de três pontões específicos. Vai ter também obra marítima, com o prolongamento dos esporões, e naturalmente uma das grandes obras será a dragagem, para conseguir os 5,5 metros de profundidade que vão ser necessários para aquele espaço.

Em termos de investimento, estamos a falar em que ordem de valores? 

Vai ser um investimento substancial, porque além dos postos de amarração vamos criar mais três polos em terra. 

Fale-nos um pouco sobre a atividade diária da marina. Há várias embarcações ativas no dia a dia, certo? São equipas profissionais que se estão a preparar?

Temos implementado um projeto muito interessante e que tem nos últimos três anos sido muito badalado. Foi criado com a intenção de quebrar um pouco a sazonalidade. De outubro a março, temos equipas olímpicas de muitos países, cerca de 50, que estão aqui baseadas precisamente para treinarem para os Jogos Olímpicos. É uma atividade interessante não só para a marina de Vilamoura, porque dá movimento, mas também para a economia local, porque vêm os treinadores, os atletas, as famílias. Dá muita vida nesta altura do ano em que as coisas estão mais paradas.

A marina acaba por acaba por ser o epicentro de toda a Vilamoura?

Tenho uma paixão muito especial pela marina. Vi construir, vi lançar aqui as primeiras pedras, as escavações. Acho que é um ex-libris não só de Vilamoura como do Algarve, portanto sem a marina de Vilamoura, Vilamoura seria mais pobre, mas tinha a sua riqueza na mesma. Mas acho que damos um brilho especial também a Vilamoura.

Quanto é que custa ter uma embarcação atracada na marina de Vilamoura?

Tudo depende do tamanho da embarcação. Temos capacidade para embarcações de seis a 60 metros, portanto é muito relativo. E também temos por exemplo estadias de um ano até cinco anos, e antigamente até tínhamos para mais. Tem muito a ver com o tipo de embarcação e o tipo de estadia que se pretende. Mas não somos das mais caras de Portugal. Os preços são muito parecidos aos de outras marinas do Algarve. Vou dar um exemplo: no caso de uma embarcação de 12 a 15 metros, de com a duração de um ano, serão cerca de 12.000 euros mais IVA.

De que nacionalidades são os donos das embarcações ou os utentes da marina? Há muitos portugueses?

55% são portugueses, que têm cá uma embarcação o ano todo. A nossa ocupação é praticamente metade anual e outra metade dois a cinco anos, depois temos a outra parte que deixamos sempre para os passantes, naturalmente. Mas 55% dos utentes são portugueses. Depois vêm os britânicos, os alemães e holandeses e os franceses.

"55% dos utentes da marina de Vilamoura são portugueses. Depois vêm os britânicos, os alemães e holandeses e os franceses"

Acredita que o futuro de Vilamoura passa também um pouco pelo sucesso que a própria marina vai ter?

A marina de Vilamoura naturalmente estará integrada nesse sucesso da própria Vilamoura. Acredito no sucesso, no projeto, nos objetivos deste novo grupo, daí que vamos investir também para acompanhar o ritmo do negócio imobiliário.

Que impacto teve a pandemia no negócio da marina? Houve menos interesse/procura?

Efetivamente as marinas, não só esta, foram uma exceção, porque as pessoas que estavam confinadas desconfinavam nas suas embarcações. E houve até mais vendas de embarcações a nível internacional durante a pandemia. Não registámos uma decida, antes pelo contrário, uma subida, não só aqui como internacionalmente. 

Praias em Vilamoura
Vilamoura World

Falemos um pouco da gestão das praias, que também está sob a sua alçada. Que novidades haverá?

Temos sob gestão sete unidades balneares. A gestão das praias compreende as unidades balneares, portanto o aluguer dos colmos e das espreguiçadeiras. Além disso temos ainda os parques de estacionamento, temos três diretamente associados à gestão das praias. Na gestão das praias pode fazer-se alugueres de colmos de um dia, de meio-dia, de uma semana, de duas semanas… E com ou sem parque de estacionamento. 

Associado ao aluguer dos colmos temos ainda seis apoios de praia, restaurantes, que exploramos com colaboração de quem tem o know how específico para explorar restaurantes.

A ideia é gradualmente ir melhorando sempre com a expectativa de um patamar elevado para ir de encontro a todo o pacote daquilo que é o nosso objetivo.

O que está mais sob a alçada da VW, além da vertente mais imobiliária? 

Temos o Centro de Treino de alta competição, que é diretamente sob a nossa alçada, e para isso temos um protocolo com uma empresa especializada para o efeito. O Centro Equestre é uma área que também é propriedade da VW e com o qual temos também um parceiro para desenvolver a atividade. Depois temos outras áreas, nomeadamente os golfes, que já não são nossos, mas no fundo são players de Vilamoura e que são, enfim, stakeholders de Vilamoura, com quem temos uma afinidade e um contacto muito próximo, mas que são diretamente explorados e desenvolvidos pelos próprios.

Há ainda a Inframoura, que também pertence, em parte, à VW. Que empresa é esta e o que faz?

É uma empresa mista, constituída pela parte pública e pela parte privada. Os serviços que agora desenvolve eram desenvolvidos pela VW há uns anos. Naturalmente, com o crescimento de Vilamoura, e com as infraestruturas já de responsabilidade das entidades públicas, foi criada a Inframoura, em que nós, VW, temos 49% e a câmara 51%. A Inframoura o que faz é vender a água a todos os utentes de Vilamoura, e tratar das infraestruturas públicas, esgotos, águas, estradas, passeios públicos, ciclovias, etc. Tudo o que é público. Há um grande empenho da parte da Inframoura em ter Vilamoura no patamar de excelência, sendo uma empresa certificada.

Presumo que sustentabilidade seja também palavra de ordem na gestão da marina? 

É uma das nossas visões e missões. Sustentabilidade é a palavra de ordem em tudo que nós, VW, trabalhamos.

Que mensagem gostaria de deixar, por exemplo, aos utentes da marina e às pessoas que a visitam todos os anos?

A marina de Vilamoura tem tido sucesso, mas não ficamos parados nem estagnados em cima desse sucesso. Achamos que temos sempre melhorias a implementar. Temos um grande desafio que vamos abraçar, com os novos projetos, e tudo isto só é possível com a equipa que temos.

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1 Comentários:

Hugo Gil
12 Março 2022, 23:56

Que pena não se falar daqueles senhores que nos últimos 3 anos são presença assídua na Marina de Vilamoura a vender droga aos turistas. Facilmente identificados, sempre as mesmas caras que nos últimos 3 anos nos brindam com um triste e degradante espetáculo que em nada prestigia a nossa região, tudo com conhecimento e conivência da direção da Marina de Vilamoura, respetivas autoridades e entidades da CML.

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