Merlin à espera de licença para construir data center em Lisboa

A Merlin Properties (MP) espera receber a licença para iniciar a construção do seu data center (centro de dados) em Portugal nas próximas semanas. O idealista/news apurou que a Socimi liderada por Ismael Clemente está confiante em receber a aprovação das autoridades ainda no primeiro trimestre de 2024, após três anos de atrasos.

Este será o quarto data center que a Merlin planeia ter na Península Ibérica, juntamente com os de Madrid, Barcelona e Álava, sendo o único que ainda não saiu do papel. 

Até setembro de 2023, MP tinha investido 246 milhões de euros nesta nova linha de ativos imobiliários, aos quais se somarão mais 146 milhões até ao final de 2024, atingindo um total de 392 milhões de euros. 

Estes números não incluem, no entanto, o data center que a gigante imobiliária pretende desenvolver em Lisboa e para o qual ainda aguarda licença. Trata-se de um projeto de grande dimensão e capacidade que vai nascer na zona de Vila Franca de Xira, nos arredores de Lisboa. Terá uma Área Bruta Locável (ABL) que rondará 33.000 metros quadrados (m2), embora com possibilidade de expansão para 74.555 m2, e a sua capacidade será de 24 MW, sendo que no futuro poderá atingir 100 megawatts (MW).

O data center da MP em Madrid tem cerca de 22.500 m2 de ABL e uma capacidade máxima de 20 MW. O de Barcelona possui uma ABL de aproximadamente 22.130 m2 e tem 16 MW de capacidade enquanto o de Álava (Pais Basco) possui 17.600 m2, expansíveis até 102.466 m2 em futuros empreendimentos, e 22 MW de capacidade. 

Os três data centers em Espanha, segundo as contas da empresa, somam 58 MW de capacidade, embora tenha terreno e potência disponível para atingir os 178 MW. Incluindo o projeto que vai nascer na capital portuguesa, a capacidade máxima dos quatro data centers chega a 250 MW.

De acordo com a Socimi, a procura por data centers deverá crescer bastante nos próximos 30 anos, sendo a Península Ibérica, pela sua localização estratégica na Europa – é o ponto de entrada na Europa das infraestruturas submarinas da América e de África –, um destino que se manterá no radar dos investidores e das empresas. 

Em apenas cinco anos, a Merlin espera que os data centers representem cerca de 15% do seu portfólio, um valor bem superior ao atual: cerca de 1%. Trata-se de um peso semelhante ao dos centros comerciais, embora abaixo dos 20% da logística e dos 50% dos escritórios ‘prime’.

O segmento dos data centers não está, de resto, a passar ao lado dos players do setor imobiliário. Recentemente, conforme escrevemos, a empresa espanhola Azora, em colaboração com a também espanhola Core Capital, anunciou o lançamento da plataforma Quetta Data Centers, que pretende investir mais de 500 milhões de euros na construção de uma rede de seis data centers em Portugal e Espanha, sobretudo localizados nas cidades de Madrid, Barcelona e Lisboa.