No 3º trimestre de 2024, o stock de NPL recuou 10,7% em termos homólogos, o que representa uma redução de 600 milhões de euros.
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Crédito malparado
Foto de Markus Winkler na Unsplash

No terceiro trimestre de 2024, Portugal registava um volume de 5.000 milhões de euros de crédito malparado no sistema financeiro, o equivalente a 2,4% do total de créditos concedidos, no valor de 211.100 milhões de euros, segundo dados que constam no estudo “Keep an Eye on the NPL & REO Markets”, da Prime Yield. Destaque ainda para o facto de o stock de crédito em incumprimento ter diminuído 10,7% em termos homólogos, o que representa uma redução de 600 milhões de euros. 

“Em termos trimestrais, a redução é de 2,0%, o que significa que 100 milhões de euros dos 600 milhões de euros retirados do sistema ao longo do último ano foram reduzidos entre o segundo e terceiro trimestre de 2024”, indica a Prime Yield em comunicado. 

Os números mostram, de resto, que Portugal “continua na trajetória de redução de crédito não performativo (NPL – Non-Performing Loans), contrariando a tendência predominante na Europa, onde o crédito em incumprimento aumenta há já seis trimestres consecutivos”. 

No agregado europeu, refere a Prime Yield, o volume de NPL ascendeu a 376.000 milhões de euros no terceiro trimestre de 2024, mais 3,7% que em igual período do ano anterior e mais 0,7% que no trimestre anterior. “Em termos absolutos, isso significa que no último ano o crédito em incumprimento na Europa aumentou em 13.300 milhões de euros, dos quais 2.600 milhões de euros entre o segundo e o terceiro trimestre de 2024”, lê-se na nota.

Destaque ainda para o facto de o rácio de NPL ter aumentado na Europa no período em análise em termos homólogos, passando de 1,8% para 1,9%. Uma tendência que em Portugal não se verifica, tendo-se registado um decréscimo de 2,8% para 2,5%. “Ainda assim, o país mantém o peso do incumprimento sobre o total dos créditos superior à média europeia”, refere a consultora. 

“A nova redução de NPL em Portugal deve-se ao desempenho do setor das empresas, que concentra 54% do crédito malparado no país, no valor de 2.700 milhões de euros. Este montante reduziu 22,9% face ao registado no terceiro trimestre de 2023 (3.500 milhões de euros) e encontra-se, na sua maioria, alocado ao setor de PME’s, responsáveis por 2.000 milhões de euros em créditos faltosos. De notar ainda que 41% do crédito que as empresas têm em incumprimento, no valor de 1.100 milhões de euros, está garantido por imobiliário corporativo”, indica a Prime Yield. 

Crédito malparado em Portugal
Foto de Kelly Sikkema na Unsplash

Incumprimento aumenta nas famílias

Os dados da consultora permitem ainda concluir que o incumprimento aumentou no último ano no segmento famílias. Representando 42% do volume de NPL em Portugal, no valor de 2.100 milhões de euros, o crédito não performativo das famílias no terceiro trimestre de 2024 apresentava um aumento de 10,5% face aos 1.900 milhões de euros incumpridos no período homólogo. Cerca de metade do incumprimento das famílias (52%) está alocado ao crédito habitação. No terceiro trimestre de 2024, este segmento somava 1.100 milhões de euros em incumprimento, mais 10% que os 1.000 milhões de euros registados no período homólogo, nota a empresa. 

“Ainda assim, o peso do crédito malparado sobre o total dos empréstimos mantém-se bastante menor no segmento das famílias que no das empresas. No terceiro trimestre de 2024, o incumprimento nas famílias correspondia a 2% do total de crédito concedido e, em específico, no segmento do crédito habitação, esse peso é de 1,3%. No setor das empresas, apesar da redução, o incumprimento representa 5,1% do montante financiado”, é explicado. 

Transações de carteiras de NPL em alta em Portugal

A Prime Yield antecipa que 2024 tenha totalizado um volume de 7.600 milhões de euros em vendas de carteiras de NPL em Portugal. “Um resultado impactado pela operação sem precedentes de 4.200 milhões de euros referente ao Projeto Cascais, a qual envolveu a compra de um servicer e das respetivas carteiras de NPL. Excluindo o efeito desta operação de dimensão atípica, a atividade terá ascendido a mais 3.400 milhões de euros, mais que duplicando o volume de 1.400 milhões de euros contabilizado em 2023”, lê-se na nota. 

"Os bancos continuam a colocar carteiras para venda, mas o grande impulso do ano deveu-se às transações no mercado secundário, bem como a acordos de venda de servicers, como são os exemplos da venda da Algebra Capital e da Do Value e respetivas carteiras"
Francisco Virgolino, Managing Director da Prime Yield

Citado no documento, Francisco Virgolino, Managing Director da Prime Yield, considera que a atividade em 2024 reflete a maturidade do mercado. “Os bancos continuam a colocar carteiras para venda, mas o grande impulso do ano deveu-se às transações no mercado secundário, bem como a acordos de venda de servicers, como são os exemplos da venda da Algebra Capital e da Do Value e respetivas carteiras. Ou seja, há um peso crescente de operações corporativas e um aumento da atividade no mercado secundário, típico de um mercado que já fez um caminho forte de desalavancagem e que leva a que se repensem modelos de negócio e estratégias para compensar a redução de escala das transações e ganhar eficiência”, conclui.  

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