Aproveitar ao máximo as características do terreno em que cada projeto está inserido é o grande objectivo do atelier hori-zonte.
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O dicionário de língua portuguesa diz-nos que a palavra ecologia tem origem no grego oikos (casa, lugar onde se vive) e logos (estudo), significando literalmente “estudo da casa” ou “estudo do ambiente onde se vive”. Neste atelier, localizado no Porto, o conceito é levado muito a sério e torna-se visualmente evidente em todos os projetos. 

Na verdade, sustentabilidade e inovação são dois conceitos que estivereram sempre presentes no Hori-zonte desde o primeiro dia, há mais de dez anos. "O atelier baseia a sua abordagem na integração da natureza em todos os projetos resultando em edifícios energicamente eficientes que privilegiam a luz, o vento, o som e a água como protagonistas". O objetivo do Hori-zonte é continuar este caminho e, em 2030, conseguir trabalhar sempre que os projetos sejam net zero. 

Mas as ambições e sonho para o futuro não ficam por aqui. O forte respeito pelo contexto local de cada cliente reflete-se na vontade que o atelier liderado por Diogo Teixeira possa vir a contribuir mais para o espaço público.

masterplan Gaia
Gaia hori-zonte

Lembra-se da primeira vez que percebeu que queria ser arquiteto?

É uma resposta fácil para mim. O meu pai é arquiteto. Desde pequeno que o acompanhava no escritório. Posso dizer que o estirador que ele usava ainda o tenho guardado. Sempre o vi a desenhar, a fazer maquetes, a projetar. Desde pequenino que ia para lá, primeiro com desenhar lápis de cor, mais tarde a ajudá-lo nas maquetes, mesmo sem perceber exatamente o que estava a fazer. São memórias que tenho desde 2007, pelo menos.

E o seu percurso acabou por seguir o do seu pai?

Sim, o meu pai sempre foi arquiteto por conta própria. Formei-me, com a ajuda dele, comecei a trabalhar com ele. Ainda andei um tempo fora, muito por África, numa altura em que a crise nos empurrava a procurar oportunidades. Mas voltei, continuei com o meu pai, especializei-me, fiz mais formações além do curso de arquitetura, e juntos fomos evoluindo o escritório. Com o tempo, percebemos que o posicionamento do meu pai na arquitetura era diferente do nosso. Surgiu uma diferença de gerações, e ele gentilmente afastou-se, entregando-me o escritório.

Historic Palace Porto
Historic Palace Porto, hori-zonte

Foi então que decidiu alargar a estrutura?

Quando comecei a assumir o escritório, percebi as minhas limitações enquanto projetista. Nós sabemos algumas coisas, mas nunca sabemos tudo. Foi aí que decidi alargar a empresa com uma sociedade. Convidei o Diogo e o Federico para se juntarem a mim. Mais tarde, juntou-se o André. O Diogo foi meu colega de faculdade, é meu amigo há muitos anos. Esteve uns oito ou nove anos na Áustria e também queria algo mais local e ligado à filosofia que estamos a implementar. A sinergia foi imediata. O Federico começou a colaborar em trabalhos pontuais e rapidamente percebemos que fazia sentido integrá-lo. O André veio depois. É uma força da natureza, muito perspicaz. Quando criámos este grupo, cada um com a sua mais-valia, tornou-se num todo mais forte. Assim nasceu o Hori-zonte.

A sustentabilidade é um ponto muito importante no novo trabalho. Luxo ou uma necessidade?

É uma necessidade. Antes de mais, queremos até desmistificar a palavra “sustentabilidade”, virou um chavão, mas ainda falta conhecimento para se interpretar bem o que significa. É preciso melhorar as condições de vida nos nossos apartamentos. Ao cuidarmos do que é nosso, melhoramos o todo, criamos uma simbiose entre natureza e construção. Vimos nos anos 80 e 90 uma construção em massa, com muitas patologias hoje evidentes — não todos os edifícios, mas muitos, por falta de cuidados básicos. Basta algo como uma ventilação cruzada para resolver muitas dessas patologias.

Historic Palace Porto
Historic Palace Porto, hori-zonte

Em termos práticos, o que é que isso significa para quem vive num edifício?

Qualidade do ar. Respirar melhor traz salubridade, menos dores de cabeça, menos problemas respiratórios. Por outro lado, o sombreamento, por exemplo, quando bem calculado, baixa a temperatura no verão e aquece a casa no inverno, graças à entrada solar mais direta. Isso evita picos térmicos e reduz a necessidade de soluções mecânicas como ar condicionado que, além de dispendiosas, consomem muita energia. Minimizar esses esforços significa também minimizar consumos. Cria-se um ambiente mais confortável, seja para viver, trabalhar ou estar.

Há uma identidade muito própria nos vossos projetos.

Sim. Numa fase muito inicial de cada projeto, analisamos o território, fazemos um estudo bioclimático, sabemos de onde vêm os ventos, como o sol se comporta no verão e no inverno. Fazemos simulações, e com isso definimos orientação, sombreamento, ventilação. Estes estudos, cruzados com legislação municipal e nacional, dão-nos uma base de trabalho muito sólida. É daí que vem essa uniformidade nos projetos. Não é semelhança por repetição, mas continuidade pela metodologia aplicada.

O que define um projeto de luxo?

Mais do que dinheiro, o luxo está no tempo para pensar. Quando há tempo, as soluções surgem com mais qualidade, com mais detalhe. Claro que há materiais reconhecidamente luxuosos, mas um projeto bem articulado pode ser barato e, ainda assim, ser uma solução de luxo, porque poupa energia ao longo do tempo, dura mais e proporciona melhor qualidade de vida.

Macau Valley
Macau Valey, hori-zonte

Algum projeto recente que considere um bom exemplo?

Trabalhámos recentemente num projecto com CLT (Cross Laminated Timber), com o objetivo de fazer uma construção net zero. Isso exige investimento, e nem todos os promotores estão disponíveis para isso. Mas queremos que, em 2030, os nossos projetos sejam net zero. Outro projeto marcante foi o edifício de habitação em Vila Nova de Gaia, na Rua de Macau, que chamámos de "Macau Valley". A rua tem um declive grande e o edifício ficou num dos lados do vale. As ruas não eram paralelas, o terreno muito inclinado. Com um estudo volumétrico, conseguimos aumentar a área construtiva em milímetros quadrados (o que agradou ao cliente) e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade do edifício. Cumprimos os nossos objetivos e superámos as expectativas do cliente. Foi um projeto muito gratificante.

O que gostariam ainda de fazer no futuro?

Na Hori-zonte, dividimos o trabalho entre espaço público e edifícios. Fazemos loteamentos, habitação, edifícios pequenos, mas gostávamos de fazer mais equipamentos públicos. Já participámos em concursos, tentámos aplicar a nossa abordagem sustentável, andámos próximos nos resultados, mas ainda não fomos escolhidos. Gostávamos de contribuir com o que sabemos para o bem da comunidade. Trabalhar para o privado é bom, mas temos esse desejo de ter também um impacto mais alargado, mais coletivo.

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