Na cidade japonesa de Toyota, a imigração tem sido essencial para sustentar a economia local, sobretudo no setor automóvel e nos cuidados a idosos. Trabalhadores estrangeiros garantem a produção e serviços que o mercado interno não consegue suprir devido ao envelhecimento populacional. Muitos destes trabalhadores alcançam estabilidade económica, mas continuam a enfrentar desafios sociais e discriminação cultural.
Segundo a Bloomberg, esta dependência crescente de mão de obra estrangeira entra em conflito com a ascensão política da extrema-direita japonesa. O partido Sanseito, criado há apenas cinco anos, conquistou 15 dos 248 assentos da câmara alta, com uma agenda nacionalista que pede restrições à imigração. Os discursos “Japanese First” e a propaganda nas redes sociais aumentam a tensão, deixando a comunidade estrangeira apreensiva quanto ao seu futuro no país.
O estudo revela também dados demográficos que explicam a necessidade de imigração: em 2024, a população japonesa caiu em 900 mil cidadãos – o maior declínio de sempre –, enquanto a população estrangeira aumentou em 350 mil. Com a população prevista a reduzir-se para 87 milhões até 2070, e 40% com mais de 65 anos, o Japão não tem alternativa senão recorrer a trabalhadores de fora, incluindo vietnamitas, brasileiros, filipinos e indonésios, para manter serviços críticos e a produção industrial.
A Bloomberg destaca ainda que, nos lares de idosos e serviços sociais, a presença de estrangeiros é vital. Profissionais de países como Indonésia e Vietname ocupam postos que seriam impossíveis de suprir apenas com mão de obra japonesa. Sem esta contribuição, alertam especialistas, o sistema de apoio a idosos no Japão correria sério risco de colapso, evidenciando o paradoxo entre dependência económica e tensões políticas nacionais.
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