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diário de um casal em busca de um crédito à habitação: conclusões

chegou ao fim o périplo de um jovem casal em busca de um empréstimo para comprar casa. nas últimas semanas, o idealista news visitou os cinco maiores bancos portugueses - bpi, millennium bcp, caixa geral de depósitos, santander totta e bes – para medir o pulso ao crédito à habitação no país. um desafio que surge numa altura em que os portugueses são aconselhados a arrendar casa e não a comprar, não só devido às dificuldades de acesso ao crédito, mas também como alternativa para travar o endividamento das famílias

o ponto de partida usado nas cinco entidades visitadas foi sempre o mesmo: um jovem casal de 30 e 31 anos, respectivamente, quer comprar uma casa em lisboa que custa cerca de 160.000 euros, sendo que precisa de um empréstimo de 150.000 euros. juntos, os seus vencimentos rondam os 2.000 euros líquidos mensais (cerca de 32.200 euros brutos anuais)

veja, em baixo, a que conclusões chegou o "casal" depois de bater à porta dos cinco maiores bancos de portugal:

1 – as agências visitadas estavam, por norma, vazias, nomeadamente o "departamento" dedicado aos créditos, o que poderá ser um sinal de que a procura por simulações de crédito à habitação está, de facto, a esmorecer

2 – apesar de toda a informação a que se tem acesso, e que dá conta de que esta não é uma boa altura para comprar casa, os responsáveis pelas "pastas" dos créditos nos bancos mostram-se relativamente positivos quanto à concessão do empréstimo. a ideia de que os bancos não estão a emprestar dinheiro para a compra de casa é uma realidade, mas, ainda assim, o cliente é incentivado a analisar todos os cenários colocados em cima da mesa

3 – ser ou não ser cliente do banco tem influência? aparentemente não, e quando não se é cliente é-se tratado como se fosse, não havendo qualquer tipo de "descriminação". a grande facilidade ao ser cliente prende-se, desde logo, com o facto de não ter de se preencher "mais papelada", um cenário que muda de figura quando o interessado tem de se tornar cliente do banco

4 – esta é uma condição "chapa cinco": nenhum banco está a emprestar dinheiro a 100%. o financiamento ronda sempre os 80% e nunca incide sobre o valor da compra, mas sim da avaliação do imóvel. por exemplo, quem quiser comprar uma casa que custa 105 mil euros e que foi avaliada em 100 mil terá de ter disponíveis 25 mil euros de entrada, visto que o crédito bancário será, no máximo, de 80 mil euros

na prática, o cenário ideal sería que o imóvel fosse "bem avaliado", ou seja, que a avaliação fosse superior ao preço de compra. algo que é muitas vezes complicado de conseguir alcançar. por outro lado, as avaliações bancárias já "não são o que eram", e factores como "a casa tem boas acessibilidades" não têm o peso de anteriormente

5 – "spreads" à antiga, de 1% ou menos, são para esquecer: "nenhum banco lhe consegue um ‘spread’ com esses valores", foi das frases que mais ouvimos nas nossas visitas. hoje, e tendo em conta as entidades visitadas e as condições do casal, os "spreads" oscilam entre os 2,60% e os 4,75%

6 – se antes a maioria dos portugueses optavam por contratar a taxa euribor a seis meses, agora há uma tendência para escolher o prazo mais curto. a indexante a três meses é, segundo as entidades bancárias consultadas, a mais comum. quando não se perguntava sobre o assunto, a simulação de crédito à habitação era feita – em quase todas as situações – com a euribor a rever quatro vezes ao ano. a justificação dada prende-se com o facto de poder baixar mais rapidamente. existe, no entanto, a noção de que deverá aumentar nos próximos tempos, até porque o banco central europeu acabou de aumentar as taxas de juro de referência em 25 pontos base, para os 1,50%

7 – pedir uma simulação de crédito à habitação significa, na maioria dos casos analisados – o bes foi uma excepção -, levar para casa um dossier com várias folhas para consultar. o lado positivo diz respeito ao facto de serem feitas previsões tendo em conta o possível aumento das euribor de 1% ou 2%, o que permite ter uma ideia do aumento que poderá haver na prestação mensal a pagar mais tarde

8 – a prestação mensal a pagar ao banco será sempre superior a 600 euros, podendo, em alguns casos, ultrapassar os 800 euros. um valor bastante elevado e ao qual terão de ser acrescentadas outras despesas mensais, como a factura de água, luz e gás. tendo em conta que o casal ganha cerca de 2.000 euros por mês, parece ser um valor arriscado! será que, sobretudo nesta altura de indefinições, vale mesmo a pena pedir dinheiro emprestado ao banco para comprar casa? eu preferia não ter a corda ao pescoço…

veja como foram as visitas aos cinco maiores bancos portugueses:

1 – banco bpi

2 – banco millennium bcp

3 – banco caixa geral de depósitos

4 – banco santander totta

5 – banco bes

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6 Comentários:

Rosa Maria Rodrigues
15 Julho 2011, 11:49

esta noticia é mesmo muito interessante. posso sugerir que façam um gráfico ou uma tabela para poder ver mais claramente as diferenças entre os bancos? muito obrigado e continuem com o bom trabalho!

15 Julho 2011, 20:29

Poderá haver receios, mas ultrapassar crises com medos, nunca é possivel. hÁ UM DITADO INDIO QUE DIZ " FACE AO INIMIGO, SE AVANÇAMOS MORREMOS, SE RECUAMOS, MORREMOS TAMBÉM, eNTÃO AVANCEMOS". a SOLUÇÃO NÃO É PARAR, MAS lutar. TRATAR UM DIA DE CADA VEZ, RESOLVER ASSUNTO POR ASSUNTO sem adiar para o dia seguinte E SEM PREVISÕES FUTURAS. sEM DARMOS POR ISSO, ESTAMOS A AVANÇAR POSITIVAMENTE.

15 Julho 2011, 22:16

Excelente trabalho de investigação. Parabéns!

15 Julho 2011, 23:14

parabéns fred!

5 Setembro 2011, 16:43

O estudo para ser contra os avaliadores. Ora se um banco anda a pagar mal aos avaliadores, então o trabalho destes reflecte isso mesmo. outro avaliador que entrou na jogada há uns anos foi o certificador energético que como sabemos é um tarefeiro sem qualquer tipo de formação na área e por isso o valor do imovel sofre. esqueceram de mencionar os seguros de vida e mrh, o IMI e a tarifa de conservação de esgotos que são custos a suportar e que em muitos casos ultrapassam 100 euros por mês.

5 Setembro 2011, 16:52

a fotografia foi tirada na rua direita de Massamá.

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