Euribor a 12 meses atingiu os 0,005% esta terça-feira, o primeiro valor positivo registado desde 2016. E agora? Explicamos tudo.
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Euribor positiva
Foto de Andrea Piacquadio en Pexels

Desde o início do ano que as taxas Euribor têm dado sinais de subida, uma tendência que se tem vindo a agravar depois de eclodir a guerra da Ucrânia e de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras já em 2022 para travar a inflação na Zona Euro.

A verdade é que estas estas taxas de juro têm crescido mais rápido que o esperado: a Euribor a 12 meses subiu tanto que atingiu terreno positivo esta terça-feira, dia 12 de abril de 2022. E, assim, viu terrenos positivos pela primeira vez desde 2016. Como é que este cenário vai afetar a prestação mensal da casa? Explicamos.

A maioria dos novos contratos de crédito habitação em Portugal estão indexados à Euribor a 12 meses, que se fixou em 0,005% esta terça-feira (+0,035 pontos que no dia anterior), o primeiro valor positivo registado desde o dia 5 de fevereiro de 2016. Recorde-se que a Euribor a 12 meses atingiu o menor valor de sempre (-0,518%) a 20 de dezembro de 2021.

As outras duas taxas Euribor – a 6 meses e a 3 meses – também registaram uma subida esta terça-feira, mas ambas as taxas de juro que se usam nos empréstimos habitação continuam no negativo. Em concreto, a taxa Euribor a 6 meses - ainda a mais utilizada em Portugal no volume total de contratos de créditos habitação - avançou para -0,320%, mais 0,014 pontos do que na segunda-feira, registando, assim, um novo máximo desde agosto de 2020. Foi em novembro de 2015 que a Euribor a 6 meses entrou no negativo e registou o menor valor de sempre, de -0,554%, exatamente no mesmo dia da Euribor a 12 meses, a 20 de dezembro de 2021.

No mesmo sentido, a Euribor a 3 meses avançou para -0,433% esta terça-feira, mais 0,002 pontos e um novo máximo desde agosto de 2020, contra o mínimo de sempre, de -0,605%, verificado em 14 de dezembro de 2021.

Subida da Euribor: como afeta a prestação da casa?

Esta tendência de subida tem vindo a ser indicada por vários especialistas de mercado, ao longo dos últimos tempos, inclusive pelo idealista/créditohabitação: “É previsto um aumento da Euribor ao longo do ano, com impacto gradual nos créditos habitação a decorrer”.

Desde logo, a subida da Euribor vai acabar por afetar todos os crédito habitação de taxa variável (novos e existentes), assim que as prestações da casa forem atualizadas a três, seis ou 12 meses. E para fazer face a estes aumentos poderá ser boa ideia ter um colchão financeiro.

No que diz respeito aos novos créditos habitação, estas flutuações da Euribor já estão a ser sentidas. Tendo por base os aumentos da Euribor em março face a fevereiro (valores médios), já são previstos aumentos nas prestações da casa, tal como explicamos neste artigo. Em concreto, quem contratar uma:

  • Euribor a 12 meses vai pagar mais 6 euros na prestação da casa em abril face a março;

  • Euribor a 6 meses terá uma prestação da casa 4 euros mais cara em abril.

Note-se ainda que "a oferta de taxa fixa tem vindo a acompanhar a tendência de subida das taxas de juro, pelo que mantém-se a recomendação de uma escolha ponderada entre taxa fixa ou variável, com a perspetiva que a opção de taxa fixa retira a volatilidade face à evolução das taxas de juro", explicam os mesmos especialistas.

Porque é que as taxas Euribor estão a subir em flecha?

As taxas Euribor têm estado voláteis, mas sob pressão, desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022. Mas foi a partir do passado dia 4 de fevereiro que começaram a subir mais significativamente. Porquê? Foi nesta altura que o BCE admitiu que poderia subir as taxas de juro diretoras este ano devido à subida da inflação na Zona Euro que atingiu os 5,9% em fevereiro.

Isto acontece porque a evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras BCE. Até porque as taxas Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

De salientar que na semana passada alguns membros do BCE defenderam o fim das compras de dívida no verão para abrir caminho a um aumento das taxas de juro no terceiro trimestre, devido à subida acentuada da inflação. Este cenário poderá, de resto, acelerar ainda mais a tendência de subida das taxas Euribor.

Recorde-se que as taxas Euribor a três e a seis entraram em terreno negativo em 2015, em 21 de abril e a 6 de novembro, respetivamente. Já a Euribor a 12 meses entrou no negativo a 5 de fevereiro de 2016. No caso da Euribor a 12 meses esta terça-feira poderá ter marcado o fim do mergulho em terreno negativo que já durava há seis anos e incentivou a compra de casa por parte de muitos portugueses, contribuindo para a subida dos preços das casas.

*Com Lusa

Notícia atualizada dia 13 de abril, às 13h38, com mais informação sobre a evolução das taxas fixas

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