
A inflação está a escalar tanto na Europa como no mundo. E para a travar está em cima da mesa uma subida da taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu (BCE) para a segunda metade do ano. Mas quanto poderão subir os juros nos próximos anos? João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, não acredita “numa subida muito significativa” e antevê que “as taxas de juro irão ficar entre 1% e 1,5%, a prazo”, isto é, no horizonte de 2023/2024. Até ao final de 2022, juros deverão rondar os 0,5%.
A subida generalizada dos preços começou a sentir-se no início do ano e tem vindo a acelerar desde que começou a guerra na Ucrânia. As estimativas provisórias do Eurostat para abril não trazem boas notícias: a inflação em Portugal terá atingido os 7,4% e na Zona Euro os 7,5%. Esta evolução tem gerado reações no BCE que planeiam aumentar a taxa de juro diretora já este ano, uma medida macroprudencial que visa travar a subida dos preços. E tudo isto tem mexido com os mercados monetários e feito subir as taxas Euribor – a com prazo a 12 meses está positiva -, que por sua vez, se refletem nas prestações da casa a pagar aos bancos.

Como vão evoluir as taxas de juro?
O contexto económico e financeiro é delicado. E há uma questão que se impõe: o que podem esperar os portugueses do futuro no que diz respeito à evolução das taxas de juro que vão impactar os créditos habitação? “Acreditamos que as taxas de juro irão ficar entre 1% e 1,5%, a prazo [2023/2024]”, adianta o presidente executivo do BPI. E até ao final do ano os indexantes podem rondar os 0,5%, cita o Observador.
E estarão as famílias em condições de enfrentar estes desafios atuais? Sim, “aquilo que temos analisado na capacidade dos nossos clientes de fazer face a estes impactos é bastante confortável, muito confortável mesmo”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa de apresentação das contas do primeiro trimestre do banco. Isto porque “com as taxas de esforço que calculámos quando concedemos o crédito e, também, a folga que existe no valor das casas, acreditamos que não haverá daí uma situação complicada”, acrescentou.
Por tudo isso, o presidente executivo do BPI disse na passada sexta-feira, dia 6 de maio, não estar “preocupado”, mas “muito atento”, ao eventual impacto de um aumento das taxas de juro no crédito malparado do banco, prevendo que estas não registarão uma “subida muito significativa”.

O “desafio” de viver com taxas de juro positivas
Após “muito tempo habituados a viver com taxas de juro zero”, o presidente do BPI diz ser agora “um desafio” viver com taxas de juro positivas. “Não vou esconder que a subida das taxas de juro torna o negócio da banca mais racional, não faz muito sentido vivermos com taxas de juro negativas, mas claramente entendemos que uma subida das taxas de juro, a acontecer, também não deverá ser demasiado, por ter impacto nos consumidores e empresas, apesar de os custos de financiamento, mesmo assim, continuarem bastante baixos”, afirmou.
Relativamente ao crédito habitação, o presidente executivo do BPI recordou que, em 2008, se atingiram “taxas de juro de 5,5% e o custo do crédito à habitação andava por essa ordem, quando agora anda a 0,83%”, sendo que, “naquela altura, aumentou um pouco o malparado, mas não de forma significativa”. Tudo tem que ver “com qual é a dimensão da subida das taxas de juro e qual é que é a permanência dessa mesma subida”, sustentou.
Embora admitindo que “a gestão do orçamento familiar será mais exigente, nomeadamente para as pessoas que têm rendimentos mais baixos”, João Pedro Oliveira e Costa entende que “haverá alguns amortecedores que convém pôr em equação”, como é o caso dos menores custos de deslocação resultantes do aumento das situações em que o teletrabalho persiste.
“Não estamos preocupados, mas estamos muito atentos, e é fundamental acompanhar muito de perto a situação e, se houver necessidade de acompanhar as empresas e os clientes particulares”, reiterou, rematando: “Penso que é uma situação que nós geriremos bem”.
*Com Lusa
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