Até ao final do ano, juros vão rondar os 0,5%. Mas o presidente do banco diz não estar “preocupado” com a subida dos juros.
Comentários: 0
Taxas de juro a subir
Foto de Andrea Piacquadio en Pexels

A inflação está a escalar tanto na Europa como no mundo. E para a travar está em cima da mesa uma subida da taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu (BCE) para a segunda metade do ano. Mas quanto poderão subir os juros nos próximos anos? João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, não acredita “numa subida muito significativa” e antevê que “as taxas de juro irão ficar entre 1% e 1,5%, a prazo”, isto é, no horizonte de 2023/2024. Até ao final de 2022, juros deverão rondar os 0,5%.

A subida generalizada dos preços começou a sentir-se no início do ano e tem vindo a acelerar desde que começou a guerra na Ucrânia. As estimativas provisórias do Eurostat para abril não trazem boas notícias: a inflação em Portugal terá atingido os 7,4% e na Zona Euro os 7,5%. Esta evolução tem gerado reações no BCE que planeiam aumentar a taxa de juro diretora já este ano, uma medida macroprudencial que visa travar a subida dos preços. E tudo isto tem mexido com os mercados monetários e feito subir as taxas Euribor – a com prazo a 12 meses está positiva -, que por sua vez, se refletem nas prestações da casa a pagar aos bancos.

Subida das taxas de juro
Foto de Karolina Grabowska en Pexels

Como vão evoluir as taxas de juro?

O contexto económico e financeiro é delicado. E há uma questão que se impõe: o que podem esperar os portugueses do futuro no que diz respeito à evolução das taxas de juro que vão impactar os créditos habitação? “Acreditamos que as taxas de juro irão ficar entre 1% e 1,5%, a prazo [2023/2024]”, adianta o presidente executivo do BPI. E até ao final do ano os indexantes podem rondar os 0,5%, cita o Observador.

E estarão as famílias em condições de enfrentar estes desafios atuais? Sim, “aquilo que temos analisado na capacidade dos nossos clientes de fazer face a estes impactos é bastante confortável, muito confortável mesmo”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa de apresentação das contas do primeiro trimestre do banco. Isto porque “com as taxas de esforço que calculámos quando concedemos o crédito e, também, a folga que existe no valor das casas, acreditamos que não haverá daí uma situação complicada”, acrescentou.

Por tudo isso, o presidente executivo do BPI disse na passada sexta-feira, dia 6 de maio, não estar “preocupado”, mas “muito atento”, ao eventual impacto de um aumento das taxas de juro no crédito malparado do banco, prevendo que estas não registarão uma “subida muito significativa”.

Taxas de juro no crédito habitação
Foto de Arina Krasnikova en Pexels

O “desafio” de viver com taxas de juro positivas

Após “muito tempo habituados a viver com taxas de juro zero”, o presidente do BPI diz ser agora “um desafio” viver com taxas de juro positivas. “Não vou esconder que a subida das taxas de juro torna o negócio da banca mais racional, não faz muito sentido vivermos com taxas de juro negativas, mas claramente entendemos que uma subida das taxas de juro, a acontecer, também não deverá ser demasiado, por ter impacto nos consumidores e empresas, apesar de os custos de financiamento, mesmo assim, continuarem bastante baixos”, afirmou.

Relativamente ao crédito habitação, o presidente executivo do BPI recordou que, em 2008, se atingiram “taxas de juro de 5,5% e o custo do crédito à habitação andava por essa ordem, quando agora anda a 0,83%”, sendo que, “naquela altura, aumentou um pouco o malparado, mas não de forma significativa”. Tudo tem que ver “com qual é a dimensão da subida das taxas de juro e qual é que é a permanência dessa mesma subida”, sustentou.

Embora admitindo que “a gestão do orçamento familiar será mais exigente, nomeadamente para as pessoas que têm rendimentos mais baixos”, João Pedro Oliveira e Costa entende que “haverá alguns amortecedores que convém pôr em equação”, como é o caso dos menores custos de deslocação resultantes do aumento das situações em que o teletrabalho persiste.

“Não estamos preocupados, mas estamos muito atentos, e é fundamental acompanhar muito de perto a situação e, se houver necessidade de acompanhar as empresas e os clientes particulares”, reiterou, rematando: “Penso que é uma situação que nós geriremos bem”.

*Com Lusa

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta