Depois de passar os últimos 6 anos no negativo, a Euribor a 12 meses atingiu os 0,850% em junho. Onde chegará no futuro?
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Euribor a 12 meses
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As taxas Euribor continuam a subir a todo o valor, antecipando a subida da taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu (BCE) já confirmada para julho. Depois de passarem os últimos seis anos no negativo, a Euribor a 12 meses atingiu os 0,850% em junho e a Euribor a 6 meses fixou-se nos 0,162% no mesmo mês. E tudo indica que vão continuar a subir nos próximos meses. O Bankinter prevê mesmo que a Euribor a 12 meses - a mais contratada nos novos empréstimos habitação em Portugal - deverá atingir os 2% até ao final do ano. 

Os novos créditos habitação em Portugal de taxa variável estão a ser indexados, sobretudo, à Euribor a 12 meses, que deixou para trás o terrano negativo em abril e, desde então, tem subido de forma acelerada. A taxa diária já ultrapassou os 1%. E a média mensal provisória para junho está nos 0,850%, o valor máximo registado nos últimos 10 anos.

Esta tendência ascendente foi impulsionada, sobretudo, pelo anunciado aumento da taxa de juro diretora em 25 pontos base já em julho, tal como confirmou o BCE. Este vai ser o primeiro aumento da taxa de juro de referência europeia desde 2011. E tudo indica que voltará a subir em setembro deixando o negativo, embora de momento não se saiba, em concreto, quanto irá subir. 

Euribor a 12 meses: estas são as previões para 2022 e 2023

Tudo indica que a Euribor vai continuar a subir ao longo do ano. O departamento de análise do Bankinter estima que a Euribor a 12 meses se situe em cerca de 2% no final do ano, segundo refere no seu relatório de estratégia e perspetivas para o terceiro trimestre. Se se confirmar esta previsão, significa que a Euribor a 12 meses irá regressar aos níveis de 2011.

Concretamente, o banco prevê que a Euribor a 12 meses deverá atingir os 1,9% em 2022 e 2,2% em 2023, o que representa uma revisão em alta relativamente aos números que antecipava há apenas três meses, quando indicou que esta taxa deveria se situar nos 0,4% este ano e perto dos 0,8% em 2023. Ainda assim, atencipa em 2024 poderá haver uma ligeira queda (voltando para cerca de 2%).

As novas previsões do Bankinter são um balde de água fria para quem tem um crédito de taxa variável referenciado à Euribor a 12 meses em Portugal. Isto porque se a prestação da casa for atualizada nos próximos meses, as famílias deverão sentir um forte aumento do valor pago ao banco pelo empréstimo habitação.

Crédito habitação mais caro
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Prestações da casa a subir: um custo extra para as famílias

Qual o custo da subida da Euribor para as famílias? De acordo com os cálculos da espanhola Associação de Utilizadores Financeiros (Asufin) realizados em meados de junho, esta subida a pique da Euribor a 12 meses pode significar um custo adicional para as famílias de mais de 1.000 euros por ano, dependendo do momento da revisão.

Em concreto, se as prestações da casa forem atualizadas em breve, antecipa-se que as famílias tenham de suportar mais 830 euros por ano. Se a revisão da prestação for realizada no final do ano, o custo do empréstimo da casa poderá aumentar em mais de 1.100 euros por ano.

E a verdade é que os custos do crédito habitação podem aumentar ainda mais se as previsões do Bankinter se concretizarem. Até porque a Asufin prevê que a Euribor a 12 meses termine o ano a rondar os 1,5%, cerca de meio ponto abaixo do que estima a entidade bancária.

“A taxa vai subir muito mais do que as pessoas possam pensar nos próximos cinco anos. Se a Euribor a médio prazo se situar em torno dos 3%, as prestações da casa podem subir 50%", Manuel Romera, diretor financeiro da IE Business School

O Banco da Espanha alertou que o aumento das taxas de juros causará problemas económicos a mais de um milhão de famílias, que serão obrigadas a destinar mais de 40% de sua renda ao pagamento de hipotecas e outros empréstimos. E não é a única organização que lançou este aviso. A Associação Hipotecária Espanhola (AHE) considera também que a subida das taxas poderá prejudicar a capacidade de milhares de famílias pagarem os seus créditos habitação, enquanto a Fundação das Caixas Económicas (Funcas) considera que este é o maior risco que o mercado imobiliário enfrenta, acima potenciais bolhas imobiliárias.

Também o Banco de Portugal alertou que com as “alterações nas condições de financiamento” bancário – como os novos prazos consoante a idades dos titulares e subida dos juros – há “o risco de uma redução dos preços no mercado imobiliário residencial”. Ainda assim, rejeita o crescimento significativo do incumprimento do crédito habitação.

Neste cenário, as famílias já estão de olhos postos na taxa de juro fixa, já que lhes oferece mais segurança, uma vez que a prestação da casa não mexe do início ao fim do contrato.

Prestação da casa a subir
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Empréstimos habitação mais caros pode travar compra de casa 

O novo relatório do Bankinter destaca ainda que os aumentos das taxas de juro vão piorar as condições de financiamento, por via do aumento dos custos do crédito habitação. E este fator, somado a uma menor taxa de poupança das famílias devido à alta inflação, vai reduzir o interesse no investimento em habitação. Além disso, o preço do dinheiro em alta também irá impulsionar outras alternativas de investimento, como os depósitos bancários.

A entidade bancária prevê também um abrandamento do mercado imobiliário, que será marcado este ano por uma diminuição das vendas que poderá rondar os 5% e uma subida mínima dos preços (próximo de 1% em média) tanto em 2022 como em 2023. A nível económico, o banco afirma que estamos perante “um verão difícil e um outono incerto”.

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