Euribor a 6 meses também está positiva e atingiu os 0,237% esta quarta-feira, aumentando as prestações da casa dos portugueses.
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Euribor a subir
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A rota ascende das taxas Euribor está traçada, terminando com a era dos empréstimos da casa mais baratos de sempre. As taxas de referência europeias mudaram o rumo da sua trajetória logo no início do ano, depois do Banco Central Europeu (BCE) colocar em cima da mesa a subida da taxa de juro diretora para travar a inflação entretanto agravada pela guerra na Ucrânia. Agora confirmada a subida das taxas de juro para julho em 25 pontos base, as taxas Euribor estão a subir ainda mais. E a Euribor a 12 meses atingiu esta quarta-feira, dia 15 de maio de 2022, os 1,067%, o valor mais elevado desde 11 de julho de 2012.

Não há boas notícias para quem tem créditos habitação de taxa variável e, portanto, indexados às taxas Euribor. A Euribor a 12 meses - que tem sido a mais utilizada nos novos contratos de empréstimos da casa em Portugal - está positiva desde abril deste ano, depois de seis anos em terrenos negativos, e em maio atingiu a média de 0,287%, alcançando níveis máximos desde outubro de 2012. E as subidas diárias desta taxa fazem antever que a média de junho será ainda maior: esta quarta-feira, dia 15 de maio, passou a barreira dos 1% atingindo os 1,067%, mais 0,110 pontos do que na terça-feira. E este é mesmo o maior valor registado nos últimos 10 anos.

Já a taxa Euribor no prazo dos 6 meses - a mais utilizada em Portugal na totalidade dos empréstimos à habitação - entrou em terreno positivo a 6 de junho, depois de ter estado negativa durante seis anos e sete meses (desde novembro de 2015). E também continua a seguir a sua rota ascendente, fixando-se nos 0,237% esta quarta-feira, mais 0,062 pontos que no dia anterior.

A única taxa que ainda está negativa é mesmo a Euribor a 3 meses. Mas também continua a subir embora a menor ritmo: esta quarta-feira, no prazo de três meses, a Euribor subiu para -0,182% esta quarta-feira, uma evolução de +0,061 pontos em apenas um dia.

Porque sobem a pique as taxas Euribor?

A evolução das taxas Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras do BCE. Acontece que, embora a subida ainda não tenha sido consumada, o regulador europeu já havia colocado em cima da mesa uma possível subida dos juros no início do ano, mexendo diretamente com as flutuações deste mercado em sentido ascendente.

Será em julho que o BCE vai avançar com aquela que será a primeira subida da taxa de juro diretora em 11 anos, depois de terminar as compras de ativos líquidos - ao que tudo indica este aumento será de 25 pontos base. E Christine Lagarde, presidente do BCE, disse ainda que a Zona Euro sairá das taxas de juro negativas até ao final do terceiro trimestre, ou seja, em setembro. Olhando para o final do ano, vários especialistas apontam para taxas entre 1% e 1,5%.

Subida da prestação da casa
Christine Lagarde, presidente do BCE flickr_commons

Esta decisão foi tomada para travar a subida generalizada da inflação na Zona Euro que atingiu os 8,1% em maio (mais 0,7 pontos percentuais que em abril). Em Portugal, a inflação subiu para os 8,0% em maio, o valor mais elevado desde 1993, confirmou o Instituto Nacional de Estatística. Mas a subida anunciada da taxa de juro diretora está a agitar todos os mercados. O mercado de dívida está em tensão tal que o BCE convocou uma reunião de emergência do Conselho de Governadores e prometeu, esta quarta-feira, aplicar alguma “flexibilidade" na sua política monetária para acalmar este mercado.

Quem está a pagar um crédito habitação de taxa variável ou quer contratar um também está atento a estas mudanças. Isto porque estas subidas das taxas Euribor vão acabar por se refletir nas prestações da casa a pagar aos bancos, agravando-as em várias dezenas de euros na hora da revisão a 3, 6 ou 12 meses.

É por isso que os bancos e outros especialistas aconselham as famílias portuguesas, - sobretudo as mais vulneráveis a estas flutuações da Euribor - a olharem para a taxa de juro fixa, porque neste caso, a prestação da casa calculada hoje não se irá alterar ao longo do contrato, trazendo estabilidade ao orçamento familiar.

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