Miguel Maya frisa que só deve fixar a prestação da casa quem está em dificuldades. BdP confirma que custo total do crédito sobe.
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Fixação da prestação da casa
Miguel Maya, presidente do BCP Getty images

Há cada vez mais famílias com dificuldades em pagar as prestações da casa, devido à forte subida dos juros nos créditos habitação a taxa variável, que representam a maioria dos contratos em Portugal. E isso é bem visível na procura pelos apoios: só o banco BCP já fez 16 mil renegociações de contratos de crédito habitação até setembro e tem 2.400 contratos a beneficiar da bonificação dos juros. Quanto à fixação da prestação da casa, que vai entrar em vigor esta quinta-feira (dia 2 de novembro), Miguel Maya acredita que esta medida é "positiva", porque também alivia o esforço das famílias com dificuldades em pagar os empréstimos.

No que diz respeito ao novo apoio que permite fixar as prestações da casa durante dois anos, o presidente do BCP considera que este vai "ajudar as pessoas que têm menor disponibilidade no momento atual a terem uma folga financeira que é relevante. (…) Para todas pessoas que têm dificuldades é uma medida que ajuda a superar este momento”, afirmou Miguel Maya na apresentação dos resultados até setembro.

O gestor do BCP disse que quem não precisa deste alívio imediato na prestação da casa deve “seguir com o seu plano normal [de amortização do crédito], como é óbvio”. Mas que para quem precisa é uma medida positiva, "desenhada de forma muito inteligente" e bem concebida pelo Governo, sendo "contributo muito relevante para dar uma maior previsibilidade às famílias", acrescentou citado pela Lusa.

Já questionado sobre as declarações do presidente executivo do BPI que disse que quem aderir a este regime paga no final mais pelo crédito (uma vez que os juros não pagos capitalizam), Miguel Maya não respondeu diretamente, afirmando apenas que o valor em dívida não aumenta. Mas o Banco de Portugal (BdP) já veio confirmar que quem fixar a prestação vai pagar mais no final do contrato de crédito habitação.

O que sublinha o presidente do BCP é que só quem está em dificuldades em pagar as prestações da casa é que deve aderir à medida. "Recomendo vivamente, acho que isto é uma medida que apoia as pessoas", disse, acrescentando, por isso, que a recomendação que faz aos clientes do banco é que usem a medida, precisando, e que se os clientes de outros bancos "o quiserem vir fazer no Millennium BCP também serão recebidos de porta aberta".

Apoios ao crédito habitação
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BCP já fez 16 mil renegociações de crédito habitação até setembro 

Além da fixação da prestação que entra em vigor na quinta-feira, os mutuários com dificuldades em pagar as despesas com o crédito habitação têm outros apoios disponíveis, como é o caso da novas regras para renegociar os empréstimos, da bonificação dos juros e ainda a suspensão da comissão de amortização antecipada. E todos estão a ter adesão por parte das famílias, segundo as contas do BCP.

Em concreto, só o banco BCP já fez 16 mil renegociações de contratos de crédito habitação até setembro, a maior parte por iniciativa do próprio banco, mas também ao abrigo do decreto-lei do Governo. O que importa é que o cliente tenha visto a sua capacidade financeira reforçada para fazer face aos seus empréstimos, afirmou Miguel Maya, que não quis divulgar o valor total dos créditos renegociados.

Adiantou, ainda assim, que desde o início da subida das taxas de juro - o BCE começou a subir as taxas de juro diretoras em julho de 2022 - o BCP diz que já renegociou 20 mil contratos de crédito habitação.

“Um conjunto relevante de famílias utilizaram esta poupança [PPR] para fazer face aos encargos com o crédito habitação e o banco respondeu diligentemente”, disse Miguel Maya.

Quanto à bonificação de juros (o Estado paga parte dos juros do crédito habitação de clientes em dificuldades, sob determinadas condições), Miguel Maya disse que o BCP tem 2.400 contratos de crédito com bonificações e que, em média, a bonificação é de 32 euros mensais.

O presidente executivo do BCP referiu ainda que até agora cerca de dois mil clientes usaram PPR para amortizar capital em dívida nos créditos à habitação e que um número relativamente igual usou este produto de poupança para pagar as prestações do crédito, sem revelar o valor envolvido.

Com a subida dos juros, os bancos também estão a ver os lucros subir - e muito. Em concreto, o BCP teve lucros de 650,7 milhões de euros entre janeiro e setembro, mais de sete vezes os 89,8 milhões de euros registados no mesmo período de 2022, segundo divulgou a instituição bancária.

*Com Lusa

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